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Na Arábia Saudita, oposição à monarquia é uma sentença de morte

Caso mais recente e que chocou pela barbárie envolveu a execução de 37 pessoas de minoria shiita

Mohammad Bin Salman, príncipe herdeiro da Arábia Saudita.
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É com profundo pesar e revolta que denunciamos o assassinato de 37 pessoas, entre elas 32 irmãos da comunidade xiita da Arábia Saudita, a maioria deles da zona xiita de Qatif. Foram executados no dia 23 pelo regime covarde de Ibn Salam, o príncipe herdeiro da família Saud, que usurpa o nome do islã e a cidade sagrada de Meca.

A minoria xiita constitui 15% da população na Arábia Saudita e se concentra na região produtora de petróleo.

As revoltas populares na província oriental em 2011 por liberdades democráticas foram lideradas pelos xiitas e esse foi o estopim da perseguição à população xiita do país.

As penas de morte impostas pela monarquia wahabita estão se multiplicando e são a expressão do desespero deste regime de barbárie que elimina fisicamente seus opositores, sem direito a sequer a um julgamento justo.

Este regime opressor e atrasado segue ainda assim, apesar de espalhar a barbárie na terra, sem sofrer nenhuma penalidade por parte das “potências” que se dizem guardiãs do mundo civilizado, mas que na verdade são cúmplices e fomentam esta política, quer como parte de uma estratégia política de dominação, quer como acordos econômicos sem princípios.

As execuções foram levadas a cabo publicamente nas cidades de Riad, Meca, Medina, na província de Qassin, na província oriental e também dentro de prisões espalhadas pelo país. Entre os mártires acusados de conspiração ou terrorismo haviam vários jovens, que eram menores de idade quando foram presos sob acusações inventadas de terrorismo ou conspiração.

Os acusados foram submetidos à tortura para confessarem delitos que não foram praticados. Não houve defesa nem advogado ou qualquer direito internacional garantido.

Os torturadores escreveram cartas falsas em nome dos torturados e tomaram suas digitais.

Munir Al Adam, um homem cego e surdo, durante sua sentença, segundo os documentos, diz não ter escrito nenhuma carta e que o que escreveram em seu nome era uma difamação.

Entre os executados está o xeque e professor Mohammad Al Attiyah, diretor do departamento de inglês da universidade de Jeeddah. Ele era um crítico do regime.

O alto comissariado da ONU para os direitos humanos, também a Human Rights Watch, a Anistia Internacional e vários governos condenaram o regime saudita pelas brutais execuções. Trinta e seis homens foram degolados com espada e outro foi crucificado, para que servisse como exemplo aos que ousarem desafiar a monarquia.

A ONU declarou que deve abrir uma investigação independente para esclarecer os fatos.

A Anistia Internacional assegura que o regime está preparando mais execuções a opositores bem como aos que pedem mais liberdade de expressão

As execuções a opositores duplicaram em 2018 desde que o príncipe herdeiro Mohammad bin Salman al Saud assumiu o poder em 2017.

Enquanto em 2018 o regime decapitou 149 pessoas, este ano já cortou a cabeça de 105 pessoas, homens e mulheres opositores da monarquia, fiel aliada histórica dos britânicos, das multinacionais de petróleo, dos Estados Unidos e agora de Trump e os interesses do imperialismo no Oriente Médio.

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