Colunas e blogs
A maconha, muito além do baseado
É possível evitar a fumaça e continuar aproveitando as propriedades da erva, seja com óleos ou dezenas de alimentos
[Este é o Blog do Hempadão em CartaCapital. Acesse aqui o site]
Os países que legalizaram a cannabis vêm aproveitando outras formas de consumir a substância, além do tradicional cigarro. É possível evitar a fumaça e mesmo assim aproveitar seus benefícios recreacionais e terapêuticos, seja por meio da vaporização, óleos ou uma boa variedade de comidas e bebidas.
Especialmente para quem busca o uso medicinal, é importantíssimo ter acesso a novas formas de uso, já que inalar os gases quentes de um baseado pode ser ruim para quem já sofre com alguma enfermidade. Por isso a vaporização vem se tornando cada vez mais popular. A maconha ainda é fumada, mas, comparada com o baseado, a fumaça se torna bem mais leve, fria e menos densa.
Não ocorre combustão, a erva é aquecida apenas até o ponto de liberar os canabinóides, que geram o efeito psicoativo. Sobra, dentro do vaporizador, uma erva com aparência torrada, mas que não virou cinza.
Para utilização da maconha em crianças, é evidente que fumar é uma péssima opção e, por isso, é muito comum a escolha de óleos concentrados. No Brasil, essa possibilidade ficou mais conhecida com a luta de famílias que buscaram na Justiça o direito de importar as seringas do óleo canábico, capaz de reduzir de maneira significativa crises de epilepsia e outras enfermidades.
Maconha para comer
Nos locais onde a erva já é legalizada, também existe uma ampla variedade de opções de uso, com ou sem efeito psicoativo, na forma de bolos, biscoitos, leite, manteiga, azeite e uma infinidade de outras opções que a indústria alimentícia segue colocando nas prateleiras.
Até a Coca-Cola estuda a elaboração de uma bebida com canabidiol (CBD). O assunto ainda é tratado de forma sigilosa, mas a empresa está em conversações com a Aurora Cannabis, produtora canadense de maconha, para desenvolver o novo produto.
O usuário não fica limitado apenas aos produtos oferecidos nos supermercados. É possível pegar alguns alimentos que servem de bases para diversas receitas (como farinha, azeite e manteiga), ativá-los com maconha para criar vários pratos salgados ou doces. A cannabis é lipossolúvel, bastando alguma substância gordurosa para dissolver todos os canabinoides.
➤ Leia também: A Copa da Maconha na Califórnia
A possibilidade de cozinhar com maconha despertou a curiosidade de chefs que podem colocar a erva na panela sem medo de invasão policial. Diversos restaurantes com cardápio canábico já funcionam nos locais onde a erva foi legalizada nos Estados Unidos, Uruguai e até no Chile (neste caso o alimento é destinado apenas a pessoas autorizadas a fazer o uso medicinal).
A maconha legalizada é vendida com uma grande variedade de cepas, com diferentes gostos, aromas e concentração de canabinoides. Encontrar o tipo de maconha mais adequada para o prato que será preparado se torna um grande desafio para um novo ramo da gastronomia.
No Brasil que ainda proíbe a maconha, tudo isso parece ser uma realidade bem distante. O tema ainda provoca reações debochadas de quem duvida que o vegetal possa ser usada como remédio ou alimento. As flores que chegam prensadas e maltratadas nas bocas de fumo de todo país não ajudam a mudar essa forma de pensar, infelizmente ainda dominante.
Mas como a mudança na forma de entender a maconha é um movimento internacional e, aparentemente, irrefreável, visite o Hempadão para conferir uma lista de 68 alimentos que a utilizam como ingrediente.
O Hempadão é um blog especializado em cultura canábica atuante desde 2009. Jornalismo e entretenimento com pitadas de poesia e informação. Saiba mais em http://hempadao.com/ ou fale conosco em [email protected]
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.
Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.