Cultura

Marcelino Freire: Literatura de firulinha não faz resistência. Assista

O escritor, vencedor de um prêmio Jabuti, fala sobre resistência cultural feita através da literatura marginal

(Foto: Marcelino Freire)
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Vencedor de um Jabuti, a mais importante premiação da literatura brasileira, Marcelino Freire publicou seus primeiros livros de forma independente, ainda na década de 1990, fazendo o que ele chama de “literatura de sovaco”.

Pernambucano, iniciou seus escritos no nordeste, onde estão suas principais referências, como a cangaceira Maria Bonita. “Deixo ela em cima da mesa para lembrar da cabeça degolada, e que não foi à toa todo aquele sangue derramado”, afirma.

Ele explica que a literatura que resiste culturalmente em tempos de cólera – tema da série produzida por CartaCapital, da qual essa reportagem faz parte – é a feita nas bordas e que se impõe.

“Se fala muito em lugar da fala. A literatura de resistência está no grito. É a que está no corpo e que se impõe. Literatura de firulinha não faz resistência.”

Marcelino é um escritor que transita por universos diversos. Das grandes editorias e cursos clássicos de formação, aos saraus na periferia e oficinas independentes. Se tornou um dos principais nomes no engajamento por uma produção literária mais democrática e milita para que a pluralidade de vozes alcance cada vez mais público.

“A literatura que mais me interessa é essa vinda da trincheira. Essa é a mais pulsante, e que é a literatura feita no seu lugar, pelo agente daquele lugar, fazendo seu próprio livro para celebrar a poesia que é feito no corpo. Esse corpo ferido, permanentemente excluído”, explica o escritor, que é também produtor cultural.

Cultura em tempos de cólera

Nos primeiros anos da ditadura, diversas instituições desarticuladas pela repressão iniciaram um processo de resistência e oposição ao governo.

Leia também: Cultura em tempos de cólera: a música dos afetos

A resistência cultural foi uma das formas consagradas de oposição exercidas por intelectuais, artistas, professores e produtores culturais, e produziu por si só um fenômeno político e cultural.

As formas de intervenção social aconteceram, muitas vezes, no terreno das produções culturais, onde os opositores constituíram um espaço de contestação e engajamento.

Logo após as eleições do ano passado, o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos pregou: “Os movimentos sociais são os territórios físicos, sociais e culturais onde as esquerdas se podem curar tanto do sectarismo como do entreguismo.”

Essa reportagem faz parte da série ‘Cultura em tempos de cólera’, elaborada pela CartaCapital com cineastas, músicos, poetas, produtores culturais sobre os caminhos da cultura e da política em um momento de agonia para a democracia.

Colaborou Marina Gamas Cuba*

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