Fashion Revolution

Por uma moda mais democrática!

Quando sairmos dessa crise, o mundo será diferente. E o olhar para inclusão é o que vai se destacar

Inclusão é um dos pilares da sustentabilidade. Foto: @artnandx
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*Por Luiza Tamashiro

A pandemia está nos fazendo repensar a maneira como compramos, trabalhamos, viajamos e nos reunimos. Quando sairmos dessa crise, o mundo será diferente. O psicológico do mercado será diferente. Os negócios serão diferentes. O consumo vai mudar. E o olhar para inclusão é o que vai se destacar! 

A moda que vai fazer sentido e que vai representar o mundo pós covid-19 será muito mais humana, sustentável e atenta as práticas de impacto positivo, será mais solidária e preocupada com a saúde de todos os envolvidos em sua extensa cadeia de valor e consumidores e o olhar estará mais atento para incluir à todas as pessoas. 

O trabalho com moda deve ser focado na autonomia e desenvolvimento das pessoas. Capacitar e treinar profissionais nacionais com o olhar para a inclusão por meio do incentivo em desenvolvimento cultural, intelectual e emocional, resultando em mão de obra qualificada para desenvolver as atividades pertinentes e com remuneração justa para todos os setores da cadeia, onde as mudanças devem seguir o caminho de ter um desenvolvimento sustentável e inclusivo.

A discussão da inclusão e acessibilidade deve ir além da roupa, do corrimão, rampa; precisamos tirar este consumidor do lugar de invisibilidade, trazê-los ao centro, escutar suas reais necessidades para melhor atendê-las. 

Uma moda acessível tem como principal objetivo dar autonomia ao se vestir e proporcionar o bem-estar das pessoas, levando em consideração as necessidades físicas, sensoriais e auditivas mas também olhando de uma forma ampla para a diversidade de corpos, sem abrir mão do conforto, do design e do estilo, proposta inserida dentro do que chamamos Design Universal.

 

Design Universal ou Design Inclusivo, que significa “design que inclui” e “design para todos”, é focado no design de produtos, serviços e ambientes a fim de que atendam o maior número de pessoas possível independente de idade, habilidade ou condição. 

De acordo com o último censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2010, cerca de 45,6 milhões de brasileiros (23,9% da população) possuíam alguma deficiência. A deficiência pode ser classificada como física, visual, auditiva, mental, psicossocial ou múltipla, quando existe a associação de duas ou mais deficiências.

A moda para ser acessível precisa se aliar a tecnologia para inovar na criação de suas peças. Essas mudanças permitem a criação de um design funcional e fashion, atemporal e sem gênero, pensada para a diversidade de corpos e  suas características, ao invés de se olhar somente para a deficiência. Designers bonitos e inovadores, é o que todos procuramos quando vamos às compras! 

Ouvir o público é o primeiro passo para fazer uma coleção de moda acessível. Envolve pesquisas em conjunto com fisioterapeutas e familiares também. A proposta do design é dar acessibilidade para as pessoas! 

Destaque para a diminuição do uso de aviamentos que consequentemente gera menos impacto ambiental, uso do botão de colchete que abre e fecha sem precisar de força, a substituição quando necessária de botões por zíper e o deslocamento de costuras. Além disso, a inclusão de bolsos em lugares estratégicos e a inserção de elástico em calças jeans e mangas de blusas, etiquetas em braille, QR code, cabides que guardam as informações das roupas, peças fáceis de regular, modelagem ampla, calçados modulares entre outras alternativas, visam oferecer praticidade e conforto a quem usa. E também empodera e eleva a autoestima. 

O mercado de moda inclusiva tem se expandido no Brasil, representando um nicho promissor, segundo o relatório do Sistema de Inteligência Setorial do Sebrae (2015). 

Este consumidor, tem desejos, vontades, poder de compra e vaidade.

A moda é comunicação, é um instrumento de inclusão e o corpo é o seu principal veículo. Cada um se comunica de forma diferente e tem seu próprio estilo ou o define diariamente de acordo com o seu humor, buscando no que veste conforto, autonomia e representatividade. A maior possibilidade de opções não deveria se restringir apenas ao corpo classificado “padrão”. A invisibilidade da integração da diversidade de corpos leva a refletir: será que a deficiência não está, na indústria da moda?

*Sou a Luiza Tamashiro. Vegana, mãe, comunicóloga, pesquisadora das relações humanas, escritora, consultora de negócios, designer, produtora e publicitária. Fundadora, coordenadora de projetos e de conteúdos da RELab. A RELab é um Hub Criativo que reúne vários profissionais de diversas áreas, onde trabalhamos com pesquisas nos campos de Design focado em inclusão e sustentabilidade. Não estaremos falando de sustentabilidade enquanto não estivermos incluindo à todos de fato. A Inclusão é o 4° pilar da Sustentabilidade!

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