Política

“Foi o desfecho menos doloroso”, diz filho de Teori sobre arquivamento

Resultado de investigação apontando acidente como causa da queda de avião de ministro do STF leva conforto à família

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A família de Teori Zavascki está aliviada. Dois anos e quatro dias depois da morte do ministro do STF na queda de um pequeno avião, o Ministério Público Federal anunciou o arquivamento das investigações: a Polícia Federal e os procuradores concluíram que a queda foi acidental.

“Foi o encerramento menos doloroso para toda essa tragédia, com certeza”, afirma o advogado tributarista Francisco Prehn Zavascki, 38 anos. Na época do acidente, ele foi o primeiro familiar próximo a questionar a possibilidade de sabotagem. Um ano depois,  continuava sustentando a hipótese.

Francisco ficou sabendo da notícia pela imprensa: a irmã compartilhou com ele um link pelo WhatsApp. Ainda que não tenha lido o inquérito na íntegra, se diz satisfeito com o desfecho. “Saber que não foi um homicídio traz um pouco de alívio, até uma certa alegria”, completa.

A aeronave que levava o ministro do Supremo caiu ao tentar aterrissar em Paraty (RJ). Então relator dos processos da Lava Jato, Teori Zavascki morreu pouco antes de homologar 77 delações da Odebrecht – maior acordo da operação até ali. Outras quatro pessoas morreram no acidente.

Segundo ele, o motivo de tantas angústias e questionamentos era a demora nas investigações. “Na verdade essa é a primeira e única resposta sobre a morte do pai. Até então só o que tínhamos era dúvida.”

O relatório aponta que a queda foi resultado da imperícia do piloto – mesmo conclusão do Cenipa, órgão vinculado ao Comando da Aeronáutica responsável por esse tipo de apuração. Segundo os procuradores, não mínimos indícios de que a aeronave tenha sido sabotada.

A Polícia Federal ouviu mais de 40 pessoas, analisou documentos de três empresas que fizeram manutenção da aeronave. Também conferiu e dados da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) e do Decea (Departamento de Controle do Espaço Aéreo).

“Lava Jato terminou com a morte dele”

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Em uma das postagem nas redes sociais sobre o caso, o advogado escreveu que políticos do MDB queriam barrar a Lava Jato e, para isso, “derrubaram Dilma”. Para o filho de Teori, a morte inesperada do pai antecipou o fim da Operação, que perdeu ritmo e consistência com a ausência dele.

“O pai previa que a investigação fosse terminar em algum momento, mas na verdade o fim se deu com a morte dele. A falta dele impôs um grande retrocesso à Lava Jato. Mas continuo confiando na Justiça, quem fez coisa errada não vai escapar”.

Francisco também considera que o pai era uma espécie de ‘ponto de equilíbrio’ dentro do Supremo, em meios às vaidades e pressão política da Lava Jato. “Ele tinha um poder imenso de equilibrar forças, e essa característica faz muita falta. Mediar essa corte era o grande papel dele”, brinca.

Ele também lamenta a escolha de Sergio Moro, alçado a ministro da Justiça de Jair Bolsonaro em meio a tantas reviravoltas na Lava Jato e ao impacto da operação nas eleições. “Tenho pra mim que Moro seria melhor como juiz. Mas torço para que eu esteja errado.”

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