Augusto Diniz | Música brasileira

Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.

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Nei Lopes: Temos que lutar para desconstruir o edifício da exclusão

Compositor e estudioso da diáspora africana no Brasil diz que perseguição à religião afro tem base na massificação de outras doutrinas

Foto: Ierê Ferreira/Divulgação
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Nei Lopes tem a sua obra, tanto literária como musical, marcada por valorizar e esclarecer a presença negra no Brasil. É um contraponto importantíssimo e essencial à insistência de apagamento da história africana no País. 

“Há certo receio, desde o século XIX, dessa insatisfação se tornar uma insubordinação. As consequências seriam a perda da hegemonia por parte dessas elites que se sucedem no comando do País”, afirma o cantor, compositor e escritor a CartaCapital“O que se quer de reparação é a inclusão, não a posição de tomar o poder. Não acredito que passe na cabeça de qualquer militante da cultura afro-brasileira isso. A gente quer é espaço”. 

O estudioso diz ainda que a representatividade precisa ser conquistada. “Uma sociedade – mal ou bem – democrática como a nossa, pode conquistar (a representatividade) através do trabalho, da coesão e, se possível, nas urnas”, reforça. “Tem que lutar para descontruir esse edifício de exclusão para conseguir a inclusão”.

Lopes afirma que foi buscar desde criança conhecer a história de seus ancestrais e as raízes do racismo. Isso o ajudou a construir sua obra. 

Sobre a perseguição às religiões afros no Brasil, ele diz que nunca viu representante de culto africano fazer proselitismo. “Há uma percepção de que nossa presença é obstáculo à expansão das outras possibilidades religiosas. É isso que está acontecendo”, ressalta, acrescentando que outras religiões buscam massificação para crescer. 

O escritor ganhou recentemente o título de Doutor Honoris Causa na UFRJ e UERJ. Com 80 anos completados em maio último, 2022 tem sido marcado por uma série de atividades em torno do pensador da cultura africana. 

Neste ano, o artista lançou o segundo volume do Dicionário de História da África, escrito em parceria com o professor José Rivair  Macedo, da UFRGS, e também lançou o livro infanto-juvenil As Viagens de Simba Jazíri.

Tem uma biografia sua escrita por Luiz Antônio Simas, Diogo Cunha e André Diniz para sair até o final do ano. Tem ainda o livro Academia de Letras, organizado pelo cineasta Marcus Fernando, contendo cerca de 350 letras de canções suas, já gravadas e outras inéditas. Lopes ainda lançará um livro de poemas chamado Oitentáculos.

Existe um trabalho sendo feito por Alfredo Del Penho com gravação de músicas de Nei Lopes. A cantora Fabiana Cozza apresenta músicas inéditas dele em novo disco. Sai ainda neste ano um EP seu, com seis sambas  inéditos. Por fim, ele participa de uma antologia de contos tradicionais africanos, a ser publicada em breve.  

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