Economia

Mercado financeiro prevê tombo de 5,11% do PIB em 2020

Projeção de economistas aponta para aumento do déficit primário neste ano

Foto: Rafael Neddermeyer/Fotos Públicas
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Os economistas do mercado financeiro voltaram a reduzir suas projeções para o ritmo de retração do Produto Interno Bruto (PIB) em 2020. Conforme o Relatório de Mercado Focus divulgado nesta segunda-feira 14 a expectativa para a economia este ano passou de retração 5,31% para queda de 5,11%. Há quatro semanas, a estimativa era de baixa de 5,52%.

Para 2021, o mercado financeiro manteve a previsão do PIB em alta de 3,50%. Quatro semanas atrás, o número estava no mesmo patamar.

No Focus agora divulgado, a projeção para a produção industrial de 2020 foi de baixa de 6,38% para queda de 6,90%. Há um mês, estava em baixa de 7,68%. No caso de 2021, a estimativa de crescimento da produção industrial passou de 5,33% para 5,50%, ante 5,42% de quatro semanas antes.

A pesquisa Focus mostrou ainda que a projeção para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB para 2020 passou de 67,00% para 67,50%. Há um mês, estava em 67,25%. Para 2021, a expectativa foi de 69,83% para 69,95%, ante 69,65% de um mês atrás.

Déficit primário

O Relatório de Mercado Focus trouxe, ainda, alteração na projeção para o resultado primário do governo em 2020. A relação entre o déficit primário e o PIB este ano foi de 11,70% para 12 00%. No caso de 2021, foi de 2,60% para 2,80%. Há um mês, os porcentuais estavam em 11,73% e 2,80%, respectivamente.

Já a relação entre déficit nominal e PIB em 2020 passou de 15 00% para 15,30%, conforme as projeções dos economistas do mercado financeiro. Para 2021, passou de 6,25% para 6,50%. Há quatro semanas, estas relações estavam em 15,00% e 6,35%, nesta ordem.

O resultado primário reflete o saldo entre receitas e despesas do governo, antes do pagamento dos juros da dívida pública. Já o resultado nominal reflete o saldo já após as despesas com juros.

Os avanços nas projeções nos últimos meses refletem a expectativa de que, com o aumento das despesas do governo durante a pandemia do novo coronavírus, o País terá um cenário fiscal ainda mais difícil.

Balança comercial

Os economistas do mercado financeiro alteraram a projeção para a balança comercial em 2020 na pesquisa Focus, de superávit comercial de 55,00 bilhões dólares para 55,15 bilhões. Um mês atrás, a previsão era de 55,00 bilhões. Para 2021, a estimativa de superávit foi de 53,35 bilhões para 53,40 bilhões. Há um mês, estava em 52,75 bilhões.

No caso da conta corrente do balanço de pagamentos, a previsão contida no Focus para 2020 foi de déficit de  8,10 bilhões para 7,50 bilhões, ante 7,75 bilhões de um mês antes. Para 2021, a projeção de rombo passou de 15,60 bilhões para 15,10 bilhões. Um mês atrás, o rombo projetado era de 15 60 bilhões.

Para os analistas consultados semanalmente pelo BC, o ingresso de Investimento Direto no País (IDP) será suficiente para cobrir o resultado deficitário nestes anos. A mediana das previsões para o IDP em 2020 seguiu em 55,00 bilhões. Há um mês, estava em51 ,25 bilhões. Para 2021, a expectativa foi de US$ 65,48 bilhões para 66,48 bilhões, ante 65,96 bilhões de dólares de um mês antes.

Câmbio

O Relatório mostrou manutenção no cenário para a moeda norte-americana em 2020. A mediana das expectativas para o câmbio no fim do ano seguiu em 5,25 reais, ante 5,20 de um mês atrás. Para 2021, a projeção para o câmbio permaneceu em 5,00, valor igual ao registrado quatro pesquisas atrás.

Selic

Os economistas do mercado financeiro mantiveram suas projeções para a Selic (a taxa básica da economia) no fim de 2020. O Relatório de Mercado Focus trouxe que a mediana das previsões para a Selic neste ano seguiu em 2,00% ao ano. Há um mês, estava no mesmo patamar.

Já a projeção para a Selic no fim de 2021 caiu de 2,88% ao ano para 2,50% ano, ante 2,75% de quatro semanas atrás. No caso de 2022, a projeção seguiu em 4,50% ao ano, ante 4,75% de um mês antes. Para 2023, passou de 5,75% para 5,50%, ante 6,00% de quatro semanas atrás.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reúne nesta semana. Todas as 48 instituições consultadas pelo Projeções Broadcast esperam manutenção da taxa Selic no nível de 2,0%.

No início de agosto, ao cortar a Selic de 2,25% para 2,00% ao ano, o colegiado informou que “a conjuntura econômica continua a prescrever estímulo monetário extraordinariamente elevado, mas reconhece que, devido a questões prudenciais e de estabilidade financeira, o espaço remanescente para utilização da política monetária, se houver, deve ser pequeno”.

Em função disso, conforme o BC, “eventuais ajustes futuros no atual grau de estímulo ocorreriam com gradualismo adicional e dependerão da percepção sobre a trajetória fiscal, assim como de novas informações que alterem a atual avaliação do Copom sobre a inflação prospectiva.”

No grupo dos analistas que mais acertam as projeções de médio prazo no Focus (Top 5), a mediana da taxa básica em 2020 foi de 1,88% para 2,00% ao ano, ante 1,88% de um mês antes. No caso de 2021, permaneceu em 2,00% ao ano, igual a quatro semanas atrás.

A projeção para o fim de 2022 no Top 5 foi de 4,25% para 4,00%. Há um mês, estava em 4,50%. No caso de 2023, foi de 5,75% para 5 00%, ante 5,75% de quatro semanas antes.

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