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Bolsonaro diz que não é ele quem precisa provar fraudes nas eleições

Sem mais detalhes, o presidente voltou a incitar suspeita a apoiadores. Também acusou Randolfe, Renan e Aziz de trabalhar para reeleger Lula

Foto: Reprodução/Redes Sociais
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Em conversa com apoiadores no ‘cercadinho do Alvorada’ nesta segunda-feira 28, o presidente Jair Bolsonaro disse que não é ele quem precisa apresentar as provas de que há fraudes nas eleições, mas sim quem alega não haver problemas.

“Quando algumas autoridades querem que eu apresente provas de fraude, eu peço que eles apresentem provas de que não há fraude. Simples assim”, disse. “Alguns engravatados de fala mansa dizem que nunca houve nada de concreto que pudesse suspeitar de fraude, mas se você apertar o botão dez mil vezes vai sempre acusar o mesmo resultado”, completou,

“Nós desconfiamos de tudo, só não pode desconfiar do sistema eleitoral”, concluiu antes de passar a questionar o resultado da pesquisa recente do Instituto Ipec, que aponta vitória de Lula ainda em primeiro turno.

“Teve uma pesquisa aí do Instituto Ipec que deu 49% pro Lula, todo mundo vê que é fraude”.

Antes acusou ainda os senadores Randolfe Rodrigues, da Rede, Renan Calheiros, do MDB, e Omar Aziz, do PSD, de trabalharem para reeleger Lula.

“Eles não são patetas, são muito espertos e sabem o que querem. Eles querem o Brasil como era antigamente e viver na impunidade”, disse. “Tiraram o cara [Lula] da cadeira, tornaram elegível para ser presidente na fraude e a fraude é com esse sistema de votação que está aí”, completou.

Bolsonaro chama caso Covaxin de ‘corrupção virtual’

Na conversa, Bolsonaro também questionou os trabalhos da CPI da Covid no Senado, dizendo que inventaram a ‘corrupção virtual’ no caso Covaxin.

“Inventaram a corrupção virtual né. Não recebemos uma dose e não pagamos um centavo”, disse.

A alegação do presidente é de que sem o pagamento ou recebimento das doses não há como dizer que houve corrupção no caso.

‘Não tenho como saber o que ocorre nos ministérios’

Ainda sobre as denúncias de irregularidades no Ministério da Saúde apontadas pelo deputado Luis Miranda (DEM-DF) e seu irmão Luis Ricardo, que é servidor da pasta, o presidente disse não ter como saber o que ocorre nos ministérios que comanda.

“Eu nem sabia como é que estavam as tratativas da Covaxin porque são 22 ministérios. Só o ministério do Rogério Marinho [Desenvolvimento Regional] tem mais de 20 mil obras. [O Ministério da Infraestrutura], do Tarcísio não sei, deve ter algumas dezenas, centenas de obras. Não tenho como saber. O da Damares [Alves, ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos], o da Justiça, o da Educação. Não tenho como saber o que acontece nos ministérios, vou na confiança em cima de ministro, e nada fizemos de errado”, disse.

Corrupção passiva

Diferente do que supôs Bolsonaro, ainda que não tenha sido concretizada a vantagem, se confirmadas as irregularidades, o caso pode ser enquadrado como corrupção passiva.

A avaliação é da cúpula da CPI da Covid. Como explicou o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) no sábado 26.

Apenas a promessa de se obter alguma vantagem indevida já seria suficiente para caracterizar a corrupção passiva. Segundo explicou, o cancelamento do contrato com irregularidades ‘não afastaria a configuração do crime’ e nem apagaria as tentativas dos investigados de obter vantagens.

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