Diversidade

Festa de diretora de moda é acusada de racismo nas redes sociais

Para ativistas negras, as mulheres foram retratadas como mucamas na festa de Donata Meirelles, diretora de estilo da revista Vogue

Créditos: Divulgação
Apoie Siga-nos no

A diretora de estilo da edição brasileira da revista “Vogue” e socialite Donata Meirelles viralizou na internet após uma postagem em seu perfil no Instagram. O motivo? Acusação de racismo. Na sexta-feira 8, a socialite comemorou o seu aniversário de 50 anos no Palácio da Aclamação, em Salvador, e vem sendo acusada de usar mulheres negras como decoração do evento.

Nas fotos que circularam, mas que já foram retiradas do perfil de Donata, dá para ver modelos com vestidos brancos e turbantes próximas de uma cadeira em que muitos dos convidados tiraram fotos – a peça, com espaldar redondo, remete ao mobiliário usado nas fazendas dos coronéis. Durante os cliques, as mulheres ficavam posicionadas ao lado, compondo a foto.

As reações nas redes foram imediatas. A rapper Joyce Fernandes, conhecida como Preta Rara, foi uma a reagir contra a festa. “A decoração da festa foi Brasil Colônia Escravocrata, com direito a mulheres pretas vestidas de mucama ambientando a festa e recebendo os convidados, como vimos na foto até o trono da sinhá tinha”, escreveu em seu post no Facebook.

“A branquitude (não estou falando do indivíduo e sim de uma sociedade privilegiada por ter a pele alvo mais que a neve) voltando…A branquitude ama vivenciar o ranço da escravidão, pq a final de contas eles gostariam que não tivesse acabado mas, será que acabou? Vivemos na tal escravidão moderna, onde nossas dores viram fantasias, decoração de festas pra beneficiar o mal gosto das sinhás e sinhóres. A senzala moderna continua sendo o quartinho da empregada”, completou.

A militante negra e escritora Stephanie Ribeiro, de Araraquara (SP), também se manifestou sobre o assunto em suas redes.  “A festa é racista e faz uso da cultura negra de terceiros como enfeite e de pessoas negras como objetos”, escreveu.

Por meio de sua assessoria de imprensa, Donata Meirelles quis esclarecer que a festa pessoal não fazia referência ao período da escravidão, mas ao candomblé. “Nas fotos publicadas, a cadeira não era a de Sinhá, e sim de candomblé, e as roupas não eram de mucama, mas trajes de baiana de festa”, falou. “Ainda assim, se causamos uma impressão diferente dessa, peço desculpas. Respeito a Bahia, sua cultura e suas tradições, assim como as baianas, que são Patrimônio Imaterial desta terra que também considero minha e que recebem com tanto carinho os visitantes no aeroporto, nas ruas e nas festas. Mas, como dizia Juscelino, com erro não há compromisso e, como diz o samba, perdão foi feito para pedir”, complementou.

A justificativa, no entanto, seguiu não agradando. Para Sthepanie, o uso do candomblé também representa um desrespeito à cultura negra. “Quem realmente leva o candomblé a sério não usa como uma decoração. Ou a cultura negra é visto como algo que dá medo ou é algo que é exótico, diferente, festivo. São dois lugares muito desumanos”, declarou ao site Universia.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.

Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo