Economia

IBGE: Concentração de renda e desigualdade diminuíram com o Auxílio Emergencial

O índice de Gini passou de 0,544 em 2019 para 0,524 em 2020, a maior queda da série histórica do indicador

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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O índice de Gini, que mede concentração de renda e desigualdade econômica, passou de 0,544, em 2019, para 0,524, em 2020, de acordo com dados da PNAD Contínua divulgados nesta sexta-feira 19 pelo IBGE.

O índice representa a maior queda da série histórica do indicador. Houve uma tendência de redução  entre 2012 (0,540) e 2015 (0,524), mas em 2016 voltou a crescer (0,537) e atingiu o maior valor da série em 2018 (0,545). Quanto mais próximo de zero, maior a igualdade de renda entre a população do país

Em 2020, segundo o Instituto, o Nordeste manteve o maior índice de Gini entre as regiões (0,526) e o Sul, o menor (0,457). Na comparação com 2019, a desigualdade medida reduziu em todas as regiões, com destaque para Norte e Nordeste.

“Houve uma piora do mercado de trabalho. Muita gente perdeu ocupação, mas o Auxílio Emergencial segurou quem tinha rendas domiciliares menores. Isso tornou a distribuição de renda do país menos desigual”, afirmou a analista da pesquisa Alessandra Scalioni.

A massa de rendimento mensal real domiciliar per capita foi de 284,6 bilhões de reais em 2020, queda em relação a 2019 (295,2 bilhões). Apesar de o Sudeste concentrar 50,7% dessa massa (144,4 bilhões), apenas o Norte e o Nordeste tiveram aumento nesse indicador (3,6% e 1,4%, respectivamente) no período. Sul (-5,7%) e Sudeste (-5,2%) tiveram as maiores quedas.

Enquanto a parcela dos 10% com os maiores rendimentos concentravam 41,6% da massa, os 10% com menores rendimentos detinham 0,9%. Mas o primeiro grupo perdeu participação entre 2019 e 2020 (-1,2 p.p.), enquanto os de menor rendimento variaram positivamente.

Auxílio Emergencial

A proporção de domicílios com pessoas que recebem outros programas sociais cresceu de 0,7%, em 2019 para 23,7% em 2020. O aumento é explicado pelo pagamento do Auxílio Emergencial, benefício criado no ano passado para diminuir os impactos socioeconômicos da pandemia de Covid-19.

Entre 2019 e 2020, a proporção de lares que recebiam Bolsa Família caiu de 14,3% para 7,2%. De acordo com Alessandra, essa redução se deve à parte dos beneficiários do programa que passou a receber o Auxílio Emergencial. “Se um beneficiário do Bolsa Família recebia um valor menor do que Auxílio Emergencial, ele passava a receber esse auxílio.  Então houve uma migração de pessoas que recebiam Bolsa Família para a rubrica do Auxílio Emergencial”, diz.

Fonte: IBGE

O rendimento de todos os trabalhos compunha 72,8% do rendimento domiciliar per capita em 2020. Os 27,2% restantes se dividiam, além de outros rendimentos (7,2%), em rendimentos de aposentadoria ou pensão (17,6%), aluguel e arrendamento (1,5%) e pensão alimentícia, doação ou mesada de não morador (0,8%).

A categoria outros rendimentos foi a única a crescer nessa comparação. “Houve uma combinação de fatores. O mercado de trabalho sofreu bastante com a pandemia. Por causa do distanciamento social, alguns setores que dependiam de movimentação de pessoas, como o setor de serviços, foram ainda mais afetados. O trabalho em si perdeu espaço. Isso explica a perda da participação do rendimento de todos os trabalhos, que cai de 74,4%, em 2019, para 72,8%, em 2020”, ressalta a analista da pesquisa.

“Por outro lado, há o pagamento do Auxílio Emergencial, o que fez com que os outros rendimentos ganhassem participação na composição do rendimento domiciliar per capita. Mas o rendimento do trabalho continua sendo a principal fonte de renda dos domicílios”, complementa. No Norte, a participação de outros rendimentos aumentou de 5,1% para 12,5%, enquanto no Nordeste foi de 5,5% para 13,7%.

A proporção de pessoas que tinham outros rendimentos atingiu 14,3% em 2020, o que representa 30,2 milhões de pessoas. É a primeira vez, desde o início da série histórica da pesquisa, que esse percentual superou o dos que recebiam Aposentaria e Pensão (12,4%). No Norte (17,5%) e no Nordeste (19,7%), os percentuais dos que recebiam outros rendimentos ficaram acima da média do país.

(Com informações do IBGE)

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