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Era Bolsonaro é sombria para liberdade de imprensa, diz ONG estrangeira

Brasil caiu três posições no Ranking Mundial da Liberdade de Imprensa e é o 105º entre 180 países, segundo a Repórteres Sem Fronteiras

Jair Bolsonaro
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A ONG Repórteres sem Fronteiras, localizada na França, divulgou nesta quinta-feira 18 uma análise sobre a liberdade de imprensa em 180 países. A pesquisa fez um levantamento sobre 2018 e o Brasil caiu 3 posições, ficando em 105º lugar.

O estudo leva em conta as respostas de especialistas sobre um questionário elaborado pela RSF. Esta análise qualitativa é combinada com dados quantitativos sobre abusos e atos de violência contra jornalistas durante o período avaliado. Com esse resultado, é feito um ranking com os países mais e menos seguros para a imprensa.

Na conclusão sobre o Brasil, a ONG diz que “a eleição de Jair Bolsonaro como presidente em outubro de 2018, depois de uma campanha marcada por discursos de ódio, desinformação, violência contra jornalistas e desprezo pelos direitos humanos, anuncia uma era sombria para a democracia e a liberdade de imprensa no Brasil”.

Um outro ponto levantado pelo estudo é a violência contra o profissionais da comunicação. A conclusão é que o Brasil é um dos mais violentos contra essa classe. “Com ameaças, ataques físicos durante manifestações e assassinatos, o Brasil continua a ser um dos países mais violentos da América Latina para a mídia, e os jornalistas são frequentemente mortos em conexão com seu trabalho”, afirmou.

Sobre a necessidade de uma regulamentação nos meios de comunicação, o órgão ressalta que “a propriedade da mídia continua muito concentrada, especialmente nas mãos de famílias de grandes empresas, que muitas vezes estão intimamente ligadas à classe política”.

A campanha do WhatsApp

A RSF lembra o papel primordial que o WhatsApp teve na campanha eleitoral brasileira. Pelo aplicativo circularam, por exemplo, informações falsas destinadas, sobretudo, a desacreditar o trabalho de jornalistas críticos ao candidato Bolsonaro. “Neste contexto tenso, os jornalistas brasileiros tornaram-se um alvo preferencial, e são regularmente atacados por grupos disseminadores de ódio, especialmente nas redes sociais”, sublinha o relatório.

 

“A chegada ao poder do presidente Bolsonaro veio acompanhada de um discurso de ódio generalizado pelas equipes do Bolsonaro, mas também por seus apoiadores, que são muito bem organizados nas redes sociais e atacam de maneira direta os jornalistas que divulgam informações que vão incomodar interesses do partido e do presidente do país”, disse, o diretor do escritório da RSF para a América Latina, Emmanuel Colombié, em entrevista à RFI.

Análise global

O levantamento é preocupante para jornalistas do mundo todo. O estudo mostra que cada vez mais a liberdade de imprensa tem se diminuído por todo o planeta. O número de países considerados seguros, onde os jornalistas podem trabalhar com total segurança, continua a declinar, enquanto os regimes autoritários continuam a apertar o controle sobre a mídia.

O país mais seguro e que mais garante a liberdade de imprensa é a Noruega. Já o Turcomenistão, que fica na Ásia Central, está em último lugar. “A Europa continua a ser o continente que melhor garante a liberdade de imprensa, mas o trabalho de seus repórteres investigativos está sendo cada vez mais obstruído”, conclui o estudo.

Com informações da RFI

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