Economia

Petróleo continua em queda e já ‘vale menos do que uma pizza’

O mercado petroleiro despencou pela falta de demanda decorrente da pandemia de coronavírus

Foto: DELIL SOULEIMAN / AFP
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A agitação no mercado petroleiro, que despencou pela falta de demanda decorrente da pandemia de coronavírus, persistiu nesta terça-feira 21, depois que, nos Estados Unidos, os produtores tiveram de pagar para vender.

Este quadro arrastou as bolsas europeias nesta terça. Assim, Frankfurt perdia 3,99%; Paris, 3,77%; Londres, 2,96%; Milão, 3,59%; Madri, 2,88%.

“Ontem, alguns achavam que (a queda dos preços do petróleo) poderia afetar apenas o contrato de maio”, ou seja, as entregas de cru confirmadas para este mês. Isso parecia apontar para “fatores técnicos”, para “liquidar rapidamente reservas acumuladas”, explicou à AFP o analista Alexandre Baradez, da IG France.

“Desde o início do contrato de junho (que começou a ser cotado nesta terça), porém, observamos movimentos (de queda) igualmente importantes”, acrescentou o especialista.

Às 13h (horário de Brasília), o barril de Brent do mar do Norte para entrega em junho perdia 25,58%, a 19,02 dólares em Londres, após ter chegado a 18,10 dólares durante a sessão. Foi seu valor mais baixo desde dezembro de 2001.

Já o West Texas Intermediate (WTI) americano para entrega em maio (último dia de cotação) estava a 4,39 dólares o barril, depois de passar a maior parte da sessão no negativo. Chegou a cair em torno de -10 dólares. Na segunda-feira, fechou a -37,63 dólares.

“Nunca pensei que seria possível que o petróleo americano chegasse a valer menos do que uma pizza, ou uma fatia de pizza”, disse Jameel Ahmad, chefe de estratégia de divisas e pesquisa de mercado na FXTM. “Era impensável, mas se tornou realidade para os operadores que o preço do cru americano fosse negativo pela primeira vez na história”, completou Ahmad.

O mercado vem caindo há várias semanas. Os preços negativos fazem os operadores terem de pagar para encontrar compradores que fiquem com o petróleo fisicamente. Esta é uma tarefa complicada no momento em que quase não há capacidade de armazenamento pela queda da demanda.

Nesta terça, vários países-membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) se reuniram por videoconferência, para analisar a “situação dramática” do mercado de cru. Durante esta conferência informal, os participantes “reiteraram seus compromissos para ajustar a produção de petróleo”, segundo os termos do acordo firmado em 12 de abril passado – ainda insuficiente.

Hoje, a Arábia Saudita declarou que acompanha de perto a evolução do mercado de petróleo e que está pronta para adotar “qualquer medida adicional”.

Trump quer plano para setor do petróleo

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, solicitou nesta terça que seu gabinete elabore um plano de emergência para ajudar a indústria do petróleo e de gás. “Nunca deixaremos quebrar o nosso grande setor americano de petróleo e gás”, prometeu o presidente em um tuíte.

Na publicação, Trump anunciou que os departamentos de Energia e o Tesouro americano têm a missão de “colocar fundos à disposição para que essas empresas muito importantes e os empregos (gerados por elas) sejam mantidos no futuro”.

O petróleo é vítima da queda do consumo por causa das medidas que reduziram a mobilidade em todo o mundo, como forma de combater o novo coronavírus. No entanto, sua produção está mantida, em um mercado que antes mesmo da crise já estava sobrecarregado.

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