Economia

A Semana do Mercado #7: Copom, Covid e lucro dos bancos dividem atenções

O editor de Finanças William Salasar apresenta as principais tendências da abertura dos mercados nesta segunda-feira 3

O ex-ministro da Saúde Nelson Teich em depoimento à CPI da Covid. Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado
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Copom e Covid dividem as atenções dos mercados com os balanços dos maiores bancos do País, numa semana que já começa com um tema dos mais caros aos negócios e às finanças: a reforma tributária, cujo relator, o deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) deve apresentar seu parecer ainda nesta segunda, defendendo um texto mais completo, em vez do “fatiamento” da proposta como querem o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) e o governo Bolsonaro.

Segundo analistas, a tendência é ele ser removido da relatoria e substituído por alguém mais dócil a Lira e aliados, os quais preferem um projeto dividido em quatro partes, a fim de iniciar as votações por temas mais simples e fáceis de passar na Câmara, deixando as questões mais controversas mais para o fim do ano. Assim, Lira conseguiria fazer a Câmara retomar o protagonismo da agenda de reformas e ofuscar os debates da CPI da Covid no Senado. Como lembrou a Sul América Investimentos em nota a clientes, “o ambiente político esquenta com os primeiros depoimentos da CPI da Covid”. 

Apesar de focada no Ministério da Saúde, comenta-se a probabilidade de o ministro da Economia, Paulo Guedes, também ser convocado a dar explicações sobre as (in) ações do governo Bolsonaro na compra de vacinas e equipamentos para enfrentar a pandemia. Em entrevista exclusiva ao jornal O Globo, no domingo, ele admitiu estar perdendo força no governo, ao dizer que o apoio de Jair Bolsonaro à agenda liberal chegou a 100% nas eleições e murchou para 65%, hoje em dia, embora nos momentos mais críticos o presidente tenha bancado o seu Posto Ipiranga no cargo. Guedes reconheceu: “Estou tendo que lutar dez vezes mais do que eu pensei que fosse lutar”.

Mesmo assim, avalia-se que o Ibovespa tenda a se manter em torno dos 120 mil pontos, sustentado pela safra de balanços (são em torno de 40 nesta semana, incluindo os dos maiores bancos, a começar, hoje à noite por Itaú Unibanco, depois Bradesco e Banco do Brasil – todos com perspectivas de gordos lucros, como Santander mostrou na semana passada. Tanto que, no início do pregão os papéis dessas instituições sustentavam o índice Bovespa no azul. À tarde, porém, o mercado estava sem direção definida, com o sobe e desce das blue chips ligadas a commodities, Petrobras e Vale, que respondem por 21,33% da composição do Ibovespa.

Um dos fundamentos para essa perspectiva de manutenção dos 120 mil pontos, ou mais, reside na entrada de investidores estrangeiros na bolsa brasileira em abril, invertendo a tendência de saída dos meses de fevereiro e março. No mês passado, até o dia 28, ingressaram na B3 7,4 bilhões de reais de investidores não residentes no País. Em fevereiro saíram 6,8 bilhões e em março outros 6,4 bilhões. A entrada de abril, entretanto, nem se compara à enxurrada de 23,6 bilhões de reais de janeiro. 

“No Brasil, a despeito de todos os desafios, ainda há uma agenda positiva em andamento”, escreveu em blog o diretor de investimentos da TAG Investimentos, Dan Kawa, chamando atenção para a disputa pela maior parte dos ativos da companhia fluminense de saneamento Cedae, colocados em leilão na sexta-feira, que foi vencido pelas empresas de saneamento Aegea e Iguá.

Na mesma linha, a Levante Ideias de Investimentos, em boletim a clientes, comenta que o leilão de Concessão Cedae trouxe a perspectiva de investimentos robustos no setor de saneamento básico para os próximos anos. “Os altos valores oferecidos no leilão também ressaltam o apetite de risco dos investidores pelo setor de saneamento”, sustenta a Levante, lembrando que os consórcios vencedores deverão investir cerca de 30 bilhões de reais em infraestrutura de saneamento básico ao longo do contrato de 35 anos, com 12 bilhões de reais devendo ser desembolsados nos primeiros cinco anos, contemplando a universalização da água até o décimo segundo ano da concessão, conforme estabelecido no novo marco regulatório do saneamento.

 Alta esperada da taxa básica de juros, a Selic, a ser decidida na reunião do Copom que começa amanhã e termina na quarta não está afetando a bolsa, dado que o tamanho do aperto já é conhecido: mais 0,75 de ponto percentual, para 3,5% a.a. A expectativa se concentra, assim, no comunicado da autoridade monetária depois da reunião. Primeiro porque, se o Copom tem sustentado que o ciclo atual de alta dos juros seria uma normalização parcial, na medida em que a atividade ainda carece de estímulos, parte do mercado tem criticado o BC por não se limitar a dizer que seu empenho é levar a inflação para a meta em 2022, cujas expectativas começam a subir. O relatório Focus divulgado hoje mostrou uma elevação das projeções de inflação para este ano, de 5,01% para 5,04% – o quarto aumento consecutivo – e de 3,60% para 3,61% em 2022. 

Outra questão relevante diz respeito ao ritmo do ajuste. Pode ser que, por causa da fraca atividade, que o Copom não se comprometa a continuar subindo a Selic em 0,75 pp na próxima reunião (15 e 16 de junho), deixando em aberto a possibilidade de desacelerar o movimento de elevação da Selic a partir de então.

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