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O Reino Unido, um pouco menos europeu

Bruxelas oferece concessões a Londres e desagrada a Europa Oriental

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Na terça-feira 2, o premier do Reino Unido, David Cameron, recebeu do presidente da Comissão Europeia, o polonês Donald Tusk, o rascunho de um acordo para atender parcialmente às exigências de Londres para continuar na União.

O entendimento dispensaria o Reino Unido de “trabalhar para uma união mais estreita” e de apoiar financeiramente o euro. O documento faz uma vaga promessa de rever as normas burocráticas das quais Cameron se queixa por supostamente prejudicar a competitividade britânica e lhe permitiria restringir temporariamente os benefícios sociais a imigrantes europeus e suas remessas ao exterior.

Isso está aquém do pretendido por Londres, que queria cancelar definitivamente os benefícios sociais de imigrantes pelos primeiros quatro anos de permanência no país e proibir as remessas.

Além disso, essa decisão depende de aprovação do Conselho Europeu e, embora o acordo tenha sido bem recebido nas capitais da Europa Ocidental, Polônia, Hungria, Bulgária e Romênia, cujos cidadãos seriam os maiores prejudicados pelo eventual corte de benefícios, ameaçam se opor e ampliar as dissensões na organização. Ainda assim, Cameron deu-se por satisfeito e prometeu fazer campanha pela permanência na União no plebiscito.

Alguns conservadores hesitantes, como a secretária do Interior, Theresa May, resolveram se juntar à campanha pela permanência. Entretanto, Boris Johnson, prefeito de Londres e um dos mais populares conservadores a defender a ruptura com Bruxelas, diz que “há mais a fazer” para um acordo aceitável. A imprensa de direita, na maior parte eurocética, considera o acordo uma “farsa” e pelo menos cinco dos 32 ministros do governo estariam dispostos a continuar a fazer campanha pelo rompimento.

Também apoiam a saída os partidos à direita dos conservadores, dos quais o mais importante é o Ukip (“Partido pela Independência do Reino Unido”), que teve 26,6% dos votos na eleição para o Europarlamento de maio de 2014 e 12,7% na eleição para o Parlamento britânico de maio de 2015.

Cameron pretende marcar para 23 de junho o plebiscito prometido desde 2013, apesar de a lei lhe dar um prazo até o final de 2017 e das objeções de políticos da Escócia, Gales e Irlanda do Norte, que têm eleições regionais em 5 de maio. A disposição de realizá-lo na data mais próxima possível se deve ao risco de agravamento da crise migratória, que daria aos xenófobos um argumento mais forte para a saída da União Europeia.

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