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Sexo anal: quais os cuidados básicos e necessários para quem pratica?

O preservativo previne a maioria das infecções sexualmente transmissíveis do ânus, mas não todas

(Foto: Giovanni DallOrto/Wikimedia Commons)
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Apesar de ainda ser estigmatizado e associado apenas aos homens gays, o uso do ânus para o sexo é uma das mais democráticas formas de se relacionar, pois em teoria todo mundo tem um. Mulheres, homens, cis, trans, hetero, homo, todos podem praticar. Mas não é todo mundo que curte. E existe algum cuidado para quem quiser se aventurar?

Vamos começar com a anatomia do ânus e do reto: seu ânus é uma estrutura circular composta por dois músculos: o esfíncter anal externo (que conseguimos contrair e relaxar voluntariamente) e o esfíncter interno (que possui controle involuntário, ou seja, independente da nossa vontade). Já o reto é o final do intestino grosso, possui em torno de 15 cm e é onde ocorre a maior parte do intercurso anal.

Para que ocorra uma relação prazerosa e sem desconforto devido à dor intensa, é necessário que haja o relaxamento desses dois músculos. Não é todo mundo que consegue e a dor é um termômetro de que seu esfíncter, principalmente o interno, ainda não relaxou totalmente. Algumas dicas podem facilitar esse processo:

  • Abuse do lubrificante, pois o ânus não possui lubrificação natural como a vagina, e evite o uso de anestésicos locais que podem mascarar a dor causada por alguma lesão;
  • Prefira posições como o passivo ir por cima ou de lado, pois assim ele tem mais controle da profundidade e da velocidade que está sendo penetrado;
  • Não se estimule (pênis ou vagina) durante a primeira penetração. Espere entrar tudo e sentir que está confortável, pois esse estímulo causa contrações da musculatura pélvica e dificulta o relaxamento do esfíncter;
  • Antes do sexo, às vezes é necessário realizar uma pequena lavagem, também conhecido popularmente no meio LGBT como “chuca”. Como a penetração anal ocorre basicamente no reto, não há necessidade de usar grandes quantidades de água (100-150 mL), que podem ser substituídas pelos enemas vendidos em farmácia.

Se mesmo com esses cuidados, ainda continuar apresentando dores intensas, sangramento após as relações ou coceira na região anal, talvez seja interessante marcar uma consulta com um médico coloproctologista para avaliar a presença de doenças dessa região, como hemorróidas, fissuras e fístulas.  O tratamento dessas afecções pode auxiliar quem tem dificuldade na hora do sexo.

Não esquecer da prevenção das infecções sexualmente transmissíveis (IST) do ânus: o surgimento de feridas, corrimento anal e verrugas podem indicar a presença de alguma doença contraída durante o sexo. O preservativo previne a maioria delas, porém não todas. A base do pênis, saco escrotal, dedos e sexo oral no ânus podem transmitir essas infecções.

Por isso, além da camisinha, é importante o uso do lubrificante e não de saliva para deslizar melhor e evitar o atrito e possíveis lesões. A consulta regular com um médico coloproctologista também ajuda na prevenção de lesões graves pelo vírus do HPV, que além das verrugas também aumenta o risco do câncer de ânus. Por isso é recomendável uma consulta anual para realização de exames, assim como as mulheres e homens trans devem fazer na prevenção do câncer do colo de útero com o papanicolau.

Vamos voltar nesse assunto algumas vezes nessa coluna, mas esses cuidados básicos já devem fazer parte da rotina dos praticantes do sexo anal.

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