Augusto Diniz | Música brasileira

Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.

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DJ experiente, Meme aplaude divisão de autoria musical com produtor

Desde 1980 atuando em importantes trabalhos do pop e no rock nacional, o DJ-produtor lança novo álbum à altura de sua história

Foto: Divulgação
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Na década de 1980, Marcello Mansur realizava discotecagem e, pouco tempo depois, passou a fazer remix do pop e do rock nacional, que ganhavam novo impulso no cenário musical. Já conhecido nos anos 1990 como DJ Meme, passou a produzir discos, como de Lulu Santos e da banda Barão Vermelho.

Por conta da ampla atuação, se tornou referência na realização e execução de música. Nesse tempo, fez seu próprio álbum: Meme e Eles (1999). “Era um encontro de amigos”, diz.

Agora, o DJ Meme lança Som Bacana! (Sony Music), com técnicas de gravação, edição e mixagem conquistada com a longa bagagem. O trabalho é mais um exemplo de sua competência no estúdio e na pickup. Uma das grandes produções do ano.

“O trabalho saiu a partir das raízes da minha educação musical. Jazz, bossa nova, soul e disco [gênero musical] foram a trilha sonora da minha casa todos os dias e eu sempre quis reproduzir isso à minha maneira, só não tinha culhão para tal feito”, conta. “Não me sentia pronto nem experiente o suficiente, mas o dia chegou”.

O novo disco de Meme tem bom gosto, não há malabarismos eletrônicos e os arranjos são exatos nesse álbum de 10 faixas. O toque é forte de bossa nova numa levada dançante e sonora. O DJ abre o disco com releitura do instrumental Maria Fumaça, clássico da Banda Black Rio.

Em Estrelar (Marcos Valle, Paulo Sérgio Valle e Leon Ware), a voz viva de Cris Delanno, que canta ainda na faixa seguinte Calçadão, música dela com Meme e o tecladista Alex Moreira. O trabalho segue com Paraíso na voz doce de Hanna Kimmelblat, também de autoria de Meme. 

Em Fonseca Rhime, de Celso Fonseca, um breve requinte musical com vocalize do guitarrista. Já Morena de Ipanema (Nelson Motta e DJ Meme) aparece na voz de Deise Cipricano. Em Planadores, de Lulu Santos, Celso Fonseca e Marcos Valle, os autores da canção dançante interpretam o som. Em Diga Que Sim (DJ Meme e Gabriel Moura), um sonzaço, tem a participação da jovem cantora Adora.

Femme Fatale, de Meme, do DJ italiano Danny Losito e do inglês Kareem Shabazz, é a penúltima faixa. O disco encerra com Eva (Lincoln Olivetti, Robson Jorge e Ronaldo Barcellos), homenagem de Meme ao seu ídolo, Lincoln Olivetti. O maestro havia feito as bases no teclado antes de morrer. O DJ a aproveitou agora numa exuberante recriação. Som Bacana! é um disco de alto nível sonoro.

Produtor-compositor 

O DJ hoje mudou muito do que era no inicio da carreira de Meme. “Quando comecei, o DJ tocava atrás de um bar, ao lado da pia ou numa cabine de som onde nunca era alvo de olhares”, lembra. “Hoje, esperam que a gente tire um coelho da cartola, e é por isso que muitos rebolam e soltam faíscas ao tocar. Prefiro o caminho do coração do público por meio da música. Esse é meu lema”.

De alguns anos para cá, produtores passaram a assinar a composição, principalmente em trabalhos de músicos do rap e funk. Segundo ele, a composição ganhou uma escala maior quando os produtores passaram a adornar as músicas com sua própria personalidade, agregada ao som do artista. 

“Em muitos casos, o trabalho de arranjo e mixagem de um produtor específico influencia diretamente no sucesso da canção”, afirma. “Como atualmente a matemática para pagar um produtor ficou confusa e abaixo do merecimento, pois clicks [ou likes nas plataformas sociais na internet] não correspondem à venda de álbum e o produtor sequer entra na lista de pagamento de execução pública, muitos passaram a condicionar o seu trabalho à divisão da autoria do que produzem”.

Meme vê isso como uma saída. “Acho que o combinado não sai caro e muitos artistas também acham isso justo”, avalia. Para o DJ, essa discussão não deve acabar tão cedo, principalmente nos círculos onde os interessados não estão presentes. “Para os que olham de longe e não compreendem sobra hostilização sem conhecimento de causa”.

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