Sociedade

Jovens e autoritários

Pesquisa do Núcleo de Violência mostra ser cada vez menor o número de pessoas que rejeitam métodos como tortura para combater o crime

Foto: Galeria de GorillaSushi/Flickr
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“Bandido não merece carinho nem dó, merece ser torturado”. As pessoas que falam frases como essa não estão isoladas. Pelo contrário: a tortura é cada vez mais tolerada no país.

A quantidade de brasileiros que desaprovam a tortura diminuiu nos últimos 11 anos, segundo pesquisa do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (NEV/USP) divulgada nesta terça-feira 5. O estudo foi realizado em 11 capitais com 4.025 pessoas e mostrou um quadro desalentador sobre valores da população em relação à violência e aos direitos humanos.

O estudo perguntou se “os tribunais podem aceitar provas obtidas através de tortura”. Em 1999, 71,2% das pessoas discordavam da frase. O número caiu para 52,5% em 2010. Ou seja:  metade dos entrevistados assume tolerar a prática. Mais: segundo a pesquisa, “quanto mais jovem o entrevistado maior parece ser a tendência a apoiar o uso de práticas de tortura”.

A ala do “bandido bom é bandido morto” também é grande. Quase 40% dos entrevistados acham que estupradores deveriam receber pena de morte; outros 34,26% acham que eles merecem a prisão perpétua. A justiça pelas próprias mãos também é desejada quando se fala de estupro. Um quarto dos entrevistados diz que uma pessoa deveria poder matar o estuprador da sua filha.

 

Um grupo menor é o das pessoas que compartilham correntes no Facebook como “na China, político que rouba é morto, por que não é assim no Brasil?”. Quase 10% dos entrevistados acham que corruptos merecem a pena de morte.

Um alento da pesquisa é o fato de a maioria das pessoas achar que a polícia deve “interrogar sem violência”. Ainda sim, 32,3% dos entrevistados concordam que a polícia poderia “bater”, “dar choques ou queimar com ponta de cigarro”, “ameaçar membros da família” ou “deixar sem água ou comida” os suspeitos de uso de drogas.

Atira, mas não mata

Segundo 5,4% dos entrevistados, a polícia deve “atirar e matar” em caso de uma rebelião em presídio. Outros 27,98% acham que a polícia deve atirar, mas não matar.

O número daqueles que acham que sem-terra deveriam ser mortos é menor: 1,1% da população acha que polícias devem atirar e matar em ocupações do MST.

“Bandido não merece carinho nem dó, merece ser torturado”. As pessoas que falam frases como essa não estão isoladas. Pelo contrário: a tortura é cada vez mais tolerada no país.

A quantidade de brasileiros que desaprovam a tortura diminuiu nos últimos 11 anos, segundo pesquisa do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (NEV/USP) divulgada nesta terça-feira 5. O estudo foi realizado em 11 capitais com 4.025 pessoas e mostrou um quadro desalentador sobre valores da população em relação à violência e aos direitos humanos.

O estudo perguntou se “os tribunais podem aceitar provas obtidas através de tortura”. Em 1999, 71,2% das pessoas discordavam da frase. O número caiu para 52,5% em 2010. Ou seja:  metade dos entrevistados assume tolerar a prática. Mais: segundo a pesquisa, “quanto mais jovem o entrevistado maior parece ser a tendência a apoiar o uso de práticas de tortura”.

A ala do “bandido bom é bandido morto” também é grande. Quase 40% dos entrevistados acham que estupradores deveriam receber pena de morte; outros 34,26% acham que eles merecem a prisão perpétua. A justiça pelas próprias mãos também é desejada quando se fala de estupro. Um quarto dos entrevistados diz que uma pessoa deveria poder matar o estuprador da sua filha.

 

Um grupo menor é o das pessoas que compartilham correntes no Facebook como “na China, político que rouba é morto, por que não é assim no Brasil?”. Quase 10% dos entrevistados acham que corruptos merecem a pena de morte.

Um alento da pesquisa é o fato de a maioria das pessoas achar que a polícia deve “interrogar sem violência”. Ainda sim, 32,3% dos entrevistados concordam que a polícia poderia “bater”, “dar choques ou queimar com ponta de cigarro”, “ameaçar membros da família” ou “deixar sem água ou comida” os suspeitos de uso de drogas.

Atira, mas não mata

Segundo 5,4% dos entrevistados, a polícia deve “atirar e matar” em caso de uma rebelião em presídio. Outros 27,98% acham que a polícia deve atirar, mas não matar.

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