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Sean Penn: Um rebelde, nos filmes e na vida

Embora seu trabalho humanitário seja criticado por seus detratores, o ator tem uma longa história de se manifestar com paixão quando percebe injustiças

Na sequência de seus comentários feitos na Argentina quando visitou a presidenta Kirchner, houve um tom meio Parker/Stone nos ataques feitos a ele enquanto os suspeitos de sempre metiam a bota.
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Por Peter Beaumont

Em plena discussão que envolveu Sean Penn por causa de seus comentários sobre o colonialismo britânico “ridículo e arcaico” no caso das ilhas Falkland, as palavras colocadas na boca de Penn por Trey Parker e Matt Stone, em seu filme de animação Team America – Detonando o Mundo, inevitavelmente voltaram à tona carregadas de certa repercussão. “No ano passado eu fui ao Iraque”, Parker e Stone fizeram Penn declamar em seu ataque satírico às opiniões simplistas e egocêntricas dos atores ativistas de Hollywood. “Antes do aparecimento do Team America era um lugar feliz. Eles tinham campinas floridas, arco-íris no céu e rios de chocolate.”

Na sequência de seus comentários feitos na Argentina quando visitou a presidenta Kirchner, houve um tom meio Parker/Stone nos ataques feitos a ele     enquanto os suspeitos de sempre metiam a bota.

“Vaidoso e mal informado”, bufou o diário Daily Mail. Por sua vez, o diário Daily Telegraph preferiu citar esse colosso da televisão-realidade, Ben Fogle, um homem não habitualmente notável por sua precisão como comentarista de política externa, que disse que Penn deveria ser atirado aos crocodilos (se Fogle acredita que há crocodilos no Atlântico sul ainda é um mistério).

Os tijolos atirados contra ele em alguns setores da imprensa britânica provavelmente só vão confirmar suas suspeitas, manifestadas antes, de que grande parte da mídia, com demasiada frequência, trabalha para sufocar pontos de vista alternativos, em vez de ampliar as opiniões discordantes.

Leia tambem:

Mas Penn atraiu mais censuras por ousar declarar suas opiniões políticas mais que qualquer ator desde Jane Fonda, como nas reportagens de suas viagens ao Iraque e ao Irã para o diário San Francisco Chronicle, e em seus anúncios pagos criticando o governo George W. Bush.

A realidade é que comparar Penn com o manequim que o representava é profundamente injusto com um ator e diretor que, diferentemente de alguns de seus colegas em Hollywood, demonstrou um verdadeiro comprometimento com um trabalho humanitário e de defensoria que, embora não tenha agradado a todos, não pode ser simplesmente descartado com um punhado de piadas maliciosas.

Depois do terremoto no Haiti, enquanto outras celebridades iam e vinham, incluindo Ben Stiller, Angelina Jolie e Susan Sarandon, Penn permaneceu, recusando o hotel Oloffson, onde a maioria se hospedou, e vivendo no acampamento que ele montou para os desabrigados. Os que o encontraram, como este autor, o consideraram acessível, genuíno, apaixonado, articulado e comprometido.

Embora seja verdade que algumas celebridades disseram bobagens em relação a suas convicções políticas, como muitas fazem, também é verdade que à direita, em particular, existe uma crença peculiar de que os artistas, considerados uma espécie de propriedade pública, não devem ter ideais nem, certamente, convicções de natureza progressista.

A atuação e a política estão no sangue de Penn. Seu pai, Leo, filho de russos judeus que emigraram para os Estados Unidos, foi um ator e diretor que apoiou os sindicatos de Hollywood e foi colocado na lista negra depois de se recusar a cooperar com o Comitê de Atividades Antiamericanas da Câmara dos Deputados. A influência de seu pai, um alcoólico, que ganhou a Cruz de Distinção em Voo como bombardeiro, foi enorme. “Meu pai foi o único homem que todos sabiam que não tinha inimigos. Ele era a coisa mais nobre”, ele lembrou em uma entrevista após a morte de Leo.

Embora sua infância pareça ter sido feliz, Penn descreveu sentimentos de distanciamento e de ser repelido, que o crítico John Lahr sugeriu que mais tarde influenciaram sua escolha de papéis de outsiders como Harvey Milk ou Samuel Bicke em O Assassinato de um Presidente.

Se houve uma diferença entre Penn e seu pai, como ele admitiu ingenuamente para Lahr para seu perfil na New Yorker, é que seu pai “amava as pessoas e a humanidade, [enquanto] eu sou bom em humanidade”, sugerindo uma certa misantropia.

E o interesse de Penn por política é antigo, vem da adolescência. Aos 11 anos ele colou uma frase de Thomas Jefferson na porta de seu quarto: “Nossos filhos nascem livres, e sua liberdade é um dom da natureza, e não dos que os trouxeram ao mundo”.

Mais tarde ele admitiu que ficou obcecado por Watergate, que inspirou um breve desejo de ser advogado, até que as más notas e o interesse crescente por filmes Super 8 que ele fazia com seu irmão Chris e amigos, incluindo Charlie Sheen, predominaram.

Na época, Penn tinha sido inspirado por uma nova onda de atores, principalmente Robert De Niro, a considerar a atuação, abandonando a faculdade para estudar interpretação e conquistar seu primeiro papel principal como um surfista em Picardias Estudantis [Fast Times at Ridgemont High], em que usou muito suas experiências como surfista em Malibu.

Os papéis que se seguiram marcariam um talento singular, tão disciplinado e trabalhador na tela quanto caótico na vida real, principalmente em suas altercações com os paparazzi, incluindo um em Macau que ele pendurou pelos tornozelos de uma janela no nono andar. Penn também passou um mês na prisão por agredir um fã. Seus relacionamentos — incluindo casamentos com Madonna e Robin Wright Penn — também não foram muito tranquilos.

Escrevendo em 2008, o veterano crítico de cinema Roger Ebert resumiu sua atração como ator. “Sean Penn me surpreende. Pouco antes de ver Milk, revi seu trabalho em Os Últimos Passos de um Homem [Dead Man Walking]. Poucos personagens poderiam ser mais diferentes, poucos poderiam parecer mais reais. Ele cria um personagem com infinita atenção para os detalhes, e com o coração.”

Mais recentemente, porém, Penn admitiu que embora ainda viva um “caso de amor” com o cinema, prefere dirigir, e completou uma série de filmes — Acerto Final, Na Natureza Selvagem e A Promessa — concebidos de maneira tão inteligente quanto seus papéis em filmes como Sobre Meninos e Lobos, pelo qual ganhou seu primeiro Oscar.

Neste momento, contudo, são suas opiniões políticas que o colocam sob os refletores novamente. E embora tenha sido fácil para alguns criticá-lo por sua amizade com figuras como o cada vez mais autocrático Hugo Chávez da Venezuela, quando Penn discute suas crenças é tão articulado quanto revoltado e curioso sobre o mundo.

Seu horror à guerra — e sua simpatia pelas vítimas, estrangeiras e americanas — parece profundo. “Eu nasci em 1960”, ele disse à CNN no outono passado, “por isso o principal programa de televisão que meus irmãos e eu víamos quando crianças era a guerra do Vietnã. Eu cresci em uma família que era contra a guerra”. Apesar disso, ele se sentiu desconfortável com um movimento contra a guerra “que chamou nossos soldados de matadores de bebês quando eles voltaram”, o que parece tê-lo desencorajado de se envolver com movimentos políticos mais organizados.

Apesar de ter sido criticado por suas visitas ao Iraque — antes e depois da invasão liderada pelos Estados Unidos em 2003 –, um exame revela uma posição mais matizada do que o julgamento de uma só palavra adotado pelos críticos: “traidor”.

Seu falecido irmão Chris certa vez chamou o idealismo de Penn de uma espécie de “inocência” que ele tinha em comum com o pai. Penn descreveu grande parte de sua paixão como falta de “tolerância” pelo modo como as questões, como a ajuda a Nova Orleans depois do furacão Katrina e ao Haiti, eram complicadas além do necessário.

De fato, foi exatamente por causa do Katrina que Penn se envolveu de forma mais prática, “revoltado” contra o avanço desastrosamente lento do resgate, que o fez liderar uma missão à cidade atingida. A experiência o levou diretamente a fundar a Organização de Socorro Haitiana J/P.

Sua irritação, ele admitiu, às vezes foi tóxica em defesa de sua privacidade, em sua raiva contra o mundo e em seus relacionamentos, o que o levou a se descrever em certo momento como “prejudicado”. Mas é exatamente essa sugestão de raiva que o torna um ator tão interessante de se ver e um defensor poderoso.

Embora possa ter-se atenuado um pouco com a idade, sua paixão continua intensa. “Ouça”, ele disse no ano passado quando lhe perguntaram como gostaria de ser lembrado. “Não quero ser lembrado como raivoso, mas pretendo continuar me irritando com algumas coisas.”

Se Penn tem alguma opinião sobre as críticas recentes a ele na mídia britânica, parece provável que ela se pareça com o bilhete que mandou em 2004 a Parker e Stone depois do lançamento de Team America: “Eu não me importo de prestar serviços, na sátira e na bobagem… eu me importo, sim, quando alguém que não tem um filho, não tem um filho na guerra ou não está nem estará disposto a sofrer danos [incentiva] a irresponsabilidade que em última instância levará à evisceração, mutilação, exploração e morte de pessoas inocentes em todo o mundo”. E assinou: “Tudo de bom e um sincero foda-se”.

 

O Arquivo Penn

Nascimento. Sean Justin Penn, na Califórnia em 17 de agosto de 1960, filho do ator e diretor Leo Penn e da atriz Eileen Ryan. Casou-se (e divorciou-se) duas vezes — com a cantora Madonna e com a atriz Robin Wright. Ele e Wright têm dois filhos.

Melhores momentos. Como ator, ganhou dois Oscars por seus papéis em Sobre Meninos e Lobos (2003) e Milk (2008); como diretor, seu quarto filme, Na Natureza Selvagem (2007), recebeu duas indicações para o Oscar. No início deste ano foi indicado embaixador itinerante do Haiti, a primeira vez que o cargo foi concedido a um não haitiano.

Piores momentos. Foi alvo de zombaria por algumas de suas intervenções, notadamente no filme Team America; seu envolvimento em Nova Orleans depois do furacão Katrina foi criticado como um golpe de publicidade, acusação que ele nega.

Ele diz: “Sacrificar os soldados americanos ou civis inocentes em um ataque preventivo inédito a um país soberano poderá se mostrar o remédio mais temporário”.

“Nunca fui a uma festa em que não tenha bebido álcool. Eu me divirto muito, mas não fico à vontade. Minha natureza sóbria não é muito social. Isso não quer dizer que eu não tenha me apanhado sendo terrivelmente arrogante.”

Eles dizem: “Está na hora de Sean Penn devolver sua propriedade em Malibu para os mexicanos” — Tim Stanley, historiador americano.

 

 

Por Peter Beaumont

Em plena discussão que envolveu Sean Penn por causa de seus comentários sobre o colonialismo britânico “ridículo e arcaico” no caso das ilhas Falkland, as palavras colocadas na boca de Penn por Trey Parker e Matt Stone, em seu filme de animação Team America – Detonando o Mundo, inevitavelmente voltaram à tona carregadas de certa repercussão. “No ano passado eu fui ao Iraque”, Parker e Stone fizeram Penn declamar em seu ataque satírico às opiniões simplistas e egocêntricas dos atores ativistas de Hollywood. “Antes do aparecimento do Team America era um lugar feliz. Eles tinham campinas floridas, arco-íris no céu e rios de chocolate.”

Na sequência de seus comentários feitos na Argentina quando visitou a presidenta Kirchner, houve um tom meio Parker/Stone nos ataques feitos a ele     enquanto os suspeitos de sempre metiam a bota.

“Vaidoso e mal informado”, bufou o diário Daily Mail. Por sua vez, o diário Daily Telegraph preferiu citar esse colosso da televisão-realidade, Ben Fogle, um homem não habitualmente notável por sua precisão como comentarista de política externa, que disse que Penn deveria ser atirado aos crocodilos (se Fogle acredita que há crocodilos no Atlântico sul ainda é um mistério).

Os tijolos atirados contra ele em alguns setores da imprensa britânica provavelmente só vão confirmar suas suspeitas, manifestadas antes, de que grande parte da mídia, com demasiada frequência, trabalha para sufocar pontos de vista alternativos, em vez de ampliar as opiniões discordantes.

Leia tambem:

Mas Penn atraiu mais censuras por ousar declarar suas opiniões políticas mais que qualquer ator desde Jane Fonda, como nas reportagens de suas viagens ao Iraque e ao Irã para o diário San Francisco Chronicle, e em seus anúncios pagos criticando o governo George W. Bush.

A realidade é que comparar Penn com o manequim que o representava é profundamente injusto com um ator e diretor que, diferentemente de alguns de seus colegas em Hollywood, demonstrou um verdadeiro comprometimento com um trabalho humanitário e de defensoria que, embora não tenha agradado a todos, não pode ser simplesmente descartado com um punhado de piadas maliciosas.

Depois do terremoto no Haiti, enquanto outras celebridades iam e vinham, incluindo Ben Stiller, Angelina Jolie e Susan Sarandon, Penn permaneceu, recusando o hotel Oloffson, onde a maioria se hospedou, e vivendo no acampamento que ele montou para os desabrigados. Os que o encontraram, como este autor, o consideraram acessível, genuíno, apaixonado, articulado e comprometido.

Embora seja verdade que algumas celebridades disseram bobagens em relação a suas convicções políticas, como muitas fazem, também é verdade que à direita, em particular, existe uma crença peculiar de que os artistas, considerados uma espécie de propriedade pública, não devem ter ideais nem, certamente, convicções de natureza progressista.

A atuação e a política estão no sangue de Penn. Seu pai, Leo, filho de russos judeus que emigraram para os Estados Unidos, foi um ator e diretor que apoiou os sindicatos de Hollywood e foi colocado na lista negra depois de se recusar a cooperar com o Comitê de Atividades Antiamericanas da Câmara dos Deputados. A influência de seu pai, um alcoólico, que ganhou a Cruz de Distinção em Voo como bombardeiro, foi enorme. “Meu pai foi o único homem que todos sabiam que não tinha inimigos. Ele era a coisa mais nobre”, ele lembrou em uma entrevista após a morte de Leo.

Embora sua infância pareça ter sido feliz, Penn descreveu sentimentos de distanciamento e de ser repelido, que o crítico John Lahr sugeriu que mais tarde influenciaram sua escolha de papéis de outsiders como Harvey Milk ou Samuel Bicke em O Assassinato de um Presidente.

Se houve uma diferença entre Penn e seu pai, como ele admitiu ingenuamente para Lahr para seu perfil na New Yorker, é que seu pai “amava as pessoas e a humanidade, [enquanto] eu sou bom em humanidade”, sugerindo uma certa misantropia.

E o interesse de Penn por política é antigo, vem da adolescência. Aos 11 anos ele colou uma frase de Thomas Jefferson na porta de seu quarto: “Nossos filhos nascem livres, e sua liberdade é um dom da natureza, e não dos que os trouxeram ao mundo”.

Mais tarde ele admitiu que ficou obcecado por Watergate, que inspirou um breve desejo de ser advogado, até que as más notas e o interesse crescente por filmes Super 8 que ele fazia com seu irmão Chris e amigos, incluindo Charlie Sheen, predominaram.

Na época, Penn tinha sido inspirado por uma nova onda de atores, principalmente Robert De Niro, a considerar a atuação, abandonando a faculdade para estudar interpretação e conquistar seu primeiro papel principal como um surfista em Picardias Estudantis [Fast Times at Ridgemont High], em que usou muito suas experiências como surfista em Malibu.

Os papéis que se seguiram marcariam um talento singular, tão disciplinado e trabalhador na tela quanto caótico na vida real, principalmente em suas altercações com os paparazzi, incluindo um em Macau que ele pendurou pelos tornozelos de uma janela no nono andar. Penn também passou um mês na prisão por agredir um fã. Seus relacionamentos — incluindo casamentos com Madonna e Robin Wright Penn — também não foram muito tranquilos.

Escrevendo em 2008, o veterano crítico de cinema Roger Ebert resumiu sua atração como ator. “Sean Penn me surpreende. Pouco antes de ver Milk, revi seu trabalho em Os Últimos Passos de um Homem [Dead Man Walking]. Poucos personagens poderiam ser mais diferentes, poucos poderiam parecer mais reais. Ele cria um personagem com infinita atenção para os detalhes, e com o coração.”

Mais recentemente, porém, Penn admitiu que embora ainda viva um “caso de amor” com o cinema, prefere dirigir, e completou uma série de filmes — Acerto Final, Na Natureza Selvagem e A Promessa — concebidos de maneira tão inteligente quanto seus papéis em filmes como Sobre Meninos e Lobos, pelo qual ganhou seu primeiro Oscar.

Neste momento, contudo, são suas opiniões políticas que o colocam sob os refletores novamente. E embora tenha sido fácil para alguns criticá-lo por sua amizade com figuras como o cada vez mais autocrático Hugo Chávez da Venezuela, quando Penn discute suas crenças é tão articulado quanto revoltado e curioso sobre o mundo.

Seu horror à guerra — e sua simpatia pelas vítimas, estrangeiras e americanas — parece profundo. “Eu nasci em 1960”, ele disse à CNN no outono passado, “por isso o principal programa de televisão que meus irmãos e eu víamos quando crianças era a guerra do Vietnã. Eu cresci em uma família que era contra a guerra”. Apesar disso, ele se sentiu desconfortável com um movimento contra a guerra “que chamou nossos soldados de matadores de bebês quando eles voltaram”, o que parece tê-lo desencorajado de se envolver com movimentos políticos mais organizados.

Apesar de ter sido criticado por suas visitas ao Iraque — antes e depois da invasão liderada pelos Estados Unidos em 2003 –, um exame revela uma posição mais matizada do que o julgamento de uma só palavra adotado pelos críticos: “traidor”.

Seu falecido irmão Chris certa vez chamou o idealismo de Penn de uma espécie de “inocência” que ele tinha em comum com o pai. Penn descreveu grande parte de sua paixão como falta de “tolerância” pelo modo como as questões, como a ajuda a Nova Orleans depois do furacão Katrina e ao Haiti, eram complicadas além do necessário.

De fato, foi exatamente por causa do Katrina que Penn se envolveu de forma mais prática, “revoltado” contra o avanço desastrosamente lento do resgate, que o fez liderar uma missão à cidade atingida. A experiência o levou diretamente a fundar a Organização de Socorro Haitiana J/P.

Sua irritação, ele admitiu, às vezes foi tóxica em defesa de sua privacidade, em sua raiva contra o mundo e em seus relacionamentos, o que o levou a se descrever em certo momento como “prejudicado”. Mas é exatamente essa sugestão de raiva que o torna um ator tão interessante de se ver e um defensor poderoso.

Embora possa ter-se atenuado um pouco com a idade, sua paixão continua intensa. “Ouça”, ele disse no ano passado quando lhe perguntaram como gostaria de ser lembrado. “Não quero ser lembrado como raivoso, mas pretendo continuar me irritando com algumas coisas.”

Se Penn tem alguma opinião sobre as críticas recentes a ele na mídia britânica, parece provável que ela se pareça com o bilhete que mandou em 2004 a Parker e Stone depois do lançamento de Team America: “Eu não me importo de prestar serviços, na sátira e na bobagem… eu me importo, sim, quando alguém que não tem um filho, não tem um filho na guerra ou não está nem estará disposto a sofrer danos [incentiva] a irresponsabilidade que em última instância levará à evisceração, mutilação, exploração e morte de pessoas inocentes em todo o mundo”. E assinou: “Tudo de bom e um sincero foda-se”.

 

O Arquivo Penn

Nascimento. Sean Justin Penn, na Califórnia em 17 de agosto de 1960, filho do ator e diretor Leo Penn e da atriz Eileen Ryan. Casou-se (e divorciou-se) duas vezes — com a cantora Madonna e com a atriz Robin Wright. Ele e Wright têm dois filhos.

Melhores momentos. Como ator, ganhou dois Oscars por seus papéis em Sobre Meninos e Lobos (2003) e Milk (2008); como diretor, seu quarto filme, Na Natureza Selvagem (2007), recebeu duas indicações para o Oscar. No início deste ano foi indicado embaixador itinerante do Haiti, a primeira vez que o cargo foi concedido a um não haitiano.

Piores momentos. Foi alvo de zombaria por algumas de suas intervenções, notadamente no filme Team America; seu envolvimento em Nova Orleans depois do furacão Katrina foi criticado como um golpe de publicidade, acusação que ele nega.

Ele diz: “Sacrificar os soldados americanos ou civis inocentes em um ataque preventivo inédito a um país soberano poderá se mostrar o remédio mais temporário”.

“Nunca fui a uma festa em que não tenha bebido álcool. Eu me divirto muito, mas não fico à vontade. Minha natureza sóbria não é muito social. Isso não quer dizer que eu não tenha me apanhado sendo terrivelmente arrogante.”

Eles dizem: “Está na hora de Sean Penn devolver sua propriedade em Malibu para os mexicanos” — Tim Stanley, historiador americano.

 

 

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