Educação

Acusado de homofobia, ministro da Educação diz que responde a inquérito por defender a Bíblia

Em setembro, Milton Ribeiro afirmou que a homossexualidade seria fruto de ‘famílias desajustadas’

Jair Bolsonaro e Milton Ribeiro. Foto: Reprodução/Redes Sociais
Apoie Siga-nos no

Alvo da Procuradoria-Geral da República por possível crime de homofobia, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, afirmou neste domingo 24 que não tem “vergonha de pregar o Evangelho”. Ribeiro declarou que responde ao inquérito no Supremo Tribunal Federal por defender a Bíblia.

“A Bíblia diz que chegaria um momento em que as pessoas confundiriam o certo e o errado. O inquérito que eu enfrento no STF tem a ver com isso, com algo que Jesus não teve receio de dizer que não é o caminho certo”, disse Ribeiro, citado pela Folha de S.Paulo. A declaração foi feita na Igreja Jardim de Oração, em Santos, litoral de São Paulo.

“Meu coração está tranquilo porque não fui chamado no STF para responder por desvio de dinheiro ou corrupção, mas porque eu disse o que a Bíblia diz”.

Em setembro, o pastor evangélico afirmou, em entrevista ao Estado de S.Paulo, que a homossexualidade seria fruto de “famílias desajustadas”.

“Acho que o adolescente que muitas vezes opta por andar no caminho do homossexualismo (sic) tem um contexto familiar muito próximo, basta fazer uma pesquisa. São famílias desajustadas, algumas. Falta atenção do pai, falta atenção da mãe. Vejo menino de 12, 13 anos optando por ser gay, nunca esteve com uma mulher de fato, com um homem e caminhar por aí”, disse o ministro.

De acordo com o vice-procurador-geral da República, Humberto Jacques de Medeiros, Ribeiro “proferiu manifestações depreciativas a pessoas com orientação sexual homoafetiva”, com afirmações “ofensivas à dignidade do apontado grupo social”.

Em novembro, Milton Ribeiro rejeitou o acordo oferecido pela PGR que poderia livrá-lo da abertura de inquérito por homofobia no STF. Para isso, o ministro teria de admitir que cometeu crime ao fazer as alegações sobre a homossexualidade.

Em manifestação enviada à Corte, ele recusou oficialmente a proposta e pediu o arquivamento do caso. O ministro também reiterou “o seu mais firme pedido de desculpas, já formulado publicamente, a toda e qualquer pessoa que tenha se sentido ofendida pelas palavras proferidas”.

Em dezembro, diante da recusa, o ministro Dias Toffoli determinou que a PF marque o depoimento de Ribeiro.

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.

Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo