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Vitória de Trump deixa chineses atônitos mas otimistas

As tensões entre Washington e Pequim são recorrentes em temas como cibersegurança e política econômica chinesa

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Por Becky Davis e Ben Dooley, de Pequim 

Nesta quarta-feira 9, os chineses receberam a vitória de Donald Trump com uma mistura de otimismo e surpresa, sem saber como ele tratará seu país quando chegar à Casa Branca.

Na China não se celebram eleições livres e pluralistas. Entretanto, muitos habitantes de Pequim que acompanham a mídia americana e as redes sociais compartilharam o desconforto na medida que a vitória de Trump se consolidava.

Na embaixada dos Estados Unidos em Pequim, duas salas cheias abrigaram os que queriam acompanhar ao vivo a contagem dos votos pelas redes de televisão americanas.

Muitos deles acreditam que o magnata dará prioridade às relações econômicas com a China em vez de fazer críticas sobre os direitos humanos, ao contrário de sua rival, a ex-secretária de Estado Hillary Clinton.

Durante a campanha, Trump prometeu impor uma tarifa de 45% aos produtos fabricados na China. Mas a professora Zhang Meiyang acha que “haverá uma política externa amistosa em relação à China”.

Ren Hong, estudante de 36 anos, declarou à AFP que Trump lhe parecia “amigável, mas também agressivo”. “Poderá ser um bom presidente” para os americanos, não tanto para os chineses, afirma.

“Acho que empreenderá ações que não serão boas para a China, mas é uma boa ocasião para os dois países de construir uma nova relação”, opina.

As tensões entre Washington e Pequim são recorrentes sobre temas como cibersegurança, política econômica chinesa e até mesmo as disputas por influência no mar da China meridional.

O presidente chinês Xi Jinping disse estar “impaciente” por trabalhar com Donald Trump “sem confrontação” e “em virtude do princípio do respeito mutuo”, em um telegrama de felicitação ao presidente eleito dos Estados Unidos.

‘A China tem sorte!’

Na “cafeteria do poente”, um estabelecimento badalado do bairro estudantil de Wudaokou, em Pequim, os clientes comiam panini e salada enquanto acompanhavam os resultados das eleições nas plataformas de vídeo em streaming.

“Não se sabe muito bem em quem confiar, então vejo isso mais como um espetáculo e acompanho a contagem sem me preocupar com o resultado”, declara Ariel Zhang, de 30 anos.

Liu Xiaofan, estudante de piano de 24 anos, se pergunta se os americanos refletiram antes de votar: “Continuam dizendo que Trump vai inaugurar uma nova era, mas muito não entendem”.

Em Xangai, diante do templo Jing An, Dai Liyan, uma transeunte, prevê tempos sombrios para a economia. “O resultado da eleição influenciará o mercado. Se o presidente tem uma imagem ruim, o dólar se desvalorizará. Um amigo já comprou ouro para limitar os riscos”.

Muitos internautas acreditam, pelo contrário, que a mudança de presidente será para o seu país. Em outubro, o presidente filipino Rodrigo Duterte, cujo país é aliado de Washington, deu uma reviravolta diplomática e anunciou uma aproximação de Pequim.

“Não posso evitar pensar que a China tem realmente sorte!”, resumiu um usuário da popular rede social chinesa Sina Weibo.

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