3ª Turma

“Estado de Proibição”: a vida das mães sob a Guerra às Drogas

Documentário reune relatos de mães que desafiam a lei para cultivar maconha para o tratamento de seus filhos

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Idealizado pelo Núcleo de Cannabis da Plataforma Brasileira de Política de Drogas, o curta metragem “Estado de Proibição”, reúne relatos de mães que desafiam a lei para cultivar maconha para o tratamento de seus filhos e, na outra ponta, mães que perderam seus filhos na guerra às drogas.  

A Anvisa liberou em 2015 a importação de medicamentos à base de Canabidiol (CBD) para uso em tratamentos de saúde, para isso o paciente deve se cadastrar na agência, apresentar a prescrição e o laudo médico. Ainda assim, “os custos são extremamente caros e o procedimento demora meses, tanto o processo de liberação, como a chegada do medicamento. Então muitas vezes as famílias recorrem à redes clandestinas para tratarem seus filhos“, explica Harumi Visconti, coordenadora de comunicação da Plataforma Brasileira de Políticas de Drogas.

Cidinha Carvalho é uma das mães entrevistadas no curta, sua filha Clárian possui síndrome de Dravet e desde que iniciou o tratamento com óleo de Canabidiol, há 4 anos, nunca mais sofreu ataques epiléticos. “A proibição afeta todos, gera violência, gera morte e falta de informação. Se eu soubesse dos efeitos fitoterápicos da maconha há 14 anos, eu poderia ter livrado minha filha das sequelas que ela tem hoje“, conta Cidinha.

Intercalando com os relatos das mães que precisam da maconha para o tratamento dos filhos, estão as mães que perderam os filhos pela violência associada à proibição das drogas, como Monica Cunha, “essa política está errada, está matando todo mundo. O PM entra na favela para matar o irmão dele e acaba morrendo também, o Estado mata os dois. […] Essa é guerra às drogas nada mais é do que o genocídio da população negra”.

O objetivo do curta foi também de dialogar tanto com o campo do uso terapêutico, como do recreativo, “a proibição afeta os dois lados, com intensidades diferentes, é claro. Mas é ela que gera a falta de acesso à tratamentos médicos específicos, como também justifica e guia uma narrativa que permite ao Estado executar determinadas pessoas e criminalizar determinados territórios”, explica Harumi.

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