Política

Veja repercussões dos vazamentos de conversas entre Moro e Dallagnol

Moro, Dallagnol, Haddad, defesa de Lula: bastidores de conversas da Lava Jato repercutiram também fora do Brasil

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As repercussões da reportagem do site The Intercept – que denunciou a troca de mensagens entre Sergio Moro e Deltan Dallagnol, além de outros procuradores da Operação Lava Jato – foi imediata.

O palanque do Twitter deu espaço aos protagonistas do caso e à oposição. O escândalo trouxe à tona as relações de interesse político que mobilizavam a força-tarefa em Curitiba, e já reverbera nos principais jornais do País, assim como em veículos internacionais.

A hashtag #VazaJato e #Moro ficaram nos Trending Topics mundiais na noite deste domingo 9. O ex-juiz, por sua vez, manifestou-se dizendo que uma “leitura atenta revela que não tem nada ali apesar das matérias sensacionalistas”.

O procurador do Ministério Público Federal e coordenador da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol, compartilhou a nota do MPF sobre um ataque de hackers que teve como alvo os procuradores da operação. Destacou que o grupo não se curvaria à “invasão imoral e ilegal”.

Cristiano Zanin e Valeska Martins, advogados de Lula, reiteraram em nota que já haviam apresentado parcialidades envolvendo a força-tarefa da Lava Jato para cortes internacionais, como a da ONU, e apontaram Lula como vítima de ‘lawfare‘ – o que seria a manipulação de leis e procedimentos jurídicos para fins específicos, como perseguição política.

“A atuação ajustada dos procuradores e do ex-juiz da causa, com objetivos políticos, sujeitou Lula e sua família às mais diversas arbitrariedades. A esse cenário devem ser somadas diversas outras grosseiras ilegalidades, como a interceptação do principal ramal do nosso escritório de advocacia para que fosse acompanhada em tempo real a estratégia da defesa de Lula, além da prática de outros atos de intimidação e com o claro objetivo de inviabilizar a defesa do ex-presidente”, adicionaram os advogados.

O ex-candidato à presidência Fernando Haddad, citado nas conversas entre os procuradores como ‘beneficiado’ na corrida presidencial por uma possível entrevista de Lula ao jornal Folha de S.Paulo, declarou que este pode ser o “maior escândalo institucional da história da República”.

Já o PSOL afirmou pelo Twitter que vai atrás de mais explicações por parte dos envolvidos. Eles devem convocar o ministro da Justiça Sergio Moro para depor na Comissão de Constituição, Cidadania e Justiça da Câmara e, também, no Plenário, além de acionarem o Conselho Nacional do Ministério Público.

Mônica Bergamo, jornalista da Folha de S. Paulo que teve a entrevista com o ex-presidente Lula barrada na época, se baseou nas reportagens para criticar os trâmites de cerceamento da imprensa que ocorreram na época do pedido de entrevista.

As mensagens mostraram procuradores da Lava Jato empenhados em barrar as entrevistas por questões partidárias. “Sei lá… mas uma coletiva antes do segundo turno pode eleger o Haddad”, diz uma das envolvidas no suposto vazamento.

Marco Aurélio Mello, ministro do Supremo Tribunal Federal – cargo ao qual Sergio Moro parecia aspirar, segundo Jair Bolsonaro – disse à Folha que a troca de colaborações entre o ex-juiz e o procurador colocava em xeque a ‘equidistância do órgão julgador, que tem que ser absoluta’.

O ministro também defendeu que a troca de mensagens entre Estado acusador e juiz teriam que ser dadas no processo. “Isso tem que ser tratado no processo, com ampla publicidade, […] com absoluta transparência”, disse o ministro à Folha.

Repercussão internacional

Veículos internacionais já comentam sobre o caso. A manchete do jornal francês Le Monde Diplomatique deu que “a investigação anticorrupção sobre Lula visava impedir seu retorno ao poder”.

O Washington Post disse sobre a resposta de Sergio Moro e destacou que o ex-juiz ‘lamentava a ação de hackers’.

A Bloomberg destacou que o vazamento ‘vem em um momento difícil para Jair Bolsonaro’ e que mais complicações políticas estão por vir. “As revelações aconteceram em um momento delicado para o presidente”, disse.

O portal Al Jazeera reportou que os procuradores comprovadamente teriam tramado para manter Lula fora das eleições de 2018.

Do outro lado

A base governista se esforçou para emplacar a hashtag #EuApoioALavaJato ao longo da noite, mas partiu em seguida para outra estratégia de desqualificar a reportagem: a homofobia.

O deputado federal do PSOL David Miranda, que é casado com Glenn Greenwald, editor do The Intercept, afirmou que os ataques vinham porque os opositores ‘não têm meios de abordar o conteúdo da reportagem’.

Os membros do clã Bolsonaro não deixaram de participar das discussões. Carlos Bolsonaro compartilhou link de notícia publicada por sites apoiadores do governo e o irmão Eduardo resgatou um vídeo de janeiro de 2019.

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