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Agência Europeia diz que não há provas contra vacina da AstraZeneca

A OMS aconselha que o imunizante continue sendo administrado; ‘não queremos que as pessoas entrem em pânico’, afirmou a cientista-chefe

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
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A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) afirmou na terça-feira que não há provas de efeitos negativos da vacina contra a Covid-19 AstraZeneca, e segue convencida dos benefícios da mesma, no momento em que a OMS discute a questão, após a suspensão do imunizante decretada por vários países da Europa, onde o número de mortos pela doença supera 900 mil.

“Continuamos firmemente convencidos de que os benefícios da vacina AstraZeneca contra a Covid-19 superam os riscos envolvendo esses efeitos colaterais”, declarou Emer Cooke, diretora executiva do regulador europeu, com sede na Holanda. Quinze países, incluindo Alemanha, Espanha, França e Itália, suspenderam preventivamente o uso da vacina AstraZeneca, depois que problemas sanguíneos foram relatados em pessoas vacinadas, como dificuldade de coagulação.

“Até o momento, não há provas de que a vacinação tenha causado essas afecções. Não apareceram nos testes clínicos e não contam como efeitos colaterais conhecidos, ou esperados”, disse Emer, acrescentando que a EMA leva a situação “muito a sério”. Ao ser questionada sobre as vacinas da Pfizer/BioNTech e da Moderna, ela afirmou que estão sendo analisados os efeitos adversos graves em “todas as vacinas”.

O presidente francês, Emmanuel Macron, e o premier da Itália, Mario Draghi, consideraram animadoras as declarações da EMA, segundo comunicado divulgado pelo chefe do Executivo italiano.

‘Sem vínculo’

A OMS, que não se pronunciou, mas avalia nesta semana a situação, aconselha que a vacina continue sendo administrada. “Não queremos que as pessoas entrem em pânico e, por enquanto, recomendamos que os países continuem a vacinar com a AstraZeneca”, disse a cientista-chefe da OMS, Soumya Swaminathan

No Reino Unido, que já aplicou a primeira dose (da AstraZeneca ou Pfizer/BioNTech) em quase 24,5 milhões de pessoas, o primeiro-ministro, Boris Johnson, reafirmou que a vacina desenvolvida pela AstraZeneca com cientistas da Universidade de Oxford era “segura” e “extremamente” eficaz.

Além das dúvidas a respeito dos efeitos colaterais do fármaco, somam-se os problemas de fornecimento do laboratório para a União Europeia e o bloco “não descarta” apresentar um recurso judicial contra o grupo farmacêutico, indicou nesta terça-feira o secretário de Estado francês de Assuntos Europeus, Clément Beaune.

Paralelamente, a Comissão Europeia anunciou um acordo com os laboratórios Pfizer e BioNTech para acelerar a entrega de 10 milhões de doses da sua vacina contra a Covid para os países do bloco.

Em outras regiões do mundo, vários países também interromperam a aplicação da vacina AstraZeneca. Na América Latina, o governo da Venezuela anunciou que não permitirá seu uso, “em razão das situações, complicações, apresentadas”, segundo as palavras da vice-presidente Delcy Rodríguez.

A Indonésia, quarto país mais populoso do mundo, também anunciou o adiamento da campanha com o imunizante da AstraZeneca. Mas em outra nação do Sudeste Asiático, a Tailândia, onde o uso também estava suspenso, nesta terça-feira a vacina começou a ser aplicada. O primeiro-ministro, Prayut Chan-O-Cha recebeu a primeira dose.

100 milhões de vacinas Pfizer/BioNTech para o Brasil

No Brasil, segundo país mais afetado pelo vírus, com quase 280.000 mortes, o governo espera acelerar a campanha de vacinação, muito lenta atualmente, com a compra de 100 milhões de doses do fármaco da Pfizer/BioNTech, que serão entregues até setembro.

As polêmicas prosseguem no governo de Jair Bolsonaro, que anunciou o cardiologista Marcelo Queiroga como ministro da Saúde, o quarto a ocupar o cargo em menos de um ano, para substituir o general Eduardo Pazuello.

A segunda onda da pandemia está em plena ascensão no Brasil, com uma média semanal de mais de 1.800 mortos por dia (contra 703 no começo do ano), um crescimento potencializado por uma nova cepa do coronavírus, pelo menos duas vezes mais contagiosa.

O Chile, por sua vez, voltou a impor uma quarentena em nove municípios de Santiago, depois de registrar pelo quinto dia consecutivo mais de 5.000 novas infecções, no momento em que o país supera 5 milhões de pessoas vacinadas.

Em todo o mundo, a Covid-19 já matou mais de 2,6 milhões de pessoas e infectou mais de 122 milhões. Na Europa, continente mais afetado pela pandemia e que nesta terça-feira superou a marca de 900.000 óbitos, o aumento de contágios obrigou a imposição de novas restrições. Reino Unido, Itália e Rússia são os países com maior número de mortos.

Na França, autoridades sanitárias anunciaram a detecção de uma nova variante na região da Bretanha (oeste), mas descartaram que a mesma seja mais grave ou contagiosa do que a variante original.

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