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A oposição síria também comete massacres

Execução de militares vendados e algemados é o caso mais bem documentado de atrocidades contra as forças pró-Assad

Imagem mostra os rebeldes responsáveis pelo massacre observando os corpos dos soldados de Assad. Foto: Reprodução
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As imagens são chocantes. Homens algemados e vendados estão deitados na sarjeta, com as cabeças e corpos sob poças de sangue. Foram todos mortos, em Alepo, a maior cidade da Síria, onde há mais de um mês tropas do ditador Bashar al-Assad enfrentam opositores que tentam tirá-lo do poder há 17 meses. Quem eram os homens mortos? Ao contrário do que pode sugerir o senso comum, eram soldados de Assad, como mostram seus fardamentos. Desta vez, a atrocidade foi cometida pelos rebeldes.

Esta não é a primeira denúncia de violações de direitos humanos contra os rebeldes. É, no entanto, uma das mais bem documentadas. O crime está gravado em vídeo, divulgado na internet nesta segunda-feira. Foi cometido por opositores de Assad, como confirmou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), uma ONG criada para expor as violações de direitos humanos cometidas por Assad, mas que têm se dedicado também a revelar as atrocidades realizadas pelos opositores do ditador. No vídeo, os rebeldes armados chamam os mortos de “cães de Assad”. Há até informações sobre as origens do soldados. Segundo informou a OSDH à agência Reuters, os militares são do distrito de Sekenat Hanano, mas foram mortos em Sabaa Baharat.

Completa a lista de informações sobre o episódio o nome da facção que cometeu o massacre. Um homem fora da câmera afirma, segundo a Reuters, que “a brigada Suleiman al-Farisi matou vários membros da segurança estatal”. A brigada, originariamente da cidade de Al-Bab, é uma das várias que luta contra as forças de Assad em Alepo.

Massacres como este servem para deixar claro que a possibilidade de uma saída pacífica e negociada para o conflito na Síria está cada vez mais distante. Lakhdar Brahimi, o novo enviado especial das Nações Unidas e da Liga Árabe para a Síria, deve chegar a Damasco nesta semana para mais uma rodada de negociações. As possibilidades de sucesso são, entretanto, ínfimas. Assad se mantém irredutível no que chama de “luta contra o terrorismo” e a oposição, dividida e cada vez mais radical, parece perdida e muito distante daquela que realizava unicamente protestos pacíficos nos primeiros seis meses de turbulência.

No campo diplomático, os esforços dos Estados Unidos contra Assad e os da Rússia a favor do ditador continuam se anulando. Nos bastidores, Assad tem o apoio do Irã para resistir a seus opositores. Os rebeldes, por sua vez, contam com a ajuda EUA, França, Reino Unido, Arábia Saudita, Catar e Turquia. Esse apoio, no entanto, não se dá de forma definitiva, até mesmo porque nenhum desses países deseja aparecer ajudando de forma escancarada grupos que, como ficou claro nesta segunda, cometem flagrantes violações aos direitos humanos.

Tragicamente, a tendência hoje é que o conflito continue por vários meses da forma como está agora. Uma guerra civil localizada em poucas cidades, marcada por episódios de extrema violência, até que um dos lados não consiga mais combater. Ao fim deste período, a Síria será um país ainda mais destruído, dividido e, provavelmente, ingovernável por um regime democrático. Um cenário em nada parecido com os ideais da Primavera Árabe.

As imagens são chocantes. Homens algemados e vendados estão deitados na sarjeta, com as cabeças e corpos sob poças de sangue. Foram todos mortos, em Alepo, a maior cidade da Síria, onde há mais de um mês tropas do ditador Bashar al-Assad enfrentam opositores que tentam tirá-lo do poder há 17 meses. Quem eram os homens mortos? Ao contrário do que pode sugerir o senso comum, eram soldados de Assad, como mostram seus fardamentos. Desta vez, a atrocidade foi cometida pelos rebeldes.

Esta não é a primeira denúncia de violações de direitos humanos contra os rebeldes. É, no entanto, uma das mais bem documentadas. O crime está gravado em vídeo, divulgado na internet nesta segunda-feira. Foi cometido por opositores de Assad, como confirmou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), uma ONG criada para expor as violações de direitos humanos cometidas por Assad, mas que têm se dedicado também a revelar as atrocidades realizadas pelos opositores do ditador. No vídeo, os rebeldes armados chamam os mortos de “cães de Assad”. Há até informações sobre as origens do soldados. Segundo informou a OSDH à agência Reuters, os militares são do distrito de Sekenat Hanano, mas foram mortos em Sabaa Baharat.

Completa a lista de informações sobre o episódio o nome da facção que cometeu o massacre. Um homem fora da câmera afirma, segundo a Reuters, que “a brigada Suleiman al-Farisi matou vários membros da segurança estatal”. A brigada, originariamente da cidade de Al-Bab, é uma das várias que luta contra as forças de Assad em Alepo.

Massacres como este servem para deixar claro que a possibilidade de uma saída pacífica e negociada para o conflito na Síria está cada vez mais distante. Lakhdar Brahimi, o novo enviado especial das Nações Unidas e da Liga Árabe para a Síria, deve chegar a Damasco nesta semana para mais uma rodada de negociações. As possibilidades de sucesso são, entretanto, ínfimas. Assad se mantém irredutível no que chama de “luta contra o terrorismo” e a oposição, dividida e cada vez mais radical, parece perdida e muito distante daquela que realizava unicamente protestos pacíficos nos primeiros seis meses de turbulência.

No campo diplomático, os esforços dos Estados Unidos contra Assad e os da Rússia a favor do ditador continuam se anulando. Nos bastidores, Assad tem o apoio do Irã para resistir a seus opositores. Os rebeldes, por sua vez, contam com a ajuda EUA, França, Reino Unido, Arábia Saudita, Catar e Turquia. Esse apoio, no entanto, não se dá de forma definitiva, até mesmo porque nenhum desses países deseja aparecer ajudando de forma escancarada grupos que, como ficou claro nesta segunda, cometem flagrantes violações aos direitos humanos.

Tragicamente, a tendência hoje é que o conflito continue por vários meses da forma como está agora. Uma guerra civil localizada em poucas cidades, marcada por episódios de extrema violência, até que um dos lados não consiga mais combater. Ao fim deste período, a Síria será um país ainda mais destruído, dividido e, provavelmente, ingovernável por um regime democrático. Um cenário em nada parecido com os ideais da Primavera Árabe.

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