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Comunicado final do G20 expõe divisão sobre clima

Após cúpula em Hamburgo, todos os países-membros do grupo exceto os EUA consideram Acordo de Paris irreversível

Donald Trump e Angela Merkel
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A declaração final acordada no sábado 8 pelos líderes do G20 reunidos em Hamburgo, na Alemanha, reflete uma divisão entre os Estados Unidos e os demais membros do grupo em relação ao Acordo do Clima de Paris.

“Tomamos nota da decisão dos Estados Unidos de se retirarem do Acordo de Paris”, diz a declaração, em referência ao pacto que visa combater as mudanças climáticas. “Os líderes dos demais Estados-membros do G20 afirmam que o acordo é irreversível.”

A chanceler federal alemã, Angela Merkel, anfitriã da cúpula de dois dias do grupo das 20 maiores economias do mundo, disse estar satisfeita com a posição de todos os membros exceto os EUA, que se comprometeram a implementar o Acordo de Paris rapidamente.

“Acho que está muito claro que não chegamos a um consenso, mas as diferenças não foram escondidas, e sim claramente apontadas”, comentou Merkel ao fim do encontro. Ela disse não compartilhar da visão da primeira-ministra britânica, Theresa May, que na sexta-feira disse acreditar que Washington pudesse decidir retomar o Acordo de Paris.

Aprovado no final de 2015, o pacto climático visa limitar o aumento da temperatura global ao teto máximo de 2ºC em relação aos níveis da era pré-industrial. Abandonar o Acordo de Paris era uma das promessas de campanha do presidente americano, Donald Trump.

Esta foi a primeira cúpula do G20 da qual o líder americano participou, tendo se reunido com Merkel, trocado algumas palavras com o presidente brasileiro, Michel Temer, e conversado pela primeira vez cara a cara com seu homólogo russo, Vladimir Putin.

Neste sábado, Trump parabenizou Merkel pela condução do encontro de chefes de Estado e de governo em Hamburgo. “Você foi incrível e fez um trabalho fantástico. Muito obrigado, chanceler”, disse Trump.


Merkel: “bons resultados”

Merkel destacou que, apesar da divisão em relação às mudanças climáticas, de discussões “difíceis” e da decisão “lamentável” dos EUA de abandonarem o Acordo de Paris, “bons resultados em algumas áreas” foram alcançados durante a cúpula.

Quanto ao comércio, outro tema-chave durante a cúpula de dois dias em Hamburgo, os líderes concordaram em “combater o protecionismo, incluindo todas as práticas comerciais injustas, e reconhecer o papel de instrumentos legítimos de defesa do comércio”. O comunicado final afirma que o comércio deve sempre trazer vantagens mútuas.

Comunicados emitidos pelo G20 expressam intenções e depende de cada governo se estas serão seguidas. Ainda assim, os documentos acordados pelas 20 maiores economias do mundo dão o tom para a formulação de políticas globais e permitem que pressão seja exercida quando o que foi acordado não é cumprido.

Outros acordos fechados durante o encontro incluem um acordo para pressionar provedores de internet a detectarem e remover conteúdo extremista, visando o combate ao terrorismo.

A cúpula em Hamburgo também foi marcada por protestos anticapitalismo e antiglobalização. Apesar de a maioria dos manifestantes protestar de forma pacífica, alguns milhares provocaram caos na cidade, erguendo e incendiando barricadas, saqueando supermercados e atacando forças de segurança. Mais de 200 policiais ficaram feridos.

LPF/rtr/ap

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