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Pfizer contatou o governo com ofertas por vacinas cinco vezes em 2020

Detalhes foram dados pelo gerente-geral da farmacêutica Pfizer na América Latina durante CPI da Covid; governo ignorou prazos

Vacina da Pfizer é aplicada em hospital na Alemanha. Foto: Ina Fassbender/AFP
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O gerente-geral da farmacêutica Pfizer na América Latina, Carlos Murillo, em depoimento à CPI da Covid nesta quinta-feira 13, disse que o governo federal recebeu ao menos cinco contatos da farmacêutica no ano passado com ofertas de vacinas, sendo que nas primeiras três formulações apresentadas havia previsão para entrega de doses ainda em 2020.

As tratativas foram feitas principalmente com o Ministério da Saúde, em especial com o ex-secretário Élcio Franco, explicou Murillo.

“Começamos as reuniões em maio e junho. Foram reuniões iniciais e exploratórias. Como resultados, no mês de julho, fornecemos uma expressão de interessa, em que resumimos as condições do processo que a Pfizer estava realizando em todos os países no mundo”, declarou.

“Tivemos outras reuniões no mês de agosto. Em 6 de agosto, o ministério manifestou interesse. Em 14 de agosto, oferecemos nossa primeira oferta – de 30 milhões de doses e de 70 milhões de doses. O cronograma de entrega era o final de 2020 e inicio de 2021”, continuou.

Os contratos eram de 30 ou 70 milhões de doses. Na primeira oferta, feita no dia 14 de agosto, estavam previstos 500 mil doses até o fim de 2020, além de 1,5 milhão para o 1º trimestre de 2021, 5 milhões no 2º trimestre, 14 milhões no 3º trimestre e 9 milhões no 4º trimestre.

Para 70 milhões de doses, a quantidade de doses até o fim de 2020 era a mesma – 500 mil -, além de 1,5 milhão para o 1º trimestre de 2021, 5 milhões para o 2º trimestre, 33 milhões no 3º trimestre e 30 milhões no 4º trimestre.

A segunda comunicação da Pfizer com o governo foi logo no dia 18 de agosto. Neste caso, Murillo explicou que as propostas, devido à ampla concorrência pelas doses no mundo todo, tinham limitação de 15 dias. A Pfizer não recebeu nenhuma resposta, positiva ou negativa, do Ministério da Saúde acerca dessa segunda comunicação.

Já eram ofertadas 1,5 milhão de doses até o fim de 2020, tanto na possibilidade de 30 milhões ou de 70 milhões. A distribuição variava de acordo com os contratos: para 30 milhões de doses, além das 1,5 milhão até o fim do ano, estava prevista 1,5 milhão de doses no 1º trimestre de 2021, 5 milhões para o 2º trimestre, 14 milhões para o 3º trimestre e 8 milhões para o 4º trimestre.

Já para 70 milhões de doses, em 2021, era calculado 1,5 milhão de doses no 1º trimestre, 5 milhões no 2º trimestre, 33 milhões no 3º trimestre e 29 milhões no 4º trimestre.

“Em 26 de agosto, fizemos uma terceira oferta (por 30 e 70 milhões de doses)”, afirmou o presidente da Pfizer na América Latina. Neste caso, para 30 milhões de doses, eram previstos 1,5 milhão de vacinas até o fim de 2020, 2,5 milhão para o 1º trimestre de 2021, 8 milhões para o 2º trimestre, 10 milhões para o 3º trimestre e 8 milhões para o 4º trimestre.

No caso para 70 milhões de doses, mantinha-se a proposta de 1,5 milhão até o fim de 2020, além de 3 milhões de doses no 1º trimestre de 2021, 14 milhões no 2º trimestre, 26,5 milhões no 3º trimestre e 25 milhões no 4º trimestre.

A quarta comunicação foi realizada em 11 de novembro de 2020. Nessa ocasião, a oferta da Pfizer era apenas para adquirir 70 milhões de doses, com entrega a partir de 2021. Estavam previstos 2 milhões de doses para o 1º trimestre, 6,5 milhões para o 2º trimestre, 32 milhões para o 3º trimestre e 29,5 milhões para o 4º trimestre.

Finalmente, na quinta tentativa de acordo com o Ministério da Saúde, feita em 24 de novembro de 2020, a oferta era idêntica à última realizada poucos dias antes, mas com mudanças nas cláusulas contratuais com a nova necessidade da Anvisa aprovar o registro definitivo da vacina para que o contrato fosse bem sucedido.

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