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Precisamos levar a sério nossa cibersegurança

As ferramentas para uma cibervida segura já existem. Precisamos sentir que elas são importantes para nós

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Editorial do Observer


A semana passada foi frágil para a cibersegurança, em que falhas de sistema afetaram 250 mil contas do Twitter logo depois de ataques online contra o New York Times e o Wall Street Journal, ao que parece cometidos por hackers chineses altamente sofisticados.

Diante da vulnerabilidade desses alvos importantes, os usuários comuns poderiam ser perdoados por sentir qualquer resíduo de euforia digital ser substituído por uma crescente preocupação. O que significa estar seguro em um reino online onde poucas pessoas entendem alguma coisa do combate frenético que transcorre ao seu redor?

Quando se trata de combater o crime na rede mundial, as soluções experimentadas podem parecer tão perigosas quanto a doença. Na Grã-Bretanha, o projeto de lei de dados de comunicação — uma “carta dos bisbilhoteiros” que obriga os provedores de telefonia celular e serviços de internet a registrar em detalhe os atos de seus usuários — se mostrou suficientemente polêmico para que importantes conservadores se unissem ao líder liberal-democrata Nick Clegg para pedir sua reformulação.

Em outros países se propôs uma legislação ainda mais draconiana em nome de se evitar de tudo, de pirataria a protestos políticos; no início deste ano, o programador e ativista americano Aaron Swartz tornou-se possivelmente o primeiro mártir do mundo pela causa da liberdade de informação, ao tirar a própria vida enquanto aguardava julgamento — sob a ameaça de prisão — pelo download de milhões de artigos acadêmicos.

Uma quantidade crescente de valor em nossas vidas está migrando para a rede mundial, e reconciliar a liberdade de ação digital com a liberdade de exploração pelos outros será cada vez mais complicado. Um sistema só é tão forte quanto seu componente mais fraco, e muitos usuários domésticos ainda deixam o equivalente a pelo menos uma janela escancarada em seus espaços online.

A maioria dos governos, especialistas e corporações adoraria que fechássemos essas janelas. Apesar da adequação dessas metáforas de furto, porém, permanece uma profunda diferença entre o medo do crime físico e o medo do desastre digital. E esse desinteresse emocional talvez seja o maior obstáculo à segurança individual online.

O professor de economia comportamental Dan Ariely disse certa vez que se alguém quisesse criar um problema com o qual as pessoas não se importam “provavelmente inventaria o aquecimento global”, porque suas consequências estão tão distantes das causas no tempo e no espaço. De maneira semelhante, a maioria das histórias de ameaça cibernética parece feita sob medida para não interessar aos usuários comuns. Elas são principalmente sobre outras pessoas ou possibilidades abstratas, discutidas em termos obscuros por especialistas que prontamente admitem sua incapacidade de identificar a próxima grande ameaça.

Entretanto, também há uma diferença crucial entre tecnologia e mudança climática — porque as pessoas realmente criam os sistemas digitais, juntamente com suas vulnerabilidades, defeitos e atrações. É impossível prevermos todas as ameaças na rede e as tentativas legais de fazê-lo estão destinadas a fracassar. No entanto, podemos tentar mudar os termos em que as discutimos e em que compartilhamos as advertências, soluções e histórias.

Da criptografia e a “higiene” das boas senhas à verificação em diversos passos, já existem muitas ferramentas e técnicas para uma cibervida mais segura. Ninguém, entretanto, se importa em fechar uma janela que não sabe que está aberta em uma casa que não considera sua. Para todos nós, isso precisa mudar.

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