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Jornal “The Sun” responde a Cristina Kirchner sobre as Malvinas

Tabloide reage ao pedido feito pelo governo argentino para devolução das Malvinas

Cristina Kirchner ergue placa com o mapa das ilhas em imagem de 2 de abril. Ela quer a devolução das Malvinas. Foto: Juan Mabromata / AFP
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LONDRES (AFP) – O jornal de maior tiragem do Reino Unido, o sensacionalista The Sun, respondeu nesta sexta-feira ao novo pedido da presidente argentina Cristina Kirchner para que as disputadas ilhas Malvinas sejam devolvidas a Buenos Aires.

O jornal publicou um aviso em espanhol e em inglês advertindo a Argentina para que não toque no arquipélago do Atlântico Sul que os britânicos chamam de Falklands.

“A soberania britânica sobre as Falkland Islands data de 1765 – antes que a República Argentina sequer existisse. As ilhas nunca foram governadas nem faziam parte do território soberano da República Argentina”, afirma o Sun em seu texto, no qual considera “infundada” a afirmação de que o país sul-americano foi “despojado” do arquipélago há 180 anos.

O jornal defende a posição oficial do governo britânico sobre o direito à autodeterminação dos habitantes das ilhas, que até agora optaram por permanecer ligados ao Reino Unido como território britânico de ultramar.

“Até que o próprio povo das Falkland Islands decida ser argentino, continuará sendo decididamente britânico”, enfatizou o jornal.

Cristina Kirchner publicou na quinta-feira uma carta aberta na imprensa britânica na qual solicitava ao primeiro-ministro David Cameron a devolução das disputadas Ilhas Malvinas e acusava o Reino Unido de “colonialismo”.

O governo britânico, em resposta, enfatizou mais uma vez que os habitantes das ilhas “são britânicos por escolha”.

Na carta, publicada como anúncio publicitário nos jornais The Guardian e Independent, Kirchner afirma que a Argentina foi “despojada pela força” do arquipélago do Atlântico Sul situado a 14.000 km de Londres “há 180 anos em um exercício descarado de colonialismo do século XIX”.

“Desde então, a Grã-Bretanha, a potência colonial, se nega a devolver os territórios à República Argentina, impedindo deste modo o restabelecimento de sua integridade territorial”, escreveu no texto destinado ao primeiro-ministro conservador britânico, com cópia para o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.

Kirchner recorda que a ONU decretou em 1960 a necessidade de “acabar com o colonialismo em todas as suas formas e manifestações”, além de destacar que a Assembleia Geral da organização aprovou em 1965 uma “resolução na qual considerava as ilhas como um caso de colonialismo e convidava Grã-Bretanha e Argentina a negociar uma solução para a disputa de soberania”, seguida por “muitas outras resoluções com este efeito”. “Em nome do povo argentino, reitero nosso convite a que acatemos as resoluções das Nações Unidas”, concluiu.

Um porta-voz do chefe de Governo conservador reafirmou à imprensa que os moradores das ilhas “têm um desejo claro de continuar sendo britânicos” e poderão demonstrar no referendo previsto para o início de março. “O governo argentino deve respeitar seu direito à autodeterminação”, afirmou o porta-voz, destacando que Cameron “fará tudo para proteger os interesses” dos moradores da ilha.

As autoridades das ilhas, que têm atualmente o status de território britânico de ultramar, também rejeitaram as demandas de Kirchner.

Os quase 3.000 habitantes das Malvinas, em sua maioria britânicos, votarão em um referendo nos dias 10 e 11 de março para decidir se desejam continuar como território ultramar britânico ou mudar de status.

O governo de Buenos Aires emite tradicionalmente uma mensagem de reivindicação de soberania sobre as Malvinas a cada 3 de janeiro, dia do aniversário do desembarque das tropas britânicas no arquipélago em 1833.

A disputa entre os dois países provocou uma guerra de 74 dias que terminou com 649 argentinos e 255 britânicos mortos em 1982. Desde então, a Argentina concentra as reivindicações pela via diplomática. O 30º aniversário do conflito, em 2012, foi marcado por uma escalada verbal entre Argentina e Grã-Bretanha, além de denúncias argentinas sobre uma “militarização” britânica da região e sobre a exploração de possíveis recursos petroleiros na região.

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