Futebol por Elas

Até quanto vale o futebol?

Cultura das massas, cada vez mais o futebol é encarado como mercadoria

(Foto: Lucas Figueiredo/ CBF)
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O termo “indústria cultural” apresenta a ideia de que, assim como as indústrias, que fabricam produtos visando o consumo, a produção de bens culturais também tem interesse no consumo em grande quantidade, de forma que gere lucros para si e provoque adesão da população ao sistema dominante, evitando reviravoltas na sociedade.

A cultura, então, passa a ser comandada pela indústria, que junta o conhecimento com o entretenimento, o que pode gerar alienação do público, já que a indústria cultural não fornece oportunidade para que o receptor da mensagem tenha uma consciência crítica autônoma, de maneira que o indivíduo recebe a informação de forma passiva.

O futebol, então, pode ser visto como um produto dessa indústria, em que seu consumo é visto como um meio de desviar a atenção do indivíduo em relação às causas sociais do país. Como exemplo disso, podemos citar a Copa do Mundo de 1970, em que o Brasil enfrentava a ditadura militar, mas a população se virou para prestar atenção no evento e esqueceu o estado caótico em que o país se encontrava, ainda mais por ter conquistado o tricampeonato na competição.

Dessa forma, pode-se afirmar que o futebol tem se tornado espetáculo midiático, que visa o lucro através da mídia, a qual faz com que as pessoas se desconectem das problemáticas do país e do mundo.

Além disso, pode-se perceber que o jogador tem se tornado um objeto, no qual são atribuídos valores de mercado, sendo ainda como um modelo social, ou seja, um herói para a população e exemplo do que a população busca seguir, sendo, por isso, alvo de campanhas publicitárias.

As camisas dos jogadores se encheram de logos de patrocinadores e desfilam por aí no corpo de torcedores; no campo, os jogadores não se identificam mais por um time e não permanecem nele por mais de 5 anos. O futebol torna-se um produto de compra e venda, uma mercadoria cada vez mais valiosa nesse contexto de esporte-espetáculo.

A espetacularização desse esporte motivou a introdução das relações mercantis seja nas questões salariais que ultrapassam os 8 dígitos mensais ou pelo crescimento de eventos esportivos de entretenimento de massa para serem comercializados como espetáculos. Assim, o profissionalismo dos atletas e técnicos contribui para um progressivo distanciamento daquele futebol de caráter recreativo, amador e educacional.

O valor do jogador é dividido em duas categorias: campo e extracampo. No campo, é levado em questão a idade do jogador, qualidade técnica, posição em jogo e os aspectos táticos (comportamento dentro de campo). Já no extracampo, o foco é externo a tudo aquilo que o jogador realiza durante os jogos. É visto os campeonatos que ele participa, experiência internacional, retorno de marketing publicitário, quantidade de convocações para seleção, entre outros interesses do mercado midiático.

Incrivelmente, o extracampo mostra-se muito mais elevado, devido a intensa influência publicitária na carreira dos jogadores, já que ao estrelarem uma campanha ou lançarem um boneco, alcançarão público de compra devido a seu destaque.

Pode-se afirmar que os meios de comunicação, atrelado ao interesse de entretenimento, soube usar o futebol a seu favor, de maneira que o esporte adquiriu destaque na sociedade, então, pessoas dedicam momento do dia para acompanhar o time, gerando audiência para a mídia, além de atrelar patrocínios para si e assim render dinheiro.

Assim sendo, o esporte, por ter uma popularidade imensa, tem se tornado um produto de compra venda, em que os jogadores são objetos, utilizados para atrair o público e controlar movimentos políticos e sociais. Além de serem utilizados para propagar uma marca ao fazer propaganda para a mesma, possuindo, então, interesse dos espaços midiáticos devido a sua imagem e ao que ela poderá acarretar para a empresa.

Leia também: O esporte pede socorro

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