Cultura

Banda instrumental da periferia de SP une metais à percussão

Americanópolis, Capão Redondo, Sapopemba e Ermelino Matarazzo são alguns dos bairros de onde vêm os músicos do grupo cheio de swing

Foto: Divulgação
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Um grupo de jovens se reuniu em dois importantes centros de educação musical na capital paulista e, com o bom resultado inicial, surgiu uma banda instrumental.

“A formação da banda tem como ação embrionária a execução de um arranjo de minha autoria. A partir desse primeiro encontro, começou-se a desenvolver a concepção musical do que viria a ser a Banda Nova Malandragem”, conta Luan Charles, membro-fundador do grupo. A maioria dos integrantes era, em meados de 2017, alunos e ex-alunos da Escola do Auditório Ibirapuera e da Escola de Música do Estado de São Paulo (EMESP).

Agora, o grupo lança um EP, em que ressalta os metais de orquestra com a força rítmica da percussão. Com o nome de Banda Nova Malandragem, os músicos também reforçam a negritude e a própria existência. A produção do trabalho é de Marco Mattoli, do Clube do Balanço.

Com o título do mesmo nome da banda (selo Mundaréu Paulista), o EP tem cinco faixas: Seu Quinócio (composição de Luan Charles; nessa faixa, o músico Jonatas Petróleo recita o texto Canções de Dor, que fala do “cruel mercador de escravos português” no Brasil e a viagem da música por mais de 200 anos pelas gerações de negros), Sampa Rock (Léo Brandão), Gravidade (Marco Mattoli e Roberta Gomes), Moanin (Bobby Timmons) e Seu Quinócio (nesse caso, somente instrumental).

Com origem de diversos locais da periferia de São Paulo, como Americanópolis, Capão Redondo, Sapopemba, Ermelino Matarazzo, Bairro dos Pimentas (em Guarulhos), entre outros lugares, os membros da banda têm variadas formações na música.

“Tendo em vista a atual conjuntura política, social e histórica, a banda se faz mais que necessária ao buscar, concomitantemente às outras manifestações negro-artísticas, uma expressão criativa de narrativas afro-periféricas”, explica Luan sobre o projeto.

O time de músicos

Os membros da banda são: Luan Charles, Atila Silva (trompetes), Everton Martins, Ian Arruda (trombones), Danilo Rocha (sax alto), Léo Brandão (sax tenor), Wellington Souza (sax barítono), Mateus José (baixo elétrico), Gabriel Maia (guitarra), Matheus Marinho (bateria), Lucas Souza, Danilo Rodrigues e Clency Santana (percussões).

Luan Charles, trompetista, arranjador e compositor é um dos fundadores da banda e do Sarau Força Bruta, que acontece na Ocupação Mateus Santos, na zona leste de São Paulo. Já tocou com vários nomes consagrados da MPB. Compõe o corpo docente do Projeto Pimentinhas, lecionando na E.E. Levi Vieira da Maia, em Guarulhos. Desenvolve ainda literatura periférica.

Atila Silva iniciou os seus estudos em 2008 por meio de um projeto social chamado Banda Pimentinhas, na região do Bairro dos Pimentas, em Guarulhos. Em 2014, ingressou na Faculdade Mozarteum de São Paulo, cursando Bacharelado em música – Trompete Popular.

Everton Martins começou em 2009 a estudar na Escola do Auditório do Ibirapuera. Além de trombonista da Banda Nova Malandragem, integra a Banda Aldeia, projeto idealizado e liderado por Nailor Proveta.

Ian Arruda é trombonista da Orquestra Furiosa do Auditório, Big Band Salada Mista de São Caetano e do grupo Klezmer Alpacas. Já se apresentou com vários artistas de renome.

Danilo Rocha é professor de musicalização infantil, Estudou na EMESP e formou-se na Escola do Auditório Ibirapuera. Integra ainda os grupos Quarteto Saxofonando e Banda Aldeia.

Léo Brandão já participou da Banda Sinfônica Jovem do Estado, Banda Sinfônica Paulista, Big Band da Santa, Big Band da EMESP e, atualmente, integra a Banda Nova Malandragem onde é compositor e arranjador. Assim como vários músicos da periferia, ele começou a estudar música na igreja.

Wellington de Souza passou pelos cursos livres da EMESP e atualmente faz bacharelado em saxofone na Souza Lima – Conservatório e Faculdade de Música onde é bolsista premiado pela Latin Grammy Cultural Foundation.

Mateus José iniciou os estudos de música aos 12 anos na Secretaria de Cultura de Francisco Morato, município da Grande São Paulo. Aos 17 anos iniciou o estudo de contrabaixo elétrico e ingressou na EMESP. Hoje, o baixista e compositor compõe música brasileira contemporânea, com fortes raízes na música popular brasileira e na concepção jazzística de improvisação.

Gabriel Maia começou seus estudos na EMESP. Junto com Matheus Marinho e Mateus José, companheiros de banda na Nova Malandragem, formou, em 2019, o Trio Misturada de música instrumental autoral. Com o trio, gravou o álbum Caminho. Em 2019, se mudou para Boston para cursar a Berklee College of Music.

Matheus Marinho iniciou seus estudos em 2012 no projeto Seu Batuta. Estudou na Escola do Auditório Ibirapuera, formou-se em 2018 e hoje atua como assistente de regência da maestrina Debora Gurgel.

Lucas Souza é percussionista. Atualmente cursa Percussão Popular e Erudita na Escola do Auditório Ibirapuera e EMESP. Já tocou com vários artistas de expressão.

Danilo da Silva Rodrigues, do bairro de Itaim Paulista na zona leste de São Paulo, é percussionista e compositor. Passou por grupos de samba e projetos culturais. Faz parte ainda da Banda Lumiô.

Clency Santana, de Guarulhos, fez parte de um grupo de estudos de ritmos brasileiros de percussão e foi integrante do time de ritmistas da escola de samba Império da Casa Verde. Já participou de grupo de estudos de música cubana. Desenvolveu seus estudos com vários mestres da percussão.

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