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Militares são detidos por morte do pai de ex-presidente Bachelet

Alberto Bachelet, general do governo derrubado de Salvador Allende, morreu na prisão de um ataque cardíaco provocado por tortura

O pai de Bachelet permaneceu preso até morrer em 12 de março de 1974. Foto: Joel Saget/AFP
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SANTIAGO (AFP) – Dois coronéis da reserva chilenos foram detidos por ordem judicial nesta terça-feira 17 acusados pela morte causada por torturas de Alberto Bachelet, pai da ex-presidente Michelle Bachelet. Ele morreu na prisão durante a ditadura de Augusto Pinochet.

Os coronéis da Força Aérea Ramón Cáceres e Edgar Ceballos serão julgados pelo “crime de torturas com resultado de morte”, indicou a decisão emitida pelo juiz Mario Carroza, que investiga a morte do general Bachelet. “Despache-se a ordem de apreensão contra os processados”, acrescentou a ordem judicial.

Os dois ex-chefes militares foram informados da decisão judicial, detidos pela brigada de Direitos Humanos da Polícia de Investigações de Chile e transferidos para a base aérea de El Bosque, em Santiago.

Alberto Bachelet foi preso após o golpe militar que instaurou a ditadura de Pinochet (1973-1990) em 11 de setembro de 1973, e foi submetido a um Conselho de Guerra acusado de traição à pátria por integrar o gabinete do presidente socialista derrubado Salvador Allende.

O general foi mantido na prisão até a sua morte, em 12 de março de 1974, vítima de uma parada cardíaca na penitenciária pública de Santiago, aos 51 anos, quando seu estado de saúde já estava muito degradado, de acordo com testemunhos da época. Carroza revelou há cerca de um mês que, no entanto, uma perícia realizada pelo Serviço Médico Legal (SML) havia indicado que Alberto Bachelet foi torturado durante interrogatórios. A ação agravou os problemas cardíacos e resultou em sua morte.

As torturas foram infligidas na Academia de Guerra Aérea, para onde havia sido levado em várias ocasiões durante o período detido e onde os ex-coronéis Cáceres e Ceballos mantinham sob custódia presos a quem infligiam “tratamentos cruéis, desumanos e degradantes”, indicou a decisão do juiz Carroza. Segundo o magistrado, durante o último interrogatório ao qual Bachelet foi submetido foram aplicadas torturas que causaram o ataque cardíaco. “Existe uma relação direta entre a morte da vítima e seu último interrogatório, já que isso causou uma descompensação de sua patologia cardíaca, secundária em um estado de estresse físico e mental anteriores.”

No final de 2005, a Justiça chilena encerrou sem dar uma sentença uma investigação que buscava esclarecer a legalidade do Conselho de Guerra, e na qual também foram investigados Cáceres e Ceballos.

Como parte de sua investigação, o juiz Carroza também recebeu depoimentos reservados da ex-presidente Michelle Bachelet (2006-2010) e de sua mãe, Angela Jeria, que se mostrou tranquila após o anúncio da decisão. “Agora neste país se pode esperar que a Justiça cumpra seu papel. Há muitas pessoas que morreram e que sequer tiveram as causas de suas mortes investigadas”, disse a viúva de Bachelet. O advogado da família, Isidro Solis, anunciou que ela apresentará uma queixa criminal contra os dois ex-coronéis acusados.

Michelle Bachelet, hoje diretora executiva da ONU Mulheres, e sua mãe, também ficaram detidas em centros de tortura em 1975, tema sobre o qual a ex-mandatária nunca fez referências públicas.

A investigação sobre a morte do general Bachelet fez parte de uma série de averiguações abertas recentemente pela Justiça chilena relacionadas às mortes de mil vítimas da ditadura que até agora não tinham sido esclarecidas. A ditadura de Pinochet, que chegou ao fim no dia 11 de março de 1990, deixou um registro de mais de 3 mil mortos e outras 37 mil vítimas presas e torturadas.

SANTIAGO (AFP) – Dois coronéis da reserva chilenos foram detidos por ordem judicial nesta terça-feira 17 acusados pela morte causada por torturas de Alberto Bachelet, pai da ex-presidente Michelle Bachelet. Ele morreu na prisão durante a ditadura de Augusto Pinochet.

Os coronéis da Força Aérea Ramón Cáceres e Edgar Ceballos serão julgados pelo “crime de torturas com resultado de morte”, indicou a decisão emitida pelo juiz Mario Carroza, que investiga a morte do general Bachelet. “Despache-se a ordem de apreensão contra os processados”, acrescentou a ordem judicial.

Os dois ex-chefes militares foram informados da decisão judicial, detidos pela brigada de Direitos Humanos da Polícia de Investigações de Chile e transferidos para a base aérea de El Bosque, em Santiago.

Alberto Bachelet foi preso após o golpe militar que instaurou a ditadura de Pinochet (1973-1990) em 11 de setembro de 1973, e foi submetido a um Conselho de Guerra acusado de traição à pátria por integrar o gabinete do presidente socialista derrubado Salvador Allende.

O general foi mantido na prisão até a sua morte, em 12 de março de 1974, vítima de uma parada cardíaca na penitenciária pública de Santiago, aos 51 anos, quando seu estado de saúde já estava muito degradado, de acordo com testemunhos da época. Carroza revelou há cerca de um mês que, no entanto, uma perícia realizada pelo Serviço Médico Legal (SML) havia indicado que Alberto Bachelet foi torturado durante interrogatórios. A ação agravou os problemas cardíacos e resultou em sua morte.

As torturas foram infligidas na Academia de Guerra Aérea, para onde havia sido levado em várias ocasiões durante o período detido e onde os ex-coronéis Cáceres e Ceballos mantinham sob custódia presos a quem infligiam “tratamentos cruéis, desumanos e degradantes”, indicou a decisão do juiz Carroza. Segundo o magistrado, durante o último interrogatório ao qual Bachelet foi submetido foram aplicadas torturas que causaram o ataque cardíaco. “Existe uma relação direta entre a morte da vítima e seu último interrogatório, já que isso causou uma descompensação de sua patologia cardíaca, secundária em um estado de estresse físico e mental anteriores.”

No final de 2005, a Justiça chilena encerrou sem dar uma sentença uma investigação que buscava esclarecer a legalidade do Conselho de Guerra, e na qual também foram investigados Cáceres e Ceballos.

Como parte de sua investigação, o juiz Carroza também recebeu depoimentos reservados da ex-presidente Michelle Bachelet (2006-2010) e de sua mãe, Angela Jeria, que se mostrou tranquila após o anúncio da decisão. “Agora neste país se pode esperar que a Justiça cumpra seu papel. Há muitas pessoas que morreram e que sequer tiveram as causas de suas mortes investigadas”, disse a viúva de Bachelet. O advogado da família, Isidro Solis, anunciou que ela apresentará uma queixa criminal contra os dois ex-coronéis acusados.

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