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Ataque à Síria afeta negociações entre Pequim e Washington

Pouco após bombardeio americano, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês disse que país é contrário ao uso de força

Xi Jinping e Donald Trump trocam aperto de mãos na Flórida
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Por Vivian Oswald
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orrespondente da RFI em Pequim

O ataque aéreo americano contra a base militar síria de Al-Shayrat, de onde teriam partido os aviões que despejaram armas químicas contra a população de Khan Sheikhun (norte), acontece em meio ao primeiro encontro de cúpula entre o líder chinês, Xi Jinping, e o presidente americano, Donald Trump, na Flórida. A decisão de Trump pode mudar o desfecho das negociações entre Pequim e Washington.

Poucas horas após o bombardeio americano, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Sua Chunying, disse que a China é contrária ao uso de força, mas não mencionou os Estados Unidos em especial. Ela destacou que agora é hora “de evitar uma nova deterioração da situação”.

A porta-voz afirmou que a China “se opõe ao uso de armas químicas em qualquer circunstância, qualquer que seja o país ou grupo de indivíduos visados”. Sua Chunying destacou que a China sempre se opôs ao uso da força e recomenda o diálogo para resolver pacificamente os conflitos. “Nós defendemos uma solução política para a Síria”.

Questionada sobre a legitimidade de Bashar Al-Assad, a diplomata chinesa afirmou que o presidente sírio foi eleito. “Cabe ao povo sírio determinar o futuro do seu país”.

Críticas ao ataque sem investigação sobre armas químicas
O jornal chinês Global Times, considerado um dos porta-vozes do governo, publicou um editorial mais duro. Diz que o “ataque militar dos Estados Unidos aconteceu a despeito de resultados definitivos de investigação por uma organização internacional e foi realizado na ausência de uma resolução do Conselho de Segurança da ONU”.

“A administração Trump não perdeu tempo em atingir alvos, marcando um contraste evidente com a do seu antecessor, Barack Obama. A decisão de Trump de atacar o governo de Assad é uma demonstração de força do presidente dos Estados Unidos. Ele quer provar que se atreve a fazer o que Obama não ousou no passado. Ele quer provar para o mundo que não é só um homem de negócios no poder e que vai usar as forças armadas, sem hesitar, sempre que considerar necessário”, afirma o Global Times.

Negociações na Flórida podem ser afetadas
Essa represália americana ao regime de Damasco pode interferir nas negociações em curso na Flórida sobre os termos de um entendimento intermediado pela China ou que conte com a cooperação dos chineses para resolver a tensão na península coreana. O secretário de Estado americano, Rex Tillerson, já havia dito há alguns dias que uma intervenção militar na Coreia do Norte não era descartada.

A China vetou várias resoluções no Conselho de Segurança da ONU, assim como a Rússia, para a Síria. O ataque americano cria uma grande saia justa para Xi Jinping, dentro da casa de Donald Trump.

Recentemente, o presidente chinês disse que, em 36 anos de relações diplomáticas entre o seu país e os Estados Unidos, sempre houve altos e baixos, mas que a relação sempre andou para frente. Ele também demonstrou interesse em encontrar um denominador comum com Washington. A expectativa de especialistas era a de que a Coreia do Norte poderia ser um deles. Mas diante do que aconteceu, fica a pergunta no ar.

De todo modo, tudo indica que Trump teria aceito o convite de Xi para visitar a China, o que, em princípio, pode ser visto como um bom sinal.

RFI

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