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Uma data importante para a comunidade muçulmana xiita

Seguidores de todo o mundo celebram o nascimento do Iman al Redha, o oitavo da linhagem da casa do profeta Mohammad

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Esta semana foi celebrado no Irã e também em diversas partes do mundo pela comunidade muçulmana xiita o nascimento do oitavo Iman, ou guia da linhagem da casa do profeta Mohammad (a paz seja com ele), o Iman Al Rheda (s.a.) que completaria 1003 anos. Ele é um dos 12 Imans da nossa crença e sua celebração é um grande acontecimento na cidade sagrada de Mashad, no Irã, que reúne milhares de pessoas que concorrem a seu santuário.

Após o falecimento do profeta Mohammad (a paz seja com ele), descendentes da família do profeta continuaram a empunhar a bandeira do islã. Um total de 12 Imans ou guias, que foram todos martirizados e deram suas vidas pela causa do Islã. O profeta havia dito: “Me sucederam 12 califas da minha linhagem”.

O Iman al Redha nasceu em Medina no ano 765 d.C. e era neto do Iman jafar Açadeq. Seu pai foi o Iman Mussa bin Jafar, Al Cazen, e sua mãe foi uma escrava, Tacatom, Ättahera, “a pura”. Ele assumiu a responsabilidade de guiar a comunidade islâmica os 35 anos, após o martírio de seu pai, assassinado durante a cruel dinastia Abasida do califa Haron Rashid. Haron Rashid foi tão famoso que até mesmo foi citado no livro “As mil e uma noites”, uma compilação de um livro persa.

O Imam al Redha tinha uma vida dedicada a religião e ao combate dos desvios dos califas. Havia escolhido viver com simplicidade. Se deitava sobre uma esteira no chão para dormir, comia pouco e rezava muito, não fazia distinção entre pobres e ricos, raças ou gênero. Se sentava com as pessoas para comer e ampliava as reuniões para que os pobres e serventes pudessem participar, o que incomodava algumas pessoas arrogantes. Conhecia a botânica e várias ciências e se transformou em um líder muito admirado por seu nível cultural e humildade.

Ele empreendeu viagem ao mundo islâmico desde Medina até Basra no Iraque falando diretamente com as pessoas sobre o islã das origens e sua filosofia mais profunda. Também conhecia e formulou jurisprudência. Os abássidas, assim como os Omiadas, eram usurpadores do califado e do islã e oprimiam o povo e perseguiam os muçulmanos ligados à família do profeta.

Quando o sucessor de Haron Rashid, Al Mamun, chegou ao poder, mudou a tática de governar, percebendo que a revolta popular estava prestes a se insurgir contra seu governo por influência  destas ideias subversivas. Chamou o Iman al Redha para ser o califa e assumir o califado, mas o Iman al Redha se recusou, pois percebeu que Mamun queria apenas usá-lo para conquistar alguma popularidade especialmente entre os Álidas, como eram chamados os seguidores da família do profeta daquela época.

Mamun girava da política praticada há mais de 70 anos, de penas de morte e opressão aos levantes, para fingir estar ao lado do líder popular que falava em liberdade e igualdade enquanto os califas viviam apenas para defender suas riquezas materiais.

A manobra de Mamun visava sufocar as rebeliões e controlar o Iman, que tinha muito prestígio entre as massas por sua sabedoria e acercamento popular. Por trás deste convite também já estava traçado o plano de matar o Iman al Redha, que se recusou a estar ao lado de Mamun.

Os abássidas queriam controlar o Iman Redha e impedir que as pessoas se relacionassem com ele. Diante da recusa do Iman, Mamun se enfureceu e disse que se o Iman se recusasse a aceitar seu convite ele jurou por Deus que cortaria a cabeça do Iman al Redha.

O Iman disse que seria califa mas colocou certas condições, entre elas a de que não fosse Mamun quem indicasse o seu sucessor. Mamun fingiu aceitar o acordo e mandou seus agentes espionarem o Iman dia e noite e o Iman viveu como em exílio antes de morrer.

Mamun, que já havia planejado o assassinato de seu próprio irmão Amin para ficar com o poder das províncias da Mesopotâmia, não hesitou em planejar a morte do Iman al Redha: colocou um veneno tão letal em sua comida que o Iman mal acabou de comer e já caiu morto. Mamun escondeu o corpo do Iman al Redha por um dia e depois o entregou a seus parentes dizendo que ele havia morrido de morte natural.

O povo desconfiou de Mamun e foi ao palácio, mas ele habilmente se livrou da multidão dizendo que o velório do Iman havia sido transferido para outro lugar e todos foram para lá.

O Iman al Redha foi sepultado ao lado do califa Haron Rashid, assassino de seu pai, e sua sepultura acabou se transformando em um santuário em Mashad, que é uma das maiores sepulturas do mundo, com turistas do mundo inteiro dia e noite pedindo a intercessão do Iman al Redha a Deus. Cerca de 20 milhões de peregrinos anualmente confiam suas desesperanças a este Iman, considerado protetor dos humildes.

Um de seus milagres: Quando saía de uma cidade rumo a Mashad, na hora da oração não havia água e o Iman apenas removeu com as mãos um pouco da terra e brotou um riacho que existe até hoje.

Um dos muitos ditos do Iman al Redha: “A fé é superior ao islã e abster-se do pecado é superior à fé e a certeza de Deus é superior a abster-se dos pecados”.

Este texto não reflete necessariamente a opinião de CartaCapital

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