Justiça

Bolsonaro fez muito pouco pelo combate à corrupção, diz chefe da Lava Jato no Rio

Eduardo El Hage diz que houve um enfraquecimento da Lava Jato e que a ida de Sérgio Moro para o governo prejudicou a imagem da operação

Procurador Eduardo El Hage Foto: Claunir Tavares / PGE-RJ
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O procurador Eduardo El Hage, coordenador da Operação Lava Jato no Rio de Janeiro, afirmou que o presidente Jair Bolsonaro fez muito pouco pelo combate à corrupção em seu quase um ano de mandato.

“O próprio presidente Bolsonaro, que foi eleito com uma bandeira de combate à corrupção e à impunidade, muito pouco fez nesse primeiro ano de governo nessa pauta. Ele poderia estar fazendo movimentações no Congresso pela prisão [após condenação] em segunda instância”, afirmou em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo publicada nesta segunda-feira 18.

O procurador foi questionado sobre o enfraquecimento da Operação Lava Jato. Além do governo, El Hage também culpou a lei do abuso de autoridade aprovada pelo Congresso, a decisão que redefiniu a ordem das alegações finais, a suspensão das investigações que tinham por base relatórios do Coaf [atual Unidade de Inteligência Financeira], o envio de crimes de corrupção para a Justiça Eleitoral e a decisão que impediu o cumprimento da pena em segunda instância pela perda de força da Lava Jato.

 

“Não estou perto desse ambiente de Brasília. Mas esperava que ele (Sérgio Moro) tivesse mais poder e força política para implementar as medidas que ele estava propondo”, disse o procurador.

Falando no ministro da Justiça, El Hage evitou comentar sobre os vazamento das conversas entre Moro e integrantes do MPF de Curitiba, mas disse acreditar que a ida do ex-juiz da Lava Jato para o governo de Bolsonaro foi prejudicial para a imagem da operação.

“Foi uma escolha legítima, lícita. Ele [Moro] é totalmente livre para fazer essa escolha, mas acabou associando a imagem da operação com o governo Bolsonaro, que não tem nada a ver. Principalmente aqui no Rio, porque Moro nem sequer era juiz aqui”, ressaltou.

Na avaliação do coordenador da força-tarefa no Rio, o STF não vem desempenhando um papel moderador. “Como falar de um poder moderador que, de um lado, emite sinais muito violadores de garantias fundamentais e, de outro, se pinta como tribunal garantista?”, questionou.

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