Ciências

Sódio, o inimigo oculto

Do pão francês ao refrigerante: veja como o sódio está presente nos alimentos e oriente as crianças a evitarem produtos que contenham o composto em excesso

Criança toma sorvete
Não é só comida salgada: comemos sódio o tempo todo sorvete
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Você sabia que até o sorvete de chocolate tem sal? Sim, é isso mesmo! Não é preciso ter um gosto salgado para ser composto com esse ingrediente, introduzido na culinária pelo seu potencial de conservação. Consumimos sal o tempo todo, ainda que sem perceber, e, na maioria das vezes, mais do que o recomendado.

Para se ter uma ideia, os brasileiros ingerem 12 gramas diárias de sal, quase três vezes mais do que o recomendado pela Organização Mundial da Saúde – que é de 5 gramas. Um dos ícones do nosso excesso é o pão francês, cujo teor será reduzido de 2% para 1,8% até 2014, segundo se comprometeu o Ministério da Saúde.

Leia atividade didática de Ciências para o Ensino Fundamental sobre o sódio

Expectativas de aprendizagem: Familiarizar-se com a leitura de rótulos, particularmente com a composição dos alimentos; Reconhecer que o uso excessivo do sódio pode comprometer a saúde

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1. Prepare um farol de sódio

Materiais necessários: cartolina, tesoura, cola e recortes de revistas de alimentos. Os alunos deverão fazer um desenho de farol ou semáforo, e conforme as luzes (vermelho, amarelo e verde), os alimentos deverão ser colados de acordo com a quantidade de sódio que tiverem. Para complementar, peça para que escrevam um texto justificando as escolhas.

Vermelho: salsicha, linguiça, hambúrguer, nuggets, salgadinhos, lanches, pizza, presunto, salame, macarrão instantâneo, temperos prontos, suco em pó. Amarelo: iogurte, queijo, biscoitos, carnes, leite, ovos, frango, peixes. Verde: frutas, legumes, verduras, arroz, feijão.

2- Aprenda a ler o rótulo dos alimentos
Materiais necessários: Embalagem de alimentos (sugestões: refrigerante, suco em pó, salgadinho, nuggets, macarrão instantâneo) O professor poderá ensinar a composição dos alimentos (carboidratos, proteínas e gorduras) e mostrar a quantidade de excessiva de sódio que contêm na porção desses alimentos.

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Outros alimentos, principalmente os industrializados de carnes, também precisarão ser produzidos com menos sal, composto que impede o desenvolvimento de micro-organismos capazes de deteriorar os alimentos.

Isso porque esses alimentos contêm sódio, um ótimo conservador de alimentos que dá vida longa aos alimentos nas prateleiras dos supermercados. Embora sejam usadas como sinônimos, sal e sódio não são a mesma coisa. O sódio (Na) é um mineral que se liga ao cloro (Cl) para formar cloreto de sódio (NaCl), o sal de cozinha.

O sal branco de cozinha é somente uma, porém, a maior fonte de sódio, ingrediente sem sabor. Quando ultrapassamos a recomendação de 2 mil miligramas de sódio por dia, podemos reter líquidos e aumentar a pressão arterial.

A principal função da composição química por cloreto de sódio (NaCl), extraída da natureza por meioda evaporação da água do mar ou retirado de rochas de minas subterrâneas, é garantir a pressão osmótica dos tecidos corporais.

Principalmente na circulação, o sódio auxilia o funcionamento dos sistemas nervoso e muscular. Além disso, é importante para regular o ritmo cardíaco, o volume de sangue no corpo, a transmissão de impulsos nervosos e as contrações musculares.

Se possui funções benéficas tanto para manter os alimento quanto para equilibrar o nosso organismo, os especialistas são unânimes em afirmar que o consumo excessivo de sal, independentemente do tipo, é prejudicial à saúde.

Isso porque facilita a retenção de líquidos que interferem no funcionamento do sistema nervoso simpático, controlador dos movimentos involuntários (como a contração dos vasos sanguíneos).

Por vias indiretas, portanto, comer sal a mais contribui para subir a pressão arterial. Somados outros fatores de risco para a elevação da pressão, a pessoa poderá se tornar hipertensa.

O sódio nos rótulos

Aprender a ler o rótulo é uma maneira de identificar o sódio, que pode ser encontrado associado a outros nomes, tais como glutamato, sacarina, ciclamato, caseinato, citrato e propionato, entre outros.

Além de ser achado no sal de cozinha, o sódio está presente nos produtos industrializados, adoçantes artificiais, produtos dietéticos, aditivos e conservantes, sais dietéticos, frios e embutidos, queijos salgados e salgadinhos em geral, carnes processadas, produtos em conserva (enlatados), molhos, sopas e temperos industrializados.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) considera não saudáveis os alimentos que contêm 400 miligramas de sódio para cada 100 gramas do produto.

Assim, os rótulos são elementos essenciais de informação na relação entre produtos e consumidores. Daí a importância de as informações serem claras e poderem ser utilizadas para orientar a escolha adequada de alimentos. Ler os rótulos dos alimentos é contribuir com a melhoria de sua saúde e a qualidade de vida, pois, se não podemos controlar nossos genes, podemos controlar o que comemos.

Redução do consumo

A orientação individual para reduzir o consumo de sal tem impacto limitado. Já a redução de sal na alimentação de populações inteiras, não somente no tempero que se utiliza na mesa, mas também no processamento de alimentos básicos na dieta, como pães, carnes, cereais matinais, pode ter um efeito mais positivo, principalmente se observado em análises de longo prazo.

Reduzir efetivamente a pressão arterial em uma escala universal requer ações com grande alcance da população. Os governos estão respaldados em grandes constatações epidemiológicas e em inúmeros trabalhos científicos, a assumir políticas ou regulamentos com um enfoque populacional para a redução do consumo de sal,considerando que os aditivos do sal nos alimentos são muito comuns.

No Brasil, além do pão francês, biscoitos, salgadinhos e bolos, também terão o teor de sódio reduzido. Outra ação em vigor é a Campanha Consumo Consciente do Sal, que divulga o preparo do “sal de ervas” em substituição ao sal de cozinha. Profissionais da saúde, principalmente os nutricionistas, também estão nessa luta para conscientizar de crianças a idosos a reduzirem o consumo de sódio.

Nesse sentido, a escola configura-se como espaço privilegiado para ações de promoção da alimentação saudável, por causa do seu potencial para produzir impacto sobre a saúde, a autoestima, comportamentos e o desenvolvimento de habilidades para a vida de todos os membros da comunidade escolar. A seguir, sugerimos algumas atividades que poderão instigar nos alunos a consciência de uma alimentação menos salgada à saúde.

Como reduzir o consumo de sódio

Ao fazer compras:
1- Leia o rótulo dos alimentos
2- Evite os alimentos industrializados, prefira os naturais
3- Evite os enlatados e embutidos
4- Coloque na sua lista de compras vegetais frescos em abundância

Ao cozinhar:
1- Reduza a quantidade e sal na comida
2- Não utilize temperos prontos
3- Abuse das ervas naturais para realçar o sabor dos alimentos

Durante as refeições:
1- Não coloque o saleiro à mesa
2- Não utiliza molhos e condimentos para temperar a salada
3- Evite os sucos em pó ou refrigerantes, prefira os sucos naturais

* Cristiane Kovacs é nutricionista do Instituto de Metabolismo e Nutrição

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