Educação
Weintraub despreza eleição e nomeia membro do PSL à reitoria do IFRN
O professor Josué de Oliveira Moreira não se candidatou às eleições e ganhou cargo para reitor temporário
O Ministério da Educação (MEC) ignorou o resultado das eleições para a reitoria do Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN) e nomeou para o cargo de reitor pro tempore o professor Josué de Oliveira Moreira, que nem sequer participou do pleito. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) na sexta-feira 17.
O vencedor pelas urnas foi o professor José Arnóbio de Araújo Filho, com 48,25% dos votos. O docente havia concorrido com Wyllys Farkatt Tabosa, que tentava a reeleição, além de José Ribeiro de Souza Filho e Ambrósio Silva de Araújo.
Ao jornal Tribuna do Norte, o professor José Arnóbio de Araújo Filho afirmou que irá à Justiça para buscar a garantia de posse. Segundo o veículo, Josué Moreira é filiado desde 2018 ao PSL, antigo partido do presidente Jair Bolsonaro. Já o reitor democraticamente eleito é filiado ao PT.
“Foi um movimento orquestrado, por movimentos que se dizem apartidários, mas não têm nada de apartidários. A instituição está sendo prejudicada. Tivemos uma votação bastante expressiva e fomos pegos de surpresa”, declarou José Arnóbio Araújo ao jornal do estado.
A campanha eleitoral na instituição teve início em outubro de 2019, com votação para reitor e representantes nos 21 campi do IFRN. O resultado ocorre a partir da participação de estudantes e trabalhadores da instituição no processo eleitoral.
Em nota, o Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe) repudiou veementemente a nomeação de Josué Moreira ao posto, sem ter se candidatado.
A entidade chamou o novo reitor de “interventor” e acusou o MEC de desrespeitar a autonomia das instituições acadêmicas “ao impor gestores alinhados politicamente ao presidente da República”.
“Exigimos a nomeação imediata do REITOR ELEITO pela comunidade acadêmica do IFRN. Repudiamos e denunciamos o autoritarismo e a inconstitucionalidade da ação do ministro da educação, Abraham Weintraub”, escreveu o Sinasefe.
Ao portal G1, Josué Moreira afirmou que não se incomoda com a nomeação sem ter participado do processo, “uma vez que a lei que institui as referidas consultas também prevê a figura do reitor pro tempore”. Ele disse ainda que não entende que houve intervenção política.
“Além da previsão legal, sou servidor público federal efetivo e tenho condições técnicas para assumir e conduzir os rumos do IFRN, pelo tempo que for necessário”, disse Josué, segundo o portal.
Nas redes sociais, o MEC afirmou que o reitor eleito enfrenta um processo disciplinar, e que Josué Moreira permanece no cargo até que o problema seja solucionado.
Em observância ao princípio da razoabilidade, até que o caso seja definitivamente resolvido, o MEC designou um reitor pro tempore, o professor Josué de Oliveira Moreira, para comandar o IFRN.
— Ministério da Educação (@MEC_Comunicacao) April 20, 2020
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