Política

Prevent Senior: Justiça quebra o sigilo de prontuários de pacientes que morreram de Covid

Outra investigação busca detalhar a distribuição pela operadora do chamado ‘kit Covid’, composto por remédios ineficazes contra a doença

Foto: Divulgação/Prevent Senior
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A Justiça de São Paulo determinou a quebra do sigilo dos prontuários médicos de cinco pacientes da Prevent Senior que falecerem em decorrência da Covid-19. A decisão acolheu um pedido da Polícia Civil, que, junto com uma força-tarefa do Ministério Público de São Paulo, investiga se operadora tratou pacientes, sem o seu consentimento, com o chamado ‘kit-Covid’, ocultou mortes de pessoas por Covid-19 e pressionou médicos a adotarem o ‘tratamento precoce’.

De acordo com o despacho, a Prevent Senior deverá fornecer às autoridades os prontuários médicos de Regina Modesti Hang, mãe do bolsonarista Luciano Hang; Anthony Wong, pediatra; Gésio Amadeu, ator; João Batista Acaibe, ator; e Orando Duarte Figueiredo, jornalista esportivo.

O documento frisou que ‘o direito à intimidade e ao sigilo profissional comportam limitações, tendo em vista o interesse público, não podendo acorbertar a prática de ilícitos’. Os prontuários médicos passarão por perícia médico legal.

“A superação à restrição imposta ao direito ao sigilo justifica-se pela necessidade de se apurar crime de falsidade ideológica em prontuários médicos de pacientes que vieram a óbito durante o combate à pandemia de Covid-19, a causar a omissão da notificação obrigatória de doença e expor a risco inúmeras pessoas, entre as quais profissionais de saúde e de serviço funerário, tratando-se de medida judicial em processo preparatório imprescindível à colheita de provas necessárias à instrução da investigação criminal”, registra trecho do despacho.

O inquérito policial que mira a Prevent Senior tramita no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa e apura se a aplicação de remédios sem eficácia comprovada contra a Covid-19 em pacientes da operadora que vieram a óbito configura crime de homicídio.

Na sexta-feira 22, a operadora assinou Termo de Ajustamento de Conduta proposto pelo Ministério Público de São Paulo em que se compromete a vetar o uso off-label do ‘kit-Covid’ e a realização de pesquisas internas com remédios ineficazes contra o novo coronavírus.

As suspeitas que recaem sobre a operadora vieram à tona na CPI da Covid. Médicos relataram a senadores terem sofrido pressão da operadora de planos de saúde para administrar os medicamentos sem eficácia comprovada do ‘kit-Covid’ em pacientes diagnosticados com a doença sem o seu consentimento em uma pesquisa interna.

Em depoimento à comissão, a advogada Bruna Morato, representante dos médicos que denunciaram a operadora de saúde, acusou o governo federal de firmar um ‘pacto’ com a empresa para validar o ‘tratamento precoce’ e usar o estudo fraudado para confirmar o discurso do Planalto contra o isolamento social.

Também perante os senadores, o diretor executivo da Prevent Senior, Pedro Benedito Batista Júnior, admitiu que a operadora de saúde alterou fichas de pacientes internados em hospitais da rede para retirar o registro de Covid-19, inserindo outra doença no lugar.

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