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Monarcas, indignados e mendigos

‘Rigor e seriedade’, recomenda o rei espanhol Juan Carlos que gasta 30 mil euros para caçar elefantes em Botsuana

A Casa Real não comentou o motivo da viagem particular a Botsuana do rei ©AFP / Javier Soriano
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Ele teve um papel crucial no restabelecimento da democracia na Espanha, e os modos simples do aristocrata impressionaram conterrâneos e estrangeiros mundo afora.

Mas a imprensa espanhola, até agora a proteger a família real, demonstra certo cansaço com o rei Juan Carlos.

Motivos não faltam.

Em dezembro ele anunciou às autoridades públicas, com apropriado tom solene: funcionários públicos deveriam ser exemplos de “rigor e seriedade”. Claro, Juan Carlos, de 74 anos, queria limpar a imagem da monarquia diante do escândalo de corrupção em fevereiro de seu genro, Inaki Urdangarin.

Isso sem contar a crise econômica pela qual atravessa a Espanha, a mais preocupante da União Europeia, dado o tamanho da encrenca na qual o país mergulhou. O orçamento de rigor, com cortes mil apresentados pelo governo de direita de Mariano Rajoy, não tem precedentes na história da Espanha.

E enquanto o povo tenta ser responsável com seus gastos, Juan Carlos leva um tombo e fratura o quadril direito durante uma caça de elefantes em Bostsuana, na sexta-feira. Detalhe: a caçada custou 30 mil euros. Por esse preço, o governo de Botsuana emite a licença para a caça de elefantes, ilegal em numerosos países. Metade da soma desembolsada pelo rei espanhol corresponde ao preço de matar um elefante com a ajuda, é óbvio, de um profissional, no caso Jeff Rann.

O monarca foi repatriado no sábado e operado no mesmo dia.

Mas a mídia não teve nenhuma compaixão pelo seu rei.

“Segundo os elementos aos quais tivemos acesso, tratou-se de uma viagem irresponsável, realizada no momento mais inoportuno”, reportou o diário de centro-direita El Mundo. “O espetáculo de um monarca caçando elefantes na África enquanto a crise econômica no nosso país provoca tantos problemas para os espanhóis transmite uma imagem de indiferença e de frivolidade que o chefe de Estado jamais deveria dar”.

Por sua vez, o diário de centro-esquerda El País estressou a “opacidade” a envolver as viagens do monarca. A assessoria de imprensa da casa real alegou que por ter se tratado de uma viagem privada se recusa a confirmar os acontecimentos. Os fatos estão, de qualquer modo, disponíveis em todos os meios da mídia.

Pior: a mídia apresentou Juan Carlos, o rei, como um homem de outros tempos. E, evidente, representantes de monarquias são anacronismos, independentemente do que fizeram pelos seus países.

Vimos, por exemplo, fotos do rei Juan Carlos orgulhoso diante do elefante morto em Botsuana (ele aparentemente o matou, apesar do tombo). Também pudemos ver imagens de Juan Carlos diante de dois búfalos que teria matado num safári anterior.

Mas há motivos para duvidarmos das habilidades de caçador do rei espanhol.

Seis anos atrás, Juan Carlos teria matado um urso russo que teria tomado vodca com mel antes de ser colocado na mira do rifle do monarca espanhol. O rei também teve acidentes trágicos, o que demonstra certa falta de habilidade com armas desde a mais tenra idade. Ainda adolescente matou seu irmão num acidente.

E menos de uma semana atrás, seu sobrinho, Froilán Marichalar, de 13 anos, deu um tiro no próprio pé numa caçada na Espanha. Marichalar, dada sua idade, não poderia caçar.

Esses reis e príncipes são desastrados e anacrônicos, sejam eles idosos ou jovens.

Ele teve um papel crucial no restabelecimento da democracia na Espanha, e os modos simples do aristocrata impressionaram conterrâneos e estrangeiros mundo afora.

Mas a imprensa espanhola, até agora a proteger a família real, demonstra certo cansaço com o rei Juan Carlos.

Motivos não faltam.

Em dezembro ele anunciou às autoridades públicas, com apropriado tom solene: funcionários públicos deveriam ser exemplos de “rigor e seriedade”. Claro, Juan Carlos, de 74 anos, queria limpar a imagem da monarquia diante do escândalo de corrupção em fevereiro de seu genro, Inaki Urdangarin.

Isso sem contar a crise econômica pela qual atravessa a Espanha, a mais preocupante da União Europeia, dado o tamanho da encrenca na qual o país mergulhou. O orçamento de rigor, com cortes mil apresentados pelo governo de direita de Mariano Rajoy, não tem precedentes na história da Espanha.

E enquanto o povo tenta ser responsável com seus gastos, Juan Carlos leva um tombo e fratura o quadril direito durante uma caça de elefantes em Bostsuana, na sexta-feira. Detalhe: a caçada custou 30 mil euros. Por esse preço, o governo de Botsuana emite a licença para a caça de elefantes, ilegal em numerosos países. Metade da soma desembolsada pelo rei espanhol corresponde ao preço de matar um elefante com a ajuda, é óbvio, de um profissional, no caso Jeff Rann.

O monarca foi repatriado no sábado e operado no mesmo dia.

Mas a mídia não teve nenhuma compaixão pelo seu rei.

“Segundo os elementos aos quais tivemos acesso, tratou-se de uma viagem irresponsável, realizada no momento mais inoportuno”, reportou o diário de centro-direita El Mundo. “O espetáculo de um monarca caçando elefantes na África enquanto a crise econômica no nosso país provoca tantos problemas para os espanhóis transmite uma imagem de indiferença e de frivolidade que o chefe de Estado jamais deveria dar”.

Por sua vez, o diário de centro-esquerda El País estressou a “opacidade” a envolver as viagens do monarca. A assessoria de imprensa da casa real alegou que por ter se tratado de uma viagem privada se recusa a confirmar os acontecimentos. Os fatos estão, de qualquer modo, disponíveis em todos os meios da mídia.

Pior: a mídia apresentou Juan Carlos, o rei, como um homem de outros tempos. E, evidente, representantes de monarquias são anacronismos, independentemente do que fizeram pelos seus países.

Vimos, por exemplo, fotos do rei Juan Carlos orgulhoso diante do elefante morto em Botsuana (ele aparentemente o matou, apesar do tombo). Também pudemos ver imagens de Juan Carlos diante de dois búfalos que teria matado num safári anterior.

Mas há motivos para duvidarmos das habilidades de caçador do rei espanhol.

Seis anos atrás, Juan Carlos teria matado um urso russo que teria tomado vodca com mel antes de ser colocado na mira do rifle do monarca espanhol. O rei também teve acidentes trágicos, o que demonstra certa falta de habilidade com armas desde a mais tenra idade. Ainda adolescente matou seu irmão num acidente.

E menos de uma semana atrás, seu sobrinho, Froilán Marichalar, de 13 anos, deu um tiro no próprio pé numa caçada na Espanha. Marichalar, dada sua idade, não poderia caçar.

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