Mundo

Biden celebra fim do período Trump: ‘Os EUA estão avançando de novo’

Na véspera do dia em que completará os primeiros e simbólicos 100 dias de mandato, Biden descreveu que recebeu um país em crise

Foto: JIM WATSON / POOL / AFP
Apoie Siga-nos no

O presidente Joe Biden comemorou na quarta-feira 28, em seu primeiro discurso ao Congresso, os avanços na luta contra a crise sem precedentes provocada pela pandemia, em uma mensagem para defender seu enorme plano de gastos para apoiar a classe média e os trabalhadores “esquecidos”, ao pedir que os mais ricos paguem uma taxa de imposto “justa”.

Na véspera do dia em que completará os primeiros e simbólicos 100 dias de mandato, Biden descreveu que recebeu um país em “crise”, afetado pela pior pandemia da história e pela crise econômica mais grave desde a Grade Depressão, mas também pelo trauma do ataque ao Capitólio de 6 de janeiro organizado por partidários do então presidente Donald Trump.

Mas sua primeira mensagem aos congressistas foi de otimismo e ele celebrou o sucesso da grande campanha de vacinação, assim como falou de maneira mais detalhada sobre sua ambiciosa agenda econômica para ajudar a classe média e aumentar os impostos para os mais ricos.

“Agora, depois de apenas 100 dias, posso relatar ao país, os Estados Unidos estão avançando novamente”, declarou o democrata.

Biden afirmou que o plano de vacinação conseguiu que mais da metade da população adulta do país tenha recebido pelo menos uma dose do imunizante e fazer com que as mortes por covid-19 diminuíssem em 80% desde janeiro.

“Graças a vocês, o povo americano, nosso progresso nesses 100 dias contra uma das piores pandemias da história é um dos maiores feitos logísticos que nosso país já realizou”, afirmou.

Biden recebeu aplausos ao entrar na Câmara, uma saudação longe da ovação que costuma acompanhar os líderes nesta cerimônia, muito diminuída neste ano pelas restrições da pandemia.

O presidente esteve acompanhado durante o discurso de sua vice-presidente, Kamala Harris, da líder da maioria democrata na Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, dois cargos nunca ocupados por mulheres simultaneamente, um feito que Biden elogiou.

“Já era hora”, afirmou.

“Pagar sua parte justa”

O principal pilar do tradicional discurso do presidente foi o projeto para as “famílias americanas”, que contém um “investimento histórico” em educação e na infância.

O plano, que já despertou a ira dos republicanos, é ambicioso: prevê investimentos de um trilhão de dólares, principalmente em educação, e desoneração de 800 bilhões de impostos para a classe média.

Esse plano visa a geração de “milhões de empregos” e, de acordo com Biden, 90% das vagas em infraestrutura são voltados para pessoas sem curso superior.

“Sei que alguns de vocês em casa se perguntam se esses empregos são para vocês, se sentem deixados para trás e esquecidos em uma economia em rápida mudança”, disse Biden.

Para financiá-lo, o democrata propôs o cancelamento dos cortes de impostos para os mais ricos aprovados no governo Donald Trump e aumentar os impostos sobre a renda do capital de 0,3% dos americanos que acumulam mais riquezas.

As empresas e os mais ricos devem pagar “sua parte justa”.

E tudo por uma promessa: nenhum americano que ganhe menos de 400.000 por ano verá seus impostos aumentarem, disse um membro do governo que pediu para não ser identificado.

O discurso marca o início de um debate acirrado no Congresso, pois apesar de seu plano de alívio de 1,9 trilhão de dólares para uma economia muito abalada pela pandemia ter sido aprovado, o debate sobre seu gigantesco plano de infraestruturas e a reforma da educação gera mais divisões.

Uma visão “socialista”

O plano vai exigir a aprovação de um Congresso muito dividido, com uma leve maioria democrata, mas que não garante a tramitação dos projetos.

O senador republicano Ted Cruz criticou que o presidente tenha apresentado uma visão “socialista” e resumiu o discurso como “chato mas radical”.

Em seu discurso, Biden também abordou outro tema de potencial conflito, ao pedir aos congressistas que aprovem este ano uma lei migratória que conceda proteção aos jovens sem documentos que chagam ao país menores de idades, conhecidos como “dreamers” (sonhadores).

“Vamos terminar com esta guerra cansativa sobra a imigração (…) Agora é hora de acertar”, afirmou o democrata, que tenta estabelecer uma diferença em relação à dura política adotada pelo antecessor.

Os discursos presidenciais no Capitólio são marcados pela pompa e solenidade, uma tradição muito importante na política americana, mas este ano o evento de pouco mais de uma hora aconteceu em um ambiente particular, devido à pandemia.

Ao invés das 1.600 pessoas que normalmente acompanham o discurso, a capacidade foi limitada a 200, o que deixou de fora alguns integrantes do gabinete. E os congressistas receberam o pedido para apresentar uma lista de convidados, mas “virtual”.

Na frente diplomática, Biden reafirmou uma postura firme a respeito da China e da Rússia, mas destacou que está disposto ao diálogo.

Com a China, ele disse que seu país “celebra a concorrência e que não busca o conflito”, mas indicou que os Estados Unidos estão prontos para defender seus interesses em todos os “âmbitos”.

Sobre a Rússia, Biden afirmou que deixou claro ao presidente Vladimir Putin que não busca uma escalada, mas recordo que “suas ações têm consequência”.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.