Diversidade

De mãe para filha, amor que passou para o time rival

Como toda mulher que gosta de futebol, minha mãe me ensinou os cuidados que se deve ter em ser mulher e ir ao estádio sozinha

(Foto: Agência Palmeiras)
Apoie Siga-nos no

Já estamos cansados de ouvir aquela velha história contada pelos meninos: aprenderam a gostar de futebol com o pai e herdaram o amor pelo time de coração. Também escutamos o quanto é incrível ir ao jogo com ele e dividir toda aquela emoção de comemorar um gol com alguém que você ama e que tanto te ensinou.

Hoje, vou contar uma história um pouco diferente: a minha história. Ao contrário dos meninos que têm o futebol como um amor que veio do berço, eu tenho um amor que veio do útero.

Sim, minha mãe foi a pessoa que me ensinou a amar esse esporte e cresci vendo ela acompanhar os jogos do seu time, seja pela televisão, seja pelo radinho de pilha. Nessa história que até então pode ser semelhante com a de muitos garotos, tem  mais uma diferença: eu escolhi amar o time rival.

Se você acha que isso nos afastou, eu sinto te informar que errou no palpite, isso só nos aproximou. Ter a pessoa que te ensinou a amar futebol torcendo pelo time rival é ter sempre uma zoação com carinho, mas sempre acompanhada de uma tristeza pela sua escolha.

Como toda mulher que gosta de futebol, minha mãe me ensinou os cuidados que se deve ter em ser mulher e ir ao estádio sozinha, um ambiente que, infelizmente,  pode se tornar perigoso para nós.

Pensando nisso, alguns meses atrás decidimos ir juntas ao estádio e desde então aprendi a assistir o jogo do rival, sem torcer contra. Essa, sem dúvidas, foi uma das experiências mais diferentes que já tive.

Ir ao jogo de um time que não é o seu, perde um pouco todo aquele nervosismo, você apenas torce para ser um bom jogo e valer o valor do ingresso.

Mesmo assim, você ainda consegue ficar fascinada com o que é o futebol em si e um estádio lotado: milhares de pessoas reunidas por um único sentimento.

Leia também: A regra é clara: deixem elas jogarem!

É o momento em que as pessoas esquecem os seus problemas e se concentram apenas em apoiar o seu time. É o momento em que se abraça quem você nem conhece e abraça ainda mais forte quem você conhece. É a alegria de ficar sem voz por uma boa razão.

Mesmo aquelas pessoas não tendo o mesmo sentimento que o meu, é de arrepiar sentir o tamanho desse esporte e saber que não é só futebol, nunca será. Cada um ali tem a sua história, as suas relações criadas pelo futebol e os amores construídos por ele.

Ir ao estádio para assistir o jogo do rival é uma das maiores provas de amor que posso dar e isso não diminui o amor pelo meu time.

Essa história não é só sobre futebol. É sobre saber que alguns sentimentos nascem com a gente. É sobre fortalecer laços pelo esporte. É ser uma pela outra e cada uma pelo seu time do coração. É sobre conciliar os dois maiores amores do mundo e juntá-los.

Apesar de toda experiência e amor materno, você já sabe, amores, amores, campeonatos a parte. Então, desculpa aí, mãe, mas o Estadual deste ano é meu.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.

Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar