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Sem acordo, Irã e potências vão retomar diálogo em junho

Teerã desejava redução das sanções contra seus bancos e indústrias, garantia que as potências se recusaram a dar

Catherine Ashton durante entrevista coletiva em Bagdá. Potências não aceitaram reduzir sanções. Foto: Ali al-Saadi / AFP
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Depois de dois dias de negociações em Bagdá, capital do Iraque, o grupo das maiores potências mundiais e o Irã não conseguiram chegar a um acordo sobre o futuro do programa nuclear iraniano, considerado uma ameaça pelo Ocidente. As duas partes concordaram, ao menos, em realizar uma nova rodada de diálogos, nos dias 18 e 19 de junho, em Moscou, na Rússia. Se a decisão não serve para colocar fim às tensões existentes principalmente entre os Estados Unidos e o Irã, ela dá mais tempo para que os negociadores de ambos os lados busquem alternativas com seus governos. Outro aspecto positivo é o otimismo protocolar expresso pelas duas partes após dois dias de tensão que quase acabaram com um novo rompimento.

A chefe da diplomacia da União Europeia, Catherine Ashton, que representou Alemanha, China, França, Estados Unidos, Reino Unido e Rússia, afirmou que o diálogo se concentrou no enriquecimento de urânio por parte do Irã. Hoje, o Irã é capaz de enriquecer o combustível nuclear até 20% de pureza. A margem é inferior aos 90% necessários para fabricar uma bomba nuclear, mas o fato de ter chegado até ela indica que o Irã tem capacidade técnica para avançar. É isso o que mais preocupa a comunidade internacional e, particularmente, os Estados Unidos, cujos maiores aliados no Oriente Médio, Israel e Arábia Saudita, se sentem ameaçados pelo Irã. Segundo Catherine Ashton, o Irã se mostrou disposto a lidar com o tema, mas ainda há “diferenças significativas” entre as duas partes.

As diferenças se concentram sobre as diversas sanções impostas ao Irã por conta de seu programa nuclear. Essas sanções, aplicadas pela ONU, pela União Europeia e pelos Estados Unidos, atingiram duramente o sistema bancário e a exportação de petróleo do Irã. O objetivo de Teerã no diálogo em Bagdá era conseguir que essas sanções fossem aliviadas ou retiradas em troca de concessões por parte do Irã. As potências, entretanto, não se mostraram dispostas a fazer isso. De acordo com reportagem da Associated Press, essa divergência gerou tal frustração nos iranianos que muitas vezes eles pareceram perto de abandonar o diálogo.

A resistência das potências é motivada pela desconfiança direcionada ao Irã. Outras vezes, o governo iraniano assinou compromissos e não conseguiu mantê-los, por pressões políticas internas ou estratégia. Essa impressão ficou clara nas palavras do ministro do Exterior do Reino Unido, William Hague. “A clara e unificada conclusão [das potências] é que passos urgentes e concretos precisam ser tomados pelo Irã para permitir o progresso [das negociações]”, disse Hague em comunicado. “Se o Irã falhar em responder de forma séria, eles não devem ter dúvidas de que vamos intensificar a pressão das sanções, incluindo o embargo do petróleo”, afirmou.

O Irã, por sua vez, considera insuficientes os incentivos das potências para que passe a enriquecer urânio a apenas 3,5%, o nível necessário para abastecer um reator nuclear gerador de energia elétrica. Entre os incentivos estão o envio de isópotos para pesquisas médicas, cooperação para pesquisas e até mesmo o envio de partes de aviões civis que faltam ao Irã. O Irã se aferra ao princípio do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP) segundo o qual todos os países podem enriquecer urânio com fins pacíficos. “Nossa resposta [à proposta das potências] é apenas uma: respeito pelos direitos legais dos membros da Agência Internacional de Energia Atômica e do NPT”, disse à agência iraniana Fars o principal negociador iraniano, Said Jalili. Os iranianos foram incapazes, até aqui, de provar suas intenções pacíficas. O Irã diz desejar enriquecer o urânio para utilizar na geração de energia elétrica e em pesquisas médicas, mas as potências acreditam que Teerã quer um arsenal nuclear.

Romper este impasse continua sendo o desafio dos diplomatas. As potências temem ser enganadas pelo Irã, enquanto o Irã teme ter seus direitos e soberania violados. Se a diplomacia não tiver sucesso, novas sanções serão aplicadas e, no limite, a força. Resta saber se haverá vontade política, em Teerã, Washington, Londres e outras capitais importantes, para evitar este desfecho.

Depois de dois dias de negociações em Bagdá, capital do Iraque, o grupo das maiores potências mundiais e o Irã não conseguiram chegar a um acordo sobre o futuro do programa nuclear iraniano, considerado uma ameaça pelo Ocidente. As duas partes concordaram, ao menos, em realizar uma nova rodada de diálogos, nos dias 18 e 19 de junho, em Moscou, na Rússia. Se a decisão não serve para colocar fim às tensões existentes principalmente entre os Estados Unidos e o Irã, ela dá mais tempo para que os negociadores de ambos os lados busquem alternativas com seus governos. Outro aspecto positivo é o otimismo protocolar expresso pelas duas partes após dois dias de tensão que quase acabaram com um novo rompimento.

A chefe da diplomacia da União Europeia, Catherine Ashton, que representou Alemanha, China, França, Estados Unidos, Reino Unido e Rússia, afirmou que o diálogo se concentrou no enriquecimento de urânio por parte do Irã. Hoje, o Irã é capaz de enriquecer o combustível nuclear até 20% de pureza. A margem é inferior aos 90% necessários para fabricar uma bomba nuclear, mas o fato de ter chegado até ela indica que o Irã tem capacidade técnica para avançar. É isso o que mais preocupa a comunidade internacional e, particularmente, os Estados Unidos, cujos maiores aliados no Oriente Médio, Israel e Arábia Saudita, se sentem ameaçados pelo Irã. Segundo Catherine Ashton, o Irã se mostrou disposto a lidar com o tema, mas ainda há “diferenças significativas” entre as duas partes.

As diferenças se concentram sobre as diversas sanções impostas ao Irã por conta de seu programa nuclear. Essas sanções, aplicadas pela ONU, pela União Europeia e pelos Estados Unidos, atingiram duramente o sistema bancário e a exportação de petróleo do Irã. O objetivo de Teerã no diálogo em Bagdá era conseguir que essas sanções fossem aliviadas ou retiradas em troca de concessões por parte do Irã. As potências, entretanto, não se mostraram dispostas a fazer isso. De acordo com reportagem da Associated Press, essa divergência gerou tal frustração nos iranianos que muitas vezes eles pareceram perto de abandonar o diálogo.

A resistência das potências é motivada pela desconfiança direcionada ao Irã. Outras vezes, o governo iraniano assinou compromissos e não conseguiu mantê-los, por pressões políticas internas ou estratégia. Essa impressão ficou clara nas palavras do ministro do Exterior do Reino Unido, William Hague. “A clara e unificada conclusão [das potências] é que passos urgentes e concretos precisam ser tomados pelo Irã para permitir o progresso [das negociações]”, disse Hague em comunicado. “Se o Irã falhar em responder de forma séria, eles não devem ter dúvidas de que vamos intensificar a pressão das sanções, incluindo o embargo do petróleo”, afirmou.

O Irã, por sua vez, considera insuficientes os incentivos das potências para que passe a enriquecer urânio a apenas 3,5%, o nível necessário para abastecer um reator nuclear gerador de energia elétrica. Entre os incentivos estão o envio de isópotos para pesquisas médicas, cooperação para pesquisas e até mesmo o envio de partes de aviões civis que faltam ao Irã. O Irã se aferra ao princípio do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP) segundo o qual todos os países podem enriquecer urânio com fins pacíficos. “Nossa resposta [à proposta das potências] é apenas uma: respeito pelos direitos legais dos membros da Agência Internacional de Energia Atômica e do NPT”, disse à agência iraniana Fars o principal negociador iraniano, Said Jalili. Os iranianos foram incapazes, até aqui, de provar suas intenções pacíficas. O Irã diz desejar enriquecer o urânio para utilizar na geração de energia elétrica e em pesquisas médicas, mas as potências acreditam que Teerã quer um arsenal nuclear.

Romper este impasse continua sendo o desafio dos diplomatas. As potências temem ser enganadas pelo Irã, enquanto o Irã teme ter seus direitos e soberania violados. Se a diplomacia não tiver sucesso, novas sanções serão aplicadas e, no limite, a força. Resta saber se haverá vontade política, em Teerã, Washington, Londres e outras capitais importantes, para evitar este desfecho.

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