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Negacionismo de Bolsonaro na pandemia é similar ao ambiental
Ações imediatistas e a falsa dicotomia com a economia têm impactos no desenvolvimento do País, dizem pesquisadores
O modus operandi do presidente Jair Bolsonaro em negar medidas de combate à pandemia de Covid-19, como o distanciamento social, o uso de máscaras e a insistência em medicamentos sem eficácia contra a doença, assemelha-se a como ele também lida com ações do ponto de vista ambiental.
É o que sugere um artigo publicado na revista Global Public Health por pesquisadores da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Universidade de São Paulo (USP) e Universidade de Cape Town, da África do Sul.
Eles analisaram mais de 7,2 mil notícias publicadas em grandes jornais brasileiros para identificar quais eram os elementos mais comuns no discurso do presidente da República.
Com a insistência em realizar a dicotomia entre a saúde e a economia, além do uso da ciência a seu próprio interesse — sem considerar o que dizem estudos com critérios –, a argumentação negacionista assemelhou-se àquela utilizada nas épocas de queimadas na Amazônia, afirmam os pesquisadores.
“Seus discursos ambientais afirmam que o tema não deveria inibir a indústria, além de estarem marcados pela suposição que preocupações acerca das mudanças climáticas são alarmistas e um plano internacional para impedir que o Brasil se desenvolva”, escrevem. “Isso não é tão diferente do que ignorar a experiência científica durante a pandemia de Covid-19 e em apresentar uma falsa oposição entre saúde e crescimento econômico”.
“As ações de Bolsonaro têm implicâncias não apenas no combate a epidemias como a da Covid-19, mas também para o desenvolvimento econômico sustentável. Sua urgência em manter a economia funcionando, mesmo com altos custos de morte por Covid-19 e com a destruição da Amazônia, refletem a priorização de ações econômicas de curto-prazo a despeito do custo da sustentabilidade ambiental e social”.
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