Saúde

‘Bastava fazer o básico’, dizem Médicos sem Fronteiras a Bolsonaro

‘Não posso deixar de apontar o governo federal como o responsável pela falta de qualquer mensagem consistente’, afirmou o presidente da ONG

Mortes pelo coronavírus no Brasil. Foto: AFP
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A atuação do governo federal no combate à pandemia do novo coronavírus, que até o momento vitimou mais de 400 mil pessoas no País, foi muito criticada pelo médico grego Christos Christou, presidente internacional da ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF).

O profissional da saúde esteve no Brasil durante cinco dias para acompanhar a atuação da entidade em Rondônia. Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, o grego afirmou que bastava o governo federal fazer o básico para evitar o número alto de mortes.

“Bastava fazer o básico, adotar as medidas que funcionaram em muitos lugares. Medidas de saúde pública, usar máscara, evitar deslocamentos desnecessários, fazer distanciamento social, usar mensagens consistentes e claras e não negar a gravidade da doença, negar a doença”, afirmou Christou.

“As pessoas veem o presidente e influenciadores promovendo e adotando essas medidas que não funcionam e não conseguem deixar de fazer a mesma coisa.”

‘Kit Covid”

Outro ponto criticado pelo médico foi o tratamento precoce contra a Covid-19 defendido pelo presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores.

“Os médicos que receitam esses remédios fazem mais mal do que bem a essas pessoas, e isso viola o princípio da medicina. Não digo que isso aconteça de propósito, ou conscientemente, e muitas das pessoas nem consultam médicos, vão sozinhas e compram com ou sem receita. É como acontece com tudo –quando o vizinho tomou e disse que funcionou, é a melhor propaganda”, comenta o médico.

“Esse é um problema real. Não posso deixar de apontar o governo federal como o responsável pela falta de qualquer mensagem consistente, de uma abordagem científica, e de uma resposta coordenada, centralizada…. Não vimos em nenhum outro lugar essa situação com kit Covid”

Vacinação brasileira 

Outro ponto criticado por Christou é o ritmo da vacinação no País, que até o momento vacinou apenas 9,7% com as duas  doses e apenas 19,7% com a primeira.

“No Brasil, a taxa de vacinação é decepcionante, considerando que o País tem grande capacidade de fabricação de vacinas e o know-how de campanhas maciças de vacinação”, analisa o médico.

“Com o ritmo de vacinação que temos hoje e pela maneira que as vacinas funcionam, sabemos que não vamos conseguir controlar essa pandemia só contando com as vacinas. Vacina não pode ser vista como panaceia, algo que vai resolver tudo. Vacinação precisa ser acompanhada de testagem e medidas de saúde pública para reduzir a circulação do vírus.”

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