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Um novo Céu e uma nova Terra são possíveis?

Procurando entender o porquê da existência de tanta miséria no mundo, podemos inferir que o sistema financeiro é o grande culpado

(Foto: Raphael Alves/AFP)
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Em um mundo com tantas injustiças, desigualdades e explorações impostas por uns poucos sobre multidões; onde predomina o poder econômico das grandes corporações financeiras que almejam grandes lucros em curto prazo, ainda que isso cause danos irreparáveis sobre povos e nações; onde centenas de milhões de pessoas vão dormir com fome todos os dias, somos obrigados, como cristãos, a fazer uma parada em nossas atividades para refletirmos sobre esta realidade.

O que passa na mente e no coração dos poderosos homens do mercado, detentores de um poder capaz de manipular a sociedade, a ponto de fazer com que acredite em mentiras apresentadas como verdades? Com que argumentos convencem autoridades – que deveriam estar sempre ao lado da verdade e da justiça -, a cometerem a atrocidade de condenar inocentes e inocentar culpados? Quais as fontes geradoras dos recursos utilizados para alcançarem seus objetivos? Por fim, em que acreditam e o que almejam tais homens? Parece-nos almejarem o poder de controlar nações e povos por meio da financeirização, disponibilizando a elas recursos imensos que jamais poderão ser pagos, o que as tornará eternas devedoras sujeitas aos desmandos do mercado financeiro internacional.

Guardadas as devidas proporções, o mesmo “projeto” se aplica no mercado doméstico onde trabalhadores são induzidos a consumirem cada vez mais, utilizando financiamentos com juros altíssimos e impagáveis. Estamos diante da velha usura, que transforma o trabalhador assalariado, o pequeno agricultor, o micro e pequeno empresário, o trabalhador autônomo em eternos escravos financeiros. O quadro se torna ainda pior quando estes devedores têm suas dívidas cobradas judicialmente e são obrigados a venderem algum bem que possuam, ou entregá-lo ao credor como pagamento de uma dívida que, nas maioria das vezes, já foi paga restando os juros aplicados sobre juros. De novo, a usura posta em prática.

Olhando em todas as direções, procurando entender o porquê da existência de tanta miséria no mundo, podemos inferir que o sistema financeiro é o grande culpado. Melhor dizendo, são culpados os homens que controlam este sistema.

A eles, tem falado em alto e bom tom – como faziam os antigos profetas dos quais nos fala a Bíblia: Amós, Isaías, Miquéias, Oséias, Sofonias, Jeremias, Elias -, o profeta do nosso tempo: Papa Francisco.

Com sua humildade e sinceridade, Francisco tem chamado a atenção para o caminho que a humanidade está sendo obrigada a seguir devido às imposições feitas por esta economia assassina, que não resultará em outra coisa senão em uma catástrofe universal, que atingirá não somente os seres humanos, mas a “Mãe Terra” e tudo que nela existe: “…digamos NÃO a uma economia de exclusão e desigualdade, em que o dinheiro reina em vez de servir. Esta economia mata, esta economia exclui, esta economia destrói a Mãe Terra”, brada o Sumo Pontífice por onde passa.

Tendo em seu coração a certeza de que, se nada for feito levando-se em conta a urgência requerida, de 26 a 28 de março de 2020, o evento intitulado “Economia de Francisco” será realizado em Assis, uma iniciativa para a qual são chamados a participar jovens economistas, empresários e empresárias de todo o mundo. “Estou escrevendo para convidá-los a uma iniciativa que tanto desejei: um evento que me permita conhecer quem hoje está se formando e está iniciando a estudar e praticar uma economia diferente, que faz viver e não mata, inclui e não exclui, humaniza e não desumaniza, cuida da criação e não a depreda.”

Diante das iniciativas proféticas de Francisco, das ações impetradas ao longo do tempo pelos profetas bíblicos, perguntamos:

Onde estão os cristãos que defendem a criação do Deus da Vida?

Onde estão as comunidades religiosas e laicas que seguem os ensinamentos de Jesus?

Onde estão os cristãos dispostos a viver a economia de Jesus que é a da partilha de tudo com todos?

O que podemos dizer aos cristãos que defendem este sistema econômico que mata, exclui e destrói?

Ouçamos o chamado de Francisco e a ele nos juntemos nesta jornada em defesa da vida plena para todos, que nos foi legada por Jesus (Jo 10,10). Unidos em torno do Deus da Vida, não tenhamos medo de anunciar a verdade do Evangelho, de viver a partilha ensinada por Jesus, de sermos profetas em meio a humanidade, caminhando rumo a um “novo céu e uma nova terra” (Ap, 21,1).

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