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Comunidades, flora e fauna devastadas pelo fogo no Pantanal: como ajudar neste momento?

Beatriz Bianco, coordenadora da Comitiva Esperança, relata a dura realidade que acomete o bioma em chamas

Foto: Claudia Andujar Foto: Claudia Andujar
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Por Bárbara Poerner*⠀

O Pantanal sofre com queimadas há anos, mas em agosto e setembro de 2020 os índices bateram recordes. O bioma teve cerca de 21% de sua área devastada pelo fogo (Prevfogo), o que representa uma crescente de 210% em relação a 2019 (INPE). Beatriz Branco, coordenadora da Comitiva Esperança, conta que “a situação no pantanal é de calamidade absoluta, as comunidades tradicionais passam fome, e além disso a flora e fauna está sendo dizimada”.

A organização faz um trabalho de base na região, com brigadas de incêndio e amparo, principalmente, às comunidades e famílias locais.

Escrevemos com cinzas a história da maior floresta úmida do planeta


A origem das queimadas é estudada e perícias de órgãos governamentais, como do Centro Integrado Multiagências de Coordenação Operacional (Ciman), indicam que a maioria é provocada pela ação humana. A pólvora são interesses econômicos: queima-se a floresta, principalmente, para criação de gado e produção de soja (principal alimento para o primeiro). É também recorrente na Amazônia, onde 80% das áreas desmatadas são ocupadas pela pecuária, conforme relatório da Procuradoria do Meio Ambiente do Ministério Público Federal.

Junto a isso, a fiscalização caiu rigorosamente. Autuações relacionadas a queimadas e desmatamento diminuíram 22% em 2020. O Ibama perdeu aproximadamente metade do seu efetivo de fiscalização. Bianco coloca que “o governo não está fazendo o necessário”, e que devemos nos mobilizar enquanto cidadãos para proteger nossas florestas.

A realidade para as comunidades ribeirinhas

As comunidades ribeirinhas ou tradicionais são, normalmente, aquelas que vivem às margens dos rios, tendo como atividade predominante a pesca artesanal e outras complementares, como coleta e comércio de iscas vivas e criação de animais e alimentos para subsistência. Sua base econômica está pautada no uso e manejo de recursos naturais renováveis.

Conforte a EMPRABA (2019), às margens do Rio Paraguai vivem cerca de 400 ribeirinhos distribuídos em quatro principais comunidades: Barra do São Lourenço, Paraguai Mirim, São Francisco e Porto Amolar, além de núcleos familiares menores como na região do Chané e ao longo dos rios Paraguai e Cuiabá.

Durante as queimadas, estas comunidades estão sendo duramente afetadas. “Pode ser que a gente tenha que retirar as famílias dessas casas e buscar abrigos emergenciais”, relata Branco, pois é impossível saber até onde o fogo vai alcançar. Além dos problemas respiratórias por conta da fumaça e do risco eminente de morte, ela também conta como “os pescadores não conseguem pegar peixes, pois o rio está baixo e muitos de seus barcos foram queimados durante as queimadas; as hortas que tinham para se alimentar foram queimadas”.

O que podemos fazer?

O que pega fogo junto do Pantanal é nossa biodiversidade, milhares de espécies de plantas, centenas de espécies de animais. Diante do cenário, Branco destaca que é um momento de união, e que “todos nós temos habilidades que podemos utilizar nesse momento” para amparar de alguma forma, dentro de nossas possibilidades.

Muitas pessoas manifestam interesse em ajudar presencialmente, mas a coordenadora explica que o enfrentamento ao fogo exige preparo e organização. Como outras medidas emergenciais, ela destaca apoiar financeiramente organizações que já realizam este trabalho de base com pessoas, floresta e animais. Conheça algumas iniciativas: Ecologia e Ação; SOS Pantanal; Ampara Silvestre; Pantanal Relief Fund; Instituto Homem Pantaneiro; Instituto Arara Azul; Onçafari; Acaia Pantanal.

Além disso, você pode divulguar e compartilhar informações sobre a situação do Pantanal, Amazônia, e porque isso acontece; cobrar e exijir uma postura de representantes e instituições políticas em vigor, como Ministério do Meio Ambiente, deputados, senadores, etc.; em tempos de eleições municipais, ficar atento à agenda e propostas dos candidatos sobre pautas relacionadas, como meio-ambiente.

Para saber mais, assista a conversa de Fernanda Simon com Beatriz Branco sobre a realidade pantaneira frente às queimadas.

*Bárbara Poerner Pereira, 23, é escritora, redatora no Fashion Revolution Brasil e cofundadora do pré-vestibular comunitário Cursinho do Zinga. Escreve, lê e pesquisa sobre outras formas de pensar e fazer moda, no mesmo compasso que busca revolucionar esse sistema. @barbarapoerner

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