Sociedade

PM paulista defende ação através de e-mail ‘para amigos’

Corporação, protagonista de operações polêmicas nos últimos meses, investe em campanhas de comunicação para melhorar imagem

Policiais se armam contra moradores. Foto: Felipe Milanez
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A Polícia Militar de São Paulo se especializou em protagonizar episódios marcados por críticas à estratégia a qual se utiliza para resolver problemas. Nos últimos meses, foram ao menos três casos em que a instituição foi acionada para resolver impasses com o uso da força. Em novembro, 200 soldados executaram a reintegração de posse na reitoria da USP, ocupada por 70 estudantes. No início de janeiro, a operação da cracolândia estampou a capa dos jornais. No domingo 22, a execução do despejo no assentamento Pinheirinho instalou mais uma onda de protestos contra a corporação.

Criticada por setores da sociedade civil pelo uso abusivo da violência, a PM se justifica em todos eles com o argumento de que apenas obedece a ordens. Mesmo com a consciência limpa, no entanto, a instituição anda preocupada com a própria imagem e tem recorrido às redes sociais para lavar as mãos.

Na manhã da quinta-feira 26, por exemplo, a corporação disparou um e-mail aos “amigos da Polícia Militar” e lotou a caixa de entrada de jornalistas com explicações sobre a ação no Pinheirinho. Por meio de um infográfico, a corporação dá seu ponto de vista sobre os últimos acontecimentos: a massa falida devia aos seus trabalhadores, acionou a Justiça para reaver a terra, os oficiais de justiça dão cumprimento à ordem, a PM é acionada para apoiar a Justiça Estadual. Simples assim.

Os resultados são 32 pessoas detidas, entre eles três foragidos, seis criminosos em flagrante delito, um veículo roubado recuperado, além de armas e bombas apreendidas. Na contabilidade, não entram os feridos – há registro de pelo menos uma pessoa, atingida por bala de borracha, mas há vídeos que mostram um senhor apanhando do cacetete de policiais –  nem as quase seis mil pessoas que ficaram sem ter onde morar. O último quadro é um terreno com um cifrão: um levantamento recente mostra que o local é avaliado em 180 milhões de reais. Por fim, um grupo de pessoas com os dizeres ao lado: Justiça – repartição dos haveres apurados pela massa.

Um pequeno texto explicativo sobre a ação acompanha as ilustrações. Nele, a PM justifica eventuais erros de conduta. “Caso algum fato tenha se desviado do respeito incondicional aos direitos humanos e às pessoas, será devidamente apurado”, diz a nota. Depois, ao explicar o planejamento da ação, esclarece que dentre as pessoas de bem, havia na região traficantes e criminosos prejudiciais à própria comunidade do Pinheirinho.

“Outro ponto que causou preocupação da Polícia Militar foi os preparativos para o enfrentamento observado por alguns moradores, exibindo pontaletes, barricadas de madeiras e pneus, tudo para resistir à ordem judicial”, diz. Segundo o jornal Folha de S. Paulo, policiais se infiltraram na comunidade na semana que antecedeu o despejo e localizaram o esconderijo das armas. Na operação, foi a primeira coisa confiscada. Links para as fotos do exército de moradores, equipados com capacetes, pedaços de lata como escudo e paus e foices, ilustram “a disposição reativa, e até criminosa, demonstrada por manifestantes armados e preparados para o confronto”, a despeito, segundo a PM, de “declarações falaciosas propaladas por pessoas descomprometidas com os reais valores democráticas, que tentam macular a ação legítima realizada pelos policiais militares”, segundo a explicação da mensagem eletrônica.

O texto destaca o apoio de instituições irmãs, como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o Tribunal de Justiça de São Paulo e disponibiliza links para matérias publicadas no site do jornal O Globo e Jornal do Brasil, com repercussão de declarações da própria PM, sinalizando o reconhecimento do apoio da imprensa. E finalizam com os valores de legalidade que regem seus 180 anos de existência. “E assim sempre será”.

O procedimento foi o mesmo na “Operação Integrada Centro Legal”, que tinha o intuito de quebrar o esquema do tráfico na cracolândia e obrigar as pessoas a se internarem com a estratégia da dor e do sofrimento. Além do e-mail explicativo, a comunicação da PM criou contas no Twitter, Facebook, Flickr, YouTube e até um blog. Na mensagem, um convite às pessoas utilizares a frase “Eu apoio esta ação” em seus próprio perfis e um link para quadros explicativos, com a conclusão “Porque foi um sucesso” e imagens de antes (pessoas caminhando nas ruas da cracolândia) e depois (pessoas uniformizadas, assistindo a uma palestra). E um quadro com números sobre as apreensões, internações, encaminhamentos, prisões e atendimentos.

Nas respectivas páginas, mensagens de exaltação e apoio à instituição por parte dos internautas. “A Polícia Militar é uma das poucas instituições sérias deste país”, por exemplo. Alguns comentários são mais incisivos e fazem ataques à onda “esquerdopata” que se opõe a PM, só porque vez ou outra “tem de engolir o baseado”. Raramente, posições contrárias à sua ação.

A Polícia Militar de São Paulo se especializou em protagonizar episódios marcados por críticas à estratégia a qual se utiliza para resolver problemas. Nos últimos meses, foram ao menos três casos em que a instituição foi acionada para resolver impasses com o uso da força. Em novembro, 200 soldados executaram a reintegração de posse na reitoria da USP, ocupada por 70 estudantes. No início de janeiro, a operação da cracolândia estampou a capa dos jornais. No domingo 22, a execução do despejo no assentamento Pinheirinho instalou mais uma onda de protestos contra a corporação.

Criticada por setores da sociedade civil pelo uso abusivo da violência, a PM se justifica em todos eles com o argumento de que apenas obedece a ordens. Mesmo com a consciência limpa, no entanto, a instituição anda preocupada com a própria imagem e tem recorrido às redes sociais para lavar as mãos.

Na manhã da quinta-feira 26, por exemplo, a corporação disparou um e-mail aos “amigos da Polícia Militar” e lotou a caixa de entrada de jornalistas com explicações sobre a ação no Pinheirinho. Por meio de um infográfico, a corporação dá seu ponto de vista sobre os últimos acontecimentos: a massa falida devia aos seus trabalhadores, acionou a Justiça para reaver a terra, os oficiais de justiça dão cumprimento à ordem, a PM é acionada para apoiar a Justiça Estadual. Simples assim.

Os resultados são 32 pessoas detidas, entre eles três foragidos, seis criminosos em flagrante delito, um veículo roubado recuperado, além de armas e bombas apreendidas. Na contabilidade, não entram os feridos – há registro de pelo menos uma pessoa, atingida por bala de borracha, mas há vídeos que mostram um senhor apanhando do cacetete de policiais –  nem as quase seis mil pessoas que ficaram sem ter onde morar. O último quadro é um terreno com um cifrão: um levantamento recente mostra que o local é avaliado em 180 milhões de reais. Por fim, um grupo de pessoas com os dizeres ao lado: Justiça – repartição dos haveres apurados pela massa.

Um pequeno texto explicativo sobre a ação acompanha as ilustrações. Nele, a PM justifica eventuais erros de conduta. “Caso algum fato tenha se desviado do respeito incondicional aos direitos humanos e às pessoas, será devidamente apurado”, diz a nota. Depois, ao explicar o planejamento da ação, esclarece que dentre as pessoas de bem, havia na região traficantes e criminosos prejudiciais à própria comunidade do Pinheirinho.

“Outro ponto que causou preocupação da Polícia Militar foi os preparativos para o enfrentamento observado por alguns moradores, exibindo pontaletes, barricadas de madeiras e pneus, tudo para resistir à ordem judicial”, diz. Segundo o jornal Folha de S. Paulo, policiais se infiltraram na comunidade na semana que antecedeu o despejo e localizaram o esconderijo das armas. Na operação, foi a primeira coisa confiscada. Links para as fotos do exército de moradores, equipados com capacetes, pedaços de lata como escudo e paus e foices, ilustram “a disposição reativa, e até criminosa, demonstrada por manifestantes armados e preparados para o confronto”, a despeito, segundo a PM, de “declarações falaciosas propaladas por pessoas descomprometidas com os reais valores democráticas, que tentam macular a ação legítima realizada pelos policiais militares”, segundo a explicação da mensagem eletrônica.

O texto destaca o apoio de instituições irmãs, como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o Tribunal de Justiça de São Paulo e disponibiliza links para matérias publicadas no site do jornal O Globo e Jornal do Brasil, com repercussão de declarações da própria PM, sinalizando o reconhecimento do apoio da imprensa. E finalizam com os valores de legalidade que regem seus 180 anos de existência. “E assim sempre será”.

O procedimento foi o mesmo na “Operação Integrada Centro Legal”, que tinha o intuito de quebrar o esquema do tráfico na cracolândia e obrigar as pessoas a se internarem com a estratégia da dor e do sofrimento. Além do e-mail explicativo, a comunicação da PM criou contas no Twitter, Facebook, Flickr, YouTube e até um blog. Na mensagem, um convite às pessoas utilizares a frase “Eu apoio esta ação” em seus próprio perfis e um link para quadros explicativos, com a conclusão “Porque foi um sucesso” e imagens de antes (pessoas caminhando nas ruas da cracolândia) e depois (pessoas uniformizadas, assistindo a uma palestra). E um quadro com números sobre as apreensões, internações, encaminhamentos, prisões e atendimentos.

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