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Alemanha se mantém contrária à vacina da Oxford em maiores de 65 anos

Especialistas alemães dizem que não há dados suficientes sobre sua ação em seu sistema imunológico

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Os especialistas do país, que têm priorizado a imunização dos idosos em sua campanha de vacinação, questionam o uso do produto em pacientes mais velhos e dizem que não há dados suficientes sobre sua ação em seu sistema imunológico.

“Teremos que revisar o calendário de vacinação” por causa das “limitações de idade em relação à vacina da Oxford/AstraZeneca”, afirmou o ministro da Saúde alemão, Jens Spahn, durante uma conversa com profissionais da saúde, no sábado 30.

Na sexta-feira 29, as autoridades sanitárias alemãs reiteraram a recomendação de não autorizar o uso da vacina da Oxford/AstraZeneca para pessoas a partir de 65 anos. Os especialistas alemães consideram que “não há dados suficientes para se pronunciar sobre a eficácia” do imunizante em pessoas idosas, que é de cerca de 70% nos mais jovens.

A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) aprovou na sexta-feira o uso desta vacina em maiores de 18 anos e sem limite de idade na União Europeia (UE), mas o ministro alemão reiterou que aplicará a decisão dos especialistas do país. O produto poderá ser usado prioritariamente em pessoas mais jovens ou em profissionais da saúde, acrescentou. O país deve emitir a autorização oficial no início da próxima semana.

A vacina, desenvolvida pela AstraZeneca e pela Universidade de Oxford, é a terceira aprovada pela EMA, depois das da Pfizer/BioNTech, em 21 de dezembro, e da Moderna, em 6 de janeiro. Apesar dos atrasos registrados nas entregas do produto, Jens Spahn afirmou neste sábado que esperava receber “5 milhões de doses adicionais antes de 22 de fevereiro”, contando todas as vacinas.

De acordo com o Instituto de Vigilância Sanitária Robert Koch, até a última sexta-feira, apenas 2,2% da população alemã (1.855.457 pessoas) haviam recebido pelo menos uma dose da vacina contra a Covid-19.

A vacina usa um vetor viral geneticamente modificado, conhecido como adenovírus. Trata-se de um vírus de resfriado retirado de um chimpanzé, enfraquecido, que carrega o material genético da proteína Spike, que o coronavírus utiliza para entrar nas células, estimulando a formação de anticorpos no organismo. O produto é mais fácil de ser transportado, porque pode ser conservado entre 2 e 8 graus, facilitando sua utilização em grande escala.

Vacina da Pfizer é aplicada em hospital na Alemanha. Foto: Ina FASSBENDER/AFP

Dados limitados

Recentemente, o jornal Bild Zeitung e o econômico Handelsblatt colocaram em dúvida a eficácia da vacina para pessoas mais velhas. Os dois veículos afirmaram que apenas 8% das pessoas com mais de 65 anos estavam protegidas contra o SARS-Cov-2 depois de receber uma dose.

O laboratório AstraZeneca e o governo alemão desmentiram a informação, dizendo que os jornais tinham “confundido” diversos dados diferentes dos estudos realizados com os imunizantes. Esses 8%, na verdade, representavam a quantidade de voluntários dessa faixa etária que participaram da fase 2 de testes.

O diretor-geral do grupo, Pascal Soriot, reconheceu entretanto que havia uma quantidade limitada de dados para a população a partir de 65 anos e que era “possível” que alguns países preferissem não administrar a vacina nessas pessoas. O grupo sueco-britânico indicou, entretanto, que as últimas análises mostram que o imunizante funciona nessa faixa etária.

No Brasil, a Anvisa já recebeu o pedido para registro definitivo da vacina, que também será fabricada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O objetivo é produzir cerca de 50 milhões de doses até abril. Como o uso emergencial do imunizante foi autorizado, a vacina já começou a ser administrada no país no dia 23 de janeiro, sem limite de idade.

Processo

O governo alemão ameaçou levar à justiça os laboratórios que não “respeitarem suas obrigações” de entrega de vacinas contra a Covid-19 na União Europeia. “Se há empresas que não respeitam suas obrigações, teremos que decidir sobre consequências judiciais”, ameaçou o ministro da Economia alemão, Peter Altmaier, em entrevista ao jornal alemão “Die Welt”. “Nenhuma empresa pode favorecer outro país em detrimento da UE”, acrescentou.

Nas últimas semanas, a tensão cresceu entre os dirigentes europeus e a AstraZeneca por conta dos atrasos do laboratório britânico nas entregas de sua vacina contra a Covid-19. O grupo explicou que só poderia entregar “a quarta parte” das doses inicialmente prometidas à UE no primeiro trimestre do ano, alegando uma “queda de rendimento” em uma fábrica europeia.

*Com informações da RFI

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