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Ateus, agnósticos e os dogmas da religião institucionalizada

A religião terminologicamente sistematizada às vezes pode causar danos a si mesma. Como isso pode acontecer?

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Desde que comecei a escrever neste blog, os artigos foram sendo interligados em termos de seus temas. Não foi algo proposital, mas uma coincidência boa. Normalmente, procuro um autor ou algum estudo em que eu consiga me basear para escrever.

Neste texto, irei me referir ao artigo sobre a ascensão de não-religiosos. Após a publicação, fui atrás e li os comentários dos leitores nas redes sociais sobre o que se tratava no artigo. Muitos diziam que era graça de Deus as pessoas saírem da religião, e eu acho que neste sentido os leitores pensaram que fosse apenas o islam a religião da qual as pessoas se afastavam. Alguns outros tratavam da “descoberta” da ilogicidade da religião. Na minha opinião, esta segunda opção entendeu bem melhor o que o artigo queria tratar.

Há muito tempo, como eu já dissera outras vezes, penso se o ambiente religioso em que se vive afeta a religiosidade ou não-religiosidade dos indivíduos. Atualmente, a minha inquietude é mais no sentido das causas do ateísmo. Aqui trago a minha problemática: todos os ateus e agnósticos são realmente ateus ou alguns fogem de alguma repressão do âmbito religioso que eles enfrentam? Será que é ateísmo ou agnosticismo mesmo ou rejeição da religião institucionalizada? A questão é muito profunda, não há como respondê-la de forma clara em um artigo de blog. Aliás, o tema merece um estudo objetivo e profundo.

Como um religioso, eu sou a favor da “religião institucionalizada”. Como um pesquisador da religião também, pois é ali que eu busco o meu conhecimento concreto sobre as religiões. Mas quando digo a “religião institucionalizada”, não trato apenas de prédios. Trato de assuntos sistematizados, como questões jurisprudenciais.

A religião terminologicamente sistematizada às vezes pode causar danos a si mesma. Como isso pode acontecer? A religião sistematizada e monopolizada a uma só classe pode levar alguns a não a adotar. Muitas vezes, o que analisamos é que trata-se mais de assuntos elaborados por um religioso do que a própria mensagem.

Steffen Dix afirma que o ser humano tem tendência a acreditar em seres supranaturais. Por isso não é fácil tirar dele isso, que consta em sua natureza. Porém, muitas vezes o rígido sistema aplicado por religiosos, com base em regras ou legislações feitas num tempo antigo, leva os indivíduos a não o seguir. Por isso é que, como tentei analisar no artigo “Por que o número de não-religiosos está em ascensão?” o porquê de as pessoas se afastarem da religião. Como vimos lá, a análise se baseou em sociedades majoritariamente islâmicas, levando em conta que há outros grupos religiosos também. Contudo, as últimas notícias que eu tenho lido e testemunhas pessoais me levam a entender que isto não se especifica às sociedades orientais. Tal caso acontece também com as sociedades ocidentais.

A minha hipótese, neste sentido, é que, no caso de alguns ateus, não podemos dizer que eles são ateus porque não acreditam em Deus, mas sim, são ateus que não acreditam no deus do religioso que não sabe lidar com os problemas contemporâneas e tenta resolvê-los por meio de decisões/legislações religiosas feitas séculos atrás. Sem querer arrumar briga com os meus amigos e irmãos religiosos, afirmo que isso vale só para aqueles que não gostam de novidades na esfera religiosa.

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