CartaExpressa
Bolsonaro acusa Lula de lotear governo, mas admite relação com Centrão: ‘Não vou negar’
Ex-capitão, no entanto, disse que não há corrupção nos postos loteados pelas legendas em troca de apoio no Congresso
O presidente Jair Bolsonaro (PL) admitiu que o seu governo, ao menos em partes, foi loteado pelo Centrão. A ‘confissão’ ocorre em meio a escândalos de corrupção protagonizados por membros do grupo, como ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP), e Marcelo Ponte, indicado por titular da pasta para presidir o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).
“Alguns cargos foram dados para partidos de centro, não vou negar isso aí”, admitiu Bolsonaro ao falar da sua relação com o grupo. “Agora nós temos esses filtros todos para evitar qualquer desvio que porventura venha acontecer”, acrescentou em seguida em sua defesa.
As declarações foram dadas em entrevista gravada ao podcast Irmãos Dias exibida nesta segunda-feira 11, na qual Bolsonaro insistiu na tese de que não existiria corrupção no seu governo, apenas ‘suspeitas’. Ao menos três escândalos recentes de corrupção envolvendo o FNDE foram revelados na última semana. A oposição atua, inclusive, para instaurar uma CPI para apurar as denúncias.
Ainda sobre sua relação com o grupo, ele também defendeu a política do orçamento secreto, que condiciona o apoio político do Congresso a liberação de emendas parlamentares: “Essa outra parte de emenda ajuda a acalmar o Parlamento. O que eles querem, no final das contas, é mandar recursos para sua cidade.”
Na conversa, Bolsonaro direcionou ataques ao ministro do Supremo Tribunal Federal e presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Edson Fachin. Ao criticar a decisão do magistrado que permitiu a anulação dos processos da Lava Jato contra Lula, Bolsonaro insinuou que o magistrado estaria ‘trabalhando’ para eleger o petista.
“Não tem cabimento essa anulação do processo dele. O ministro Fachin só disse que ele deveria ser julgado em Brasília ou São Paulo e não em Curitiba. Então ele anulou, tornou ele elegível a agora está presidindo o TSE. Ao meu entender, se depender do Fachin ou do voto do Fachin, Lula será presidente da República”, disse Bolsonaro.
Antes, o ex-capitão voltou a afirmar vagamente que Lula já teria ‘loteado’ ministérios e estatais para um próximo governo em 2023. Bolsonaro alega que, para ter apoio de partidos nestas eleições, o ex-presidente já teria, inclusive, escolhido os novos ministros do STF que posteriormente anulariam condenações de aliados. Ele não apresenta qualquer comprovação das acusações.
Relacionadas
CartaExpressa
Lula e Macron lançam plano de 1 bilhão de euros para economia sustentável na Amazônia
Por AFPCartaExpressa
Denunciado por lavagem de dinheiro e falsidade ideológica, Jair Renan se filia ao PL
Por CartaCapitalCartaExpressa
O que o embaixador da Hungria disse ao Itamaraty ao ser questionado sobre esconderijo de Bolsonaro
Por CartaCapitalCartaExpressa
Pai de Mauro Cid vai prestar novo depoimento à PF nesta terça-feira
Por CartaCapitalApoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.
Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.