Midiático
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A diferença entre o Brasil e a Islândia
Perguntado sobre offshore, primeiro-ministro não consegue se explicar diante das câmeras e renuncia ao cargo
Quem sabe um dia chegaremos ao ponto de assistir no Brasil a um episódio como este. O primeiro-ministro da Islândia aparece nos chamados Panama Papers, sócio com a esposa de uma offshore no paraíso fiscal da América Central, não consegue se explicar diante das câmeras de tevê, faz esse papelão e horas depois, envergonhado diante da repercussão da entrevista e da revelação do “escândalo”, enfrenta protestos massivos em frente ao Parlamento islandês.
Nesta terça-feira 5, Sigmundur David Gunnlaugsson renunciou ao cargo.
Enquanto isso, no Brasil, Eduardo Cunha, dono de contas secretas na Suíça recheados com ao menos 5 milhões de dólares, não só manobra para impedir o julgamento de seu caso no Conselho de Ética da Câmara como dita o ritmo do processo de impeachment de Dilma Rousseff, contra quem não há nenhuma prova de crime de responsabilidade ou outros malfeitos.
Assista ao vídeo publicado pelo jornal inglês The Guardian.
The moment Iceland’s prime minister walked out of an interview because of a tax haven question #panamapapershttps://t.co/FfWj8jiQec
— The Guardian (@guardian) 4 de abril de 2016
Em seu perfil no Facebook, Gunnlaugsson havia dito que dissolveria o Parlamento e convocaria novas eleições “assim que possível” caso perdesse o apoio dos membros da coalizão governista.
O presidente da Islândia, Olafur Ragnar Grimsson, rejeitou o pedido do primeiro-ministro, afirmando que iria consultar os líderes partidários antes de concordar em pôr fim ao governo de coalizão entre o Partido Progressista, de Gunnlaugsson, e o Partido da Independência.
As revelações que envolvem Gunnlaugsson se referem à empresa Wintris, supostamente estabelecida em 2007 nas Ilhas Virgens Britânicas pelo premiê e sua mulher, Anna Sigurlaug Palsdottir, por meio da firma panamenha.
Gunnlaugsson teria vendido sua parte da Wintris à Palsdottir, pelo valor de 1 dólar, no dia 31 dezembro de 2009, um dia antes da entrada em vigor de uma lei que o obrigaria a declarar a propriedade da empresa.
Durante a crise financeira de 2008, que abalou fortemente a Islândia, a Wintris sofreu fortes abalos financeiros e exigiu compensações em um total de 4,2 milhões de dólares de três bancos islandeses, agora falidos.
Gunnlaugsson é acusado por líderes da oposição de conflito de interesses por não divulgar sua participação na Wintris, que detinha ações dos três bancos falidos, cuja supervisão era responsabilidade do governo. O político nega as acusações.
*Com informações da Deutsche Welle
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